Milão vai ter o "maior cavalo do mundo". Gigantesco, oito metros de altura, e em bronze. O sonho era de Da Vinci, mas só será concretizado 500 anos depois por causa de um piloto americano que, ao ler uma reportagem na "National Geographic", soube da tristeza de Leonardo por nunca ter edificado a estátua. Após as mais recambolescas histórias e mistérios, sobretudo em torno dos primeiros projectos, que datam de 1499, uma pergunta paira no ar: será mesmo o cavalo que Da Vinci imaginou?
Antes de morrer, Leonardo da Vinci lamentou duas coisas: não ter voado e não ter acabado a construção do maior cavalo do mundo.
Agora, 500 anos depois, "Il Cavallo", uma estátua de bronze de oito metros de altura, vai ser inaugurada em Milão como oferta dos Estados Unidos.
É uma prenda, mas sobretudo uma homenagem ao Renascimento, a Da Vinci - o "mais grandioso universalista" - e ao cavalo, "que há séculos transporta homens e mensagens", diz a Leonardo da Vinci's Horse Inc., uma empresa sem fins lucrativos criada em 1978 para desenvolver o projecto.
A ideia de voltar a construir o cavalo nasceu em 1977, quando Charles Dent, um piloto americano da TWA, leu na revista "National Geographic" um artigo sobre a tristeza de Da Vinci.
Respondendo a uma encomenda do Duque de Milão, Ludovico Sforza, Da Vinci desenhou o que seria o maior cavalo do mundo, a ser construído em bronze e através de uma técnica revolucionária.
O projecto avançou e, após várias miniaturas, Da Vinci fez um modelo em barro à escala real, que expôs nas vinhas do palácio do duque.
Mas seis anos depois, a 10 de Setembro de 1499, as tropas francesas invadiram Milão e um grupo de arqueadores acampado ao pé da propriedade usou a estátua como alvo para... treino de pontaria.
O cavalo ficou em pedaços e, pior, o bronze reservado para a estátua foi usado para fazer canhões. Da Vinci fugiu para França, os moldes e esboços perderam-se e 17 anos depois, em 1519, morreu.
Quando Charles Dent - que além de piloto era coleccionador de arte, escultor e fascinado pela Renascença - leu a história sobre o sonho de Da Vinci decidiu "devolver a Leonardo o seu cavalo".
No ano seguinte, fundou a empresa e começou a angariar fundos.As primeiras maquetes, em cera e barro, foram feitas em 1985 e, com o passar dos anos, os escultores e historiadores que se voluntariaram para o projecto multiplicaram-se.
Em 1992, foi feito um modelo com três metros.Dent contratara, entretanto, a Fundação de Arte de Tallix, em Beacon, uma pequena cidade a 100 quilómetros de Nova Iorque, para executar a obra, e os fundos ultrapassavam os quatro milhões de dólares.
O cavalo ia, finalmente, ser feito. Em 1994, aos 77 anos, Charles Dent descobriu que tinha a doença de Lou Gehrig e - como Da Vinci - morreu, no dia de Natal, sem ver a estátua terminada.Recuperada do choque e executando o testamento de Dent, a organização continuou a trabalhar sob a direcção do sobrinho, Peter Dent, e em 1996 enviou um modelo final, em gesso, para a Tallix.
O cavalo ficou pronto meses depois, mas ainda faltavam três anos para, de facto, existir: o comité de historiadores e artistas da Leonardo's Horse Inc. considerou a anatomia "esquisita" e a posição da cabeça "errada", acabando por rejeitar a estátua.
Foi então que a escultora Nina Akamu entrou na história. Akamu viveu 12 anos em Itália e, além disso, monta e treina cavalos. Considerada a escolha ideal, foi convidada a fazer um modelo inteiramente novo.
Como base, Akamu tinha os desenhos de Da Vinci entretanto recolhidos em Itália, França e Espanha (a Biblioteca Nacional de Madrid foi o último local onde se descobriram esboços, em 1966).
Mas os desenhos sobreviventes e as notas não tinham ordem nem cronologia sistematizadas.
O único desenho directamente relacionado com a estátua "é do tamanho de um selo", disse ao PÚBLICO Jorge Arango, porta-voz da Tallix.
"E não sabemos sequer se foi feito no início do projecto ou no fim."Ou seja, ninguém sabe como é que Leonardo da Vinci queria o seu cavalo ou qual a posição final. A opção escolhida foi um cavalo soerguido, com apenas duas patas a tocar o solo."O cavalo não é uma recriação do 'Il Cavallo' de Leonardo e nunca poderia ser", tem repetido a escultora. "E não é uma obra de arte da Renascença.
É uma escultura contemporânea fiel ao carácter e ao espírito de Leonardo."O que Akamu mais usou foi "o movimento e a postura que Leonardo tinha pensado", disse Arango. "Mas é impossível saber. Ele fez tantos desenhos de cavalos! Uns são ferozes, outros benignos..."Em relação à técnica, não há qualquer dúvida de que a escolhida não foi a de Da Vinci, que queria despejar o bronze sobre a escultura de uma só vez.
Os engenheiros de hoje, porém, defendem que isso é impossível, citando sobretudo a dificuldade em manter uma quantidade tão grande de bronze derretido a uma temperatura constante.Mas como em 1699 o escultor François Giradon cobriu, de uma só vez, uma estátua de bronze de Luís XIV o debate continua aberto. "Pensámos virar o cavalo de pernas para o ar e mergulhá-lo no cobre mas concluímos que, a seguir, seria impossível puxá-lo para fora", explica Jorge Arango.
O bronze acabou por ser colocado com uma máquina nas áreas maiores e à mão nas extremidades e cavidades.O "cavalo que nunca foi", como é conhecido há décadas, teria provado, diz, a genialidade de Da Vinci como escultor.
Outro mistério é saber por que razão Leonardo reservara 80 toneladas de bronze, quando, para a dimensão escolhida foram apenas usados 15.
Há quem defenda que Da Vinci queria incluir um montador ou um pedestal maciços.
A estátua final, oca, esteve em exposição pública pela primeira vez no fim-de-semana passado no terreno da Tallix e foi vista por mais de 50 mil pessoas. A procura foi tão grande que a organização adiou o início da desmontagem para terça-feira.
"Os carros não pararam de passar", disse Arango. "Especialmente à noite, quando o iluminávamos. Numa terra deste tamanho, a polícia teve que ser chamada para controlar o tráfego."A desmontagem das sete peças vai começar esta semana e, no próximo domingo, a estátua voará para Milão.
A inauguração será num centro cultural ao pé do hipódromo da cidade italiana,
A Tallix já começou a construir uma cópia para ser instalada no Frederik Meijer Gardens, um parque de esculturas em Grand Rapids, Michigan. Há também uma versão japonesa, chamada Monumento de Nagoya, em fibra de vidro.
Junto da direcção do projecto, o cavalo é visto como a Estátua da Liberdade. Além-fronteiras, é um símbolo contra a guerra e de amizade entre as nações.
Milão vai ter o "maior cavalo do mundo". Gigantesco, oito metros de altura, e em bronze. O sonho era de Da Vinci, mas só será concretizado 500 anos depois por causa de um piloto americano que, ao ler uma reportagem na "National Geographic", soube da tristeza de Leonardo por nunca ter edificado a estátua. Após as mais recambolescas histórias e mistérios, sobretudo em torno dos primeiros projectos, que datam de 1499, uma pergunta paira no ar: será mesmo o cavalo que Da Vinci imaginou?
Antes de morrer, Leonardo da Vinci lamentou duas coisas: não ter voado e não ter acabado a construção do maior cavalo do mundo.
Agora, 500 anos depois, "Il Cavallo", uma estátua de bronze de oito metros de altura, vai ser inaugurada em Milão como oferta dos Estados Unidos.
É uma prenda, mas sobretudo uma homenagem ao Renascimento, a Da Vinci - o "mais grandioso universalista" - e ao cavalo, "que há séculos transporta homens e mensagens", diz a Leonardo da Vinci's Horse Inc., uma empresa sem fins lucrativos criada em 1978 para desenvolver o projecto.
A ideia de voltar a construir o cavalo nasceu em 1977, quando Charles Dent, um piloto americano da TWA, leu na revista "National Geographic" um artigo sobre a tristeza de Da Vinci.
Respondendo a uma encomenda do Duque de Milão, Ludovico Sforza, Da Vinci desenhou o que seria o maior cavalo do mundo, a ser construído em bronze e através de uma técnica revolucionária.
O projecto avançou e, após várias miniaturas, Da Vinci fez um modelo em barro à escala real, que expôs nas vinhas do palácio do duque.
Mas seis anos depois, a 10 de Setembro de 1499, as tropas francesas invadiram Milão e um grupo de arqueadores acampado ao pé da propriedade usou a estátua como alvo para... treino de pontaria.
O cavalo ficou em pedaços e, pior, o bronze reservado para a estátua foi usado para fazer canhões. Da Vinci fugiu para França, os moldes e esboços perderam-se e 17 anos depois, em 1519, morreu.
Quando Charles Dent - que além de piloto era coleccionador de arte, escultor e fascinado pela Renascença - leu a história sobre o sonho de Da Vinci decidiu "devolver a Leonardo o seu cavalo".
No ano seguinte, fundou a empresa e começou a angariar fundos.As primeiras maquetes, em cera e barro, foram feitas em 1985 e, com o passar dos anos, os escultores e historiadores que se voluntariaram para o projecto multiplicaram-se.
Em 1992, foi feito um modelo com três metros.Dent contratara, entretanto, a Fundação de Arte de Tallix, em Beacon, uma pequena cidade a 100 quilómetros de Nova Iorque, para executar a obra, e os fundos ultrapassavam os quatro milhões de dólares.
O cavalo ia, finalmente, ser feito. Em 1994, aos 77 anos, Charles Dent descobriu que tinha a doença de Lou Gehrig e - como Da Vinci - morreu, no dia de Natal, sem ver a estátua terminada.Recuperada do choque e executando o testamento de Dent, a organização continuou a trabalhar sob a direcção do sobrinho, Peter Dent, e em 1996 enviou um modelo final, em gesso, para a Tallix.
O cavalo ficou pronto meses depois, mas ainda faltavam três anos para, de facto, existir: o comité de historiadores e artistas da Leonardo's Horse Inc. considerou a anatomia "esquisita" e a posição da cabeça "errada", acabando por rejeitar a estátua.
Foi então que a escultora Nina Akamu entrou na história. Akamu viveu 12 anos em Itália e, além disso, monta e treina cavalos. Considerada a escolha ideal, foi convidada a fazer um modelo inteiramente novo.
Como base, Akamu tinha os desenhos de Da Vinci entretanto recolhidos em Itália, França e Espanha (a Biblioteca Nacional de Madrid foi o último local onde se descobriram esboços, em 1966).
Mas os desenhos sobreviventes e as notas não tinham ordem nem cronologia sistematizadas.
O único desenho directamente relacionado com a estátua "é do tamanho de um selo", disse ao PÚBLICO Jorge Arango, porta-voz da Tallix.
"E não sabemos sequer se foi feito no início do projecto ou no fim."Ou seja, ninguém sabe como é que Leonardo da Vinci queria o seu cavalo ou qual a posição final. A opção escolhida foi um cavalo soerguido, com apenas duas patas a tocar o solo."O cavalo não é uma recriação do 'Il Cavallo' de Leonardo e nunca poderia ser", tem repetido a escultora. "E não é uma obra de arte da Renascença.
É uma escultura contemporânea fiel ao carácter e ao espírito de Leonardo."O que Akamu mais usou foi "o movimento e a postura que Leonardo tinha pensado", disse Arango. "Mas é impossível saber. Ele fez tantos desenhos de cavalos! Uns são ferozes, outros benignos..."Em relação à técnica, não há qualquer dúvida de que a escolhida não foi a de Da Vinci, que queria despejar o bronze sobre a escultura de uma só vez.
Os engenheiros de hoje, porém, defendem que isso é impossível, citando sobretudo a dificuldade em manter uma quantidade tão grande de bronze derretido a uma temperatura constante.Mas como em 1699 o escultor François Giradon cobriu, de uma só vez, uma estátua de bronze de Luís XIV o debate continua aberto. "Pensámos virar o cavalo de pernas para o ar e mergulhá-lo no cobre mas concluímos que, a seguir, seria impossível puxá-lo para fora", explica Jorge Arango.
O bronze acabou por ser colocado com uma máquina nas áreas maiores e à mão nas extremidades e cavidades.O "cavalo que nunca foi", como é conhecido há décadas, teria provado, diz, a genialidade de Da Vinci como escultor.
Outro mistério é saber por que razão Leonardo reservara 80 toneladas de bronze, quando, para a dimensão escolhida foram apenas usados 15.
Há quem defenda que Da Vinci queria incluir um montador ou um pedestal maciços.
A estátua final, oca, esteve em exposição pública pela primeira vez no fim-de-semana passado no terreno da Tallix e foi vista por mais de 50 mil pessoas. A procura foi tão grande que a organização adiou o início da desmontagem para terça-feira.
"Os carros não pararam de passar", disse Arango. "Especialmente à noite, quando o iluminávamos. Numa terra deste tamanho, a polícia teve que ser chamada para controlar o tráfego."A desmontagem das sete peças vai começar esta semana e, no próximo domingo, a estátua voará para Milão.
A inauguração será num centro cultural ao pé do hipódromo da cidade italiana,
A Tallix já começou a construir uma cópia para ser instalada no Frederik Meijer Gardens, um parque de esculturas em Grand Rapids, Michigan. Há também uma versão japonesa, chamada Monumento de Nagoya, em fibra de vidro.
Junto da direcção do projecto, o cavalo é visto como a Estátua da Liberdade. Além-fronteiras, é um símbolo contra a guerra e de amizade entre as nações.
O Cavalo de Leonardo da Vinci
Gigante, lindo e imponente, indo ao Hipódromo de San Siro encontramos o Cavalo de Leonardo da Vinci. O primeiro projecto é de 1482, quando Ludovico Sforza, duque de Milão propõe a Leonardo a construção da maior estátua equestre do mundo em memória a seu pai Francesco, fundador da casa Sforza.
Esse projecto seria uma obra colossal para a época, com a idéia de um cavalo em posição desenfreada, atacando o inimigo.
Esse projecto inicial era muito difícil de ser realizado, Leonardo assim apresenta um outro projeto com o cavalo agora descansando em três patas. Mesmo assim o projecto era gigante.
Leonardo estudou muito a anatomia dos cavalos a fim de realizar uma obra perfeita.
Infelizmente com um ataque da França o bronze destinado ao cavalo foi usado para a defesa da cidade. Em 1499 os franceses invadem a cidade e Leonardo é obrigado a fugir e abandona um modelo do cavalo feito em argila, que foi destruído.
Cinco séculos se passaram até que Charles Dent, piloto americano coleccionador de arte soubesse do projecto do cavalo inacabado. O piloto criou a Fundação Cavalo de Leonardo da Vinci (Ldvhf) e numa campanha de quase 15 anos, arrecadou o valor necessário, cerca de 2,5 milhões de dólares, para a realização da estátua. E por mais uma vez o projecto teve um contratempo. Charles Dent morre em 1994, parando novamente o projeto.
Por sorte, Frederik Meijer, dono de uma rede americana de supermercados, toma a frente do projecto da Ldvhf solicitando a escultora também americana Nina Akamu a realização do cavalo.
A Fundação doa o cavalo a cidade de Milão, com a condição que eles escolhessem a localização, ficando em um lugar seguro para a escultura. O lugar escolhido foi o Hipódromo de San Siro em Milão.
O Cavalo de Leonardo da Vinci é um espectáculo. É o reflexo de todo seu estudo anatómico e sua genialidade.
Gran Cavallo
Em meados de 1482, Ludovico Sforza, então duque de Milão, propôs a Leonardo Da Vinci o desafio de construir um monumento equestre em homenagem a seu antecessor, Francesco Sforza.
Apesar de a arte da escultura nunca ter sido a preferida por Da Vinci, ele aceitou a encomenda como uma oportunidade de colocar em prática anos de estudos e observações sobre o movimento e expressão dos corpos, uma das ciências que o mais fascinava.
A sua admiração pela arte da pintura fica evidente em sua análise comparativa entre a pintura e escultura em seus manuscritos:
“A pintura requer mais pensamento e habilidade e é uma arte mais maravilhosa que a escultura, porque a mente do pintor deve, necessariamente, entrar na mente da natureza para agir como intéprrete entre a natureza e a arte.”
Para justificar seu ponto de vista, Da Vinci busca uma perspectiva ainda mais analítica, mas não menos poética:
“…uma estátua depende de certas luzes, especificamente aquelas que vêm de cima, enquanto que uma pintura leva suas próprias luzes e sombras com ela para qualquer lugar.”
E finaliza seu estudo como num veredicto da supremacia da pintura pela escultura:
“A única vantagem da escultura sobre a pintura é que ela é mais resistente ao tempo…a pintura é mais bonita, mais imaginativa e mais rica em recursos, enquanto a escultura é mais duradoura, mas não supera a pintura em nada mais.“
No entanto, o projecto do cavalo de Sforza ia muito além da escultura em si. Após a encomenda de Ludovico, Da Vinci passou a observar e analisar os cavalos dos estábulos do castelo e registou, em diversos manuscritos, diferentes movimentos do animal no intuito que compreender a centelha de vida que vibrava naqueles corpos e que promovia expressões tão intensas.
Estudo sobre as expressões do cavalo – Leonardo Da Vinci
Em um de seus manuscritos, ele analisou o impulso de vida residente em cada movimento de um ser vivo:
“O movimento espiritual, fluindo pelos membros dos animais sencientes, alarga seus músculos. Assim alargados, eles se encurtam e repuxam os tendões a que estão presos. Eis a origem da força nos membros humanos. O movimento material brota do imaterial.”
Para representar seu modelo da forma mais genuína possível, Leonardo também recorria aos seus aprendizados de matemática e física e buscava, através da proporção numérica, a perfeita razão entre a forma e a expressão.
Análise matemática da perna do cavalo – Leonardo Da Vinci
Foram mais de 20 anos de dedicação até que Da Vinci tivesse o primeiro modelo do monumento equestre, tempo que foi divido entre diversas outras obras como a Virgem dos Rochedos e a Última Ceia, projectos de armamento bélico encomendados pelo próprio duque, além de uma série de estudos e pinturas de nobres da realeza.
O modelo de argila do cavalo de Sforza foi finalizado em 1492 e tinha aproximadamente 7 metros de altura, e, pela sua imponência perante os demais monumentos existentes na época, ficou conhecido como o “Gran Cavallo“.
Mas, para transformar este molde de argila em uma estátua de bronze, Da Vinci projectou diversos mecanismos para fundir o bronze a partir do molde e suspender as peças de forma que pudessem compor o monumento, como demonstrado no documentário a seguir, realizado pelo Discovery Channel:
VÍDEO
Apesar de Da Vinci ter conseguido reunir quase 80 toneladas de bronze para a construção de seu monumento equestre, em meados de 1494, ameaçado pela invasão de tropas francesas, Ludovico teve de utilizar todo o bronze para para fabricar canhões, o que inviabilizou a construção do que seria o maior monumento da história renascentista.
Se não fosse suficiente, em 1499, após a invasão das tropas francesas ao castelo dos Sforza, o modelo de argila de Leonardo acabou sendo utilizado como alvo para praticar tiro, pondo fim ao glorioso monumento de Leonardo, que, após o incidente, fugiu para Veneza, onde foi empregado como arquitecto e engenheiro militar.
O tempo passou e séculos depois a história do monumento de Leonardo virou matéria na National Geographic de 1977, quando o piloto aposentado, Charles C. Dent, artista e colecionador de arte, comovido com o relato, resolveu criar um instituto para angariar fundos para a construção do projeto de Da Vinci.
VÍDEO
Como forma de agradecimento e reconhecimento a todo legado cultural e artístico deixado pelo período do renascimento, o americano dedicou seus anos seguintes a viabilizar o projecto de Leonardo e conseguiu doações de entusiastas e admiradores de Da Vinci por todo o país.
Mesmo com a morte de Dent em 1994, o projeto seguiu em frente e com o apoio de Frederik Meijer, bilionário americano, foram criadas duas estátuas, em tamanho original, de aproximadamente 7 metros de altura cada.
A primeira delas foi doada para Milão, na Itália, e inaugurada exactamente 500 anos depois da destruição do modelo original de argila, celebrando este magnífico legado artístico e cultural deixado por Da Vinci.
Il Cavallo, estátua de bronze, San Siro, Milão, Itália
O segundo modelo foi instalado no Meijer’s Garden, em Michigan, nos Estados Unidos, e outras duas réplicas foram criadas, uma de 3,6 metros de altura, que foi instalada na cidade natal de Charles C. Dent, e uma segunda, de 2,4 metros de altura, na cidade natal de Da Vinci, em Vinci, na Itália.
“Toda parte deve ser proporcional ao todo. Proponho que o mesmo seja entendido em relação a todos os animais e plantas.”Leonardo Da Vinci
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