A pequena-burguesia e o mito da classe média
A pequena-burguesia é uma classe pré-capitalista.
Ela surgiu na Idade Média, dos caixeiros-viajantes, dos artesãos e dos comerciantes das cidades portuárias. Mas foi sendo lentamente suplantada pelos grandes comerciantes, que se aproveitaram das cruzadas e, principalmente das grandes navegações.
A grande burguesia comercial alcançou o poder, mas não suprimiu a pequena burguesia, que ainda dominava o comércio varejista até a Revolução Industrial.
Durante a Idade Média, a pequena-burguesia se organizou em corporações de ofício, onde reuniam os artesãos e comerciantes das cidades (burgos). As corporações de ofício era uma organização de classe, garantindo à pequena-burguesia o domínio económico sobre determinado sector e impedindo que os trabalhadores assalariados pudessem disputar espaço na economia autonomamente.
Assim, conforme crescia a pequena-burguesia, crescia junto com ela um proletariado, que ainda era pequeno e desorganizado. Porém, com a revolução industrial, a pequena-burguesia perde espaço para a grande burguesia e o número de proletários sobe numa progressão geométrica em relação ao avanço da industrialização da produção de mercadorias.
Com o avanço da manufactura, e ainda mais com a indústria, a pequena-burguesia perde o status de donos da cidade (os burgueses, por definição) e passam a ser periféricos, uma sombra da burguesia. Entretanto, ideologicamente, esta classe, já empobrecida e des- privilegiada, mantém a pompa e o orgulho burguês.
“O comércio e a manufactura criaram a grande burguesia, enquanto nas corporações concentravam a pequena-burguesia. Que então já não dominava mais nas cidades como antes, mas tinha que se curvar ao domínio dos grandes comerciantes e manufactureiros.” (Marx;Engels, 2007. p. 57)
“O comércio e a manufactura criaram a grande burguesia, enquanto nas corporações concentravam a pequena-burguesia. Que então já não dominava mais nas cidades como antes, mas tinha que se curvar ao domínio dos grandes comerciantes e manufactureiros.” (Marx;Engels, 2007. p. 57)
Durante a Revolução Francesa, a pequena-burguesia toma a vanguarda do movimento. Se torna revolucionária, radical, contra os desmandos da nobreza. Apoiam o partido jacobino, buscando alçar o poder através do domínio do Estado. Entretanto, acabam cedendo à burguesia e retomam seu papel periférico, disputando com o lumpem proletariado os espaços que restaram nas cidades.
Esta constante insegurança faz da pequena-burguesia um caldeirão ideológico, de onde saem os intelectuais da burguesia e, em número bem menor, também intelectuais comprometidos com o proletariado. Isto se deve ao fato da pequena-burguesia ser a fracção mais letrada da sociedade, pois necessita de conhecimentos para manter seus negócios.
Ao contrário do burguês que vive tão somente da mais-valia, muitos pequeno-burgueses têm que trabalhar, seja gerindo seus negócios, como sendo profissionais liberais (advogados, professores universitários, engenheiros, médicos, entre outros poucos ofícios que mantiveram o status de profissão liberal, ou seja, a condição económica que permite que vivam como pequeno-burgueses.
Como membro de uma classe intermediária, o pequeno-burguês luta para alçar a posição de classe dominante (burguês, strito sensu), entretanto, vive sob o medo de tornar-se aquilo que mais abomina: o trabalhador assalariado (o proletário).
Em meio a crise economia, a pequena-burguesia tende a radicalizar-se, geralmente ao lado da burguesia, pois mais do que do dinheiro, o pequeno-burguês vive do status de ser superior aos trabalhadores, gabando-se da sua posição na divisão intelectual do trabalho. E pretende a todo custo manter os mais pobres em seu devido lugar.
Em meio a crise economia, a pequena-burguesia tende a radicalizar-se, geralmente ao lado da burguesia, pois mais do que do dinheiro, o pequeno-burguês vive do status de ser superior aos trabalhadores, gabando-se da sua posição na divisão intelectual do trabalho. E pretende a todo custo manter os mais pobres em seu devido lugar.
Entretanto, desde a ascensão do capitalismo, a pequena-burguesia proletarizou-se, como dizem Marx e Engels (2001):
A burguesia despojou de sua auréola todas as actividades até então reputadas veneráveis e encaradas com piedoso respeito. Do médico, do jurista, do sacerdote, do poeta, do sábio fez seus servidores assalariados.
medium.com
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