Ao contrário do que tem sido referido, garante a autarquia, "a presença de dejetos no terreno não está ligado ao uso das casas de banho, que são respeitadoras das mais elevadas normas ambientais".
As imagens mostram o que parece ser um rio de dejetos e lixo, resultado de descargas de esgoto a céu aberto que ocorreram durante o Festival Iminente, no Parque Florestal de Monsanto em Lisboa. A denúncia surgiu nas redes sociais, com a divulgação de um vídeo que mostra em detalhe a poluição causada. A situação já foi confirmada ao Observador pela Polícia Florestal de Monsanto que informou também que, desde sábado, a Autoridade Nacional de Proteção Civil tomou conta da ocorrência. A Proteção Civil remeteu para a Câmara Municipal de Lisboa e, ao Observador, a autarquia revela que foi detetada a existência de uma rutura num coletor público.
Da parte do Festival Iminente, foram remetidos mais esclarecimentos para um comunicado de imprensa que deverá ser divulgado durante as próximas horas.
“Na sequência da denúncia de uma pessoa que estava a fazer BTT num trilho localizado junto da vedação exterior do Panorâmico de Monsanto, foi detetada ontem, cerca das 14h00, a existência de uma rutura num coletor público, com a presença de dejetos e de um forte odor junto da encosta circundante ao parque de estacionamento”, esclarece a câmara municipal. “Uma equipa da CML iniciou, ontem mesmo, os procedimentos para limpar o terreno através da remoção das terras afetadas, que se encontram numa zona de difícil acesso, garantido que não há qualquer impregnação e contaminação do solo.”
Ao contrário do que tem sido referido, garante a autarquia, “a presença de dejetos no terreno não está ligado ao uso das casas de banho, que são respeitadoras das mais elevadas normas ambientais” e certificadas pela câmara.
Os serviços de saneamento da CML estão, neste momento, a analisar as causas para a rutura do coletor, que tinha sido alvo de uma vistoria a 10 de agosto de 2019 — a anteceder a realização do Festival. Informação mais detalhada e conclusiva sobre o sucedido será divulgada após o final dos trabalhos de inspeção ao local”, esclarece a Câmara Municipal de Lisboa.
Durante três dias, até domingo 22 de setembro, decorreu junto ao antigo restaurante Panorâmico, em Lisboa, o Festival Iminente, por onde passaram artistas como Mayra Andrade, Common ou DJ Marfox ou Papillon. Foi durante o festival que um utilizador do Facebook, Frederico Nunes, se deparou com a poluição causada enquanto andava de bicicleta pelo parque. Filmou tudo e partilhou o vídeo nas redes sociais.
Entre os vários comentários que Frederico Nunes faz sobre a situação, o ciclista diz que o cheiro sentido é indescritível e que os dejetos parecem ser de casa de banho. Segundo a sua publicação no Facebook, tentou falar com a organização do evento, mas, apesar de ter explicado o sucedido, não o deixaram entrar no recinto.
O Observador tentou entrar em contacto com Frederico Nunes, mas não foi possível até à publicação deste artigo.
VÍDEO
Primeiro aviso às autoridades foi feito no sábado
Apesar de a câmara municipal, na resposta ao nosso jornal, apontar para domingo como a data em que a rutura foi detetada, pelo menos uma outra denúncia surgiu no sábado, apurou o Observador.
“Sábado, de manhã cedo, deparei-me com este triste espetáculo quando estava a realizar uma caminhada em família. Informei, presencialmente, a segurança do Festival Iminente e a Polícia Municipal, tendo enviado posteriormente um email com fotos para a Câmara Municipal de Lisboa. Pelo referido, a pseudo-rutura a existir, já existia desde a noite de sexta-feira”, contou ao Observador António Sérgio, que testemunhou e fotografou o incidente no local.
No email enviado à autarquia, com conhecimento também para a Junta de Freguesia de Benfica, a testemunha fazia nota de que estavam “a jorrar rios de esgoto/fezes com um cheiro nauseabundo para o Parque de Monsanto, nas traseiras do Panorâmico de Monsanto, com origem no referido Festival Iminente”. E juntava as imagens retiradas com o seu telemóvel (ver mais abaixo).
Sobre a resposta oficial da autarquia, António Sérgio diz que fica com muitas dúvidas: “A rutura deixa-me com muitas dúvidas, mas não tenho provas de que não seja isso. Mas, no local, pareceu-nos que a origem era das casas de banho portáteis.”
(notícia atualizada às 12h40 com o esclarecimento da Câmara Municipal de Lisboa e às 14h36 com o depoimento da testemunha)
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