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domingo, 24 de julho de 2011

 

Os reis do All…garve

Com a lava fervente sob os nossos pés e as agulhas dos sismógrafos a darem sinais de orientação de fatalidade, a ordem político-partidária institucionalizada do país, durante quase três anos, concertou-se sob a ocultação, o medo da reacção social sobre a culpa e o pedido externo de socorro.


Com um novo Governo PSD/CDS e a muleta parlamentar do PS em gestão sobre escombros financeiros do Estado, por ordem externa, todos os dias vamos conhecendo as medidas recessivas para a economia e a vida dos portugueses, a par dos rebentamentos dos vários sectores da estrutura empresarial, pública ou privada, atolada em dívidas aterradoras.

No Algarve, uma das proeminências da gestão turística de vacas gordas, grande impunidade e com o Sol a gerar lucros extraordinários e sem preocupações com a planificação futura, o senhor André Jordan deu o alerta sobre a insalubridade e os perigos de ruína do sector em companhia do imobiliário, cujo montante conjunto de dívidas ascende a 50 mil milhões e supera a metade do empréstimo contratado com o FMI/BCE/EU.

Debaixo do véu diáfano do Estado e da sua gestão política, foi um fartar de aproveitamento de todo o tipo de instrumentos (leis, PIN, créditos baratos, subsídios, flexibilidade nos incumprimentos e mão-de-obra importada e barata), fazendo concentrar toda a atenção sobre a actividade turística em detrimento de todos os outros sectores, satisfazendo até as metas de uma União Europeia para a destruição das pescas, agricultura e indústrias de sustentação regional.

A oportunidade do anúncio que representa o nó górdio involuntário da Banca sobre o derramamento de dinheiro, tem o sentido de reclamar mais atenções e as indispensáveis facilidades para o gozo do pagamento conforme disponibilidades (?!), salvaguardando os patrimónios pessoais e empresariais. É a continuação do reinado, agora debaixo da ameaça do caos dos despedimentos, salários em atraso ou encerramentos fraudulentos.

Com o ano turístico praticamente perdido, não é por acaso este aviso no inicio da consignada “época alta”. As tesourarias que normalmente recorrem à Banca, preparam já os efeitos devastadores da quebra da procura e das receitas. Nem a baixa generalizada de preços alterou o curso dos acontecimentos, estando as consequências aprazadas para Outubro e seguintes.

Se a chantagem deste sector do capital não for ouvida, como tudo indica na situação política e financeira do país que vive de “esmolas” bem caras, os problemas com que nos debatemos conhecerão um agravamento insustentável e de repúdio social.

Os sindicatos e as organizações dos trabalhadores conhecem a degradação e os seus ensaios terão de ir para além dos apelos e dos memorandos reivindicativos. Este Governo e os próprios empresários do sector sabem que a gravidade do momento vai determinar os piores cenários… para o lado dos trabalhadores e das famílias.

Com o serviço público prestado em degenerescência acentuada, da Saúde e assistência ao Ensino e transportes, com o custo de vida e os impostos em escalada sobre os salários e as reformas, as populações do país e da região estão encurraladas entre aceitar custos que não contraíram e lutar por um Governo e uma política democrática ao serviço do desenvolvimento colectivo.

Os reis do All… garve, Jordan e Cª e os políticos que com eles voaram e os serviram, têm as mãos mergulhadas no sofrimento e falta de rumo da região, como se contradizem na opacidade e na publicada angústia das suas responsabilidades…

Os 50 mil milhões de buracos e outros que se vêm revelando, não são para levar a sério porque o Governo da República já tem planos para quem os deve pagar!


Luis Alexandre
A defesa de Faro

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