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domingo, 31 de julho de 2011

NEM TODOS OS CÃES SÃO DE BARRO (3)


                                                     reconstruído do meu CAÇADOR DE RELÂMPAGOS"

... enquanto aquele anjo permanecer nas areias, bem pode o vento soprar.

- O cão ou o velho?

Lentos, trôpegos, com os pés a tracejarem  caminhos de sempre, todos os dias aquelas almas percorriam memórias.
O cão mais velho que o dono  - era o guia, a sua bengala de cego. 
Pela orla da praia, desde a gruta onde viviam até à colossal duna, abrupta sobre as águas, as aves marinhas mergulhavam a pique - esbracejavam asas só para os salpicar - e eles lá iam , serenos, livres, sem palavras - imensos.
No ar cálido, o sussurro dos silêncios embalava-lhes os passos num concerto de maresias.

Chegados ao topo da montanha, era sempre assim. O velho afagava as orelhas do cão e o cão lambia-lhe as mãos.

Sentados nas areias respiravam infinitos - o perfume das algas. Adormeciam por instantes para logo despertarem o voo das aves. 

Ao longe, muito ao longe, inesperadamente, alguém de um barco bramou 

- Fuja - a duna vai desmoronar-se

Impertubável respondeu baixinho - para não acordar o cão

- A duna sou eu?



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