O Algarve está a ser invadido por caranguejos gigantes. E não exagero, é mesmo de invasão que se trata! O fenómeno foi descoberto há apenas três anos e de então para cá a espécie “caranguejo azul” – muito agressiva e com potencial exterminador sobre outras espécies – multiplicou-se em força, a ponto de já ser vendida nos mercados e degustada nos restaurantes. Mas não é a única espécie invasora: a Universidade do Algarve estuda cerca de 15 espécies não nativas do Algarve. Umas vieram à boleia de navios, outras, originalmente subtropicais, acompanharam a subida de temperaturas das águas mais a norte. São as alterações climáticas já a fazer das suas
O tom azulado das patas conferiu-lhe o nome de batismo, embora também tenha tons de verde. O caranguejo azul (Callinectes sapidus), originário da costa Leste dos EUA, deverá ter chegado ao Algarve ainda em fase larvar, nas águas de lastro dos navios de mercadorias que atravessam o Atlântico. Essas águas, introduzidas nas embarcações para contrabalançar o peso dos contentores, são lançadas depois junto aos portos de destino. Com elas, algures no tempo, supõe-se que estavam as larvas de algumas das várias espécies que desde o início deste século têm sido descobertas fora da sua habitual zona de habitat. Foi assim que tudo terá começado, há poucos anos atrás, levando ao desenvolvimento posterior de uma população enorme. Mas ainda não há a certeza absoluta de que tenha sido esse o meio de “transporte”.
Com dimensões médias de carapaça a rondar os 20 a 30 cm de diâmetro, o caranguejo azul pode atingir os 40 cm, sendo geralmente maior que uma sapateira e comparável às dimensões de uma santola. Na costa Leste norte-americana há toda uma indústria de pesca exclusivamente virada para a captura desta espécie. E por cá também já há capturas com fins comerciais. No estuário do Guadiana há pescadores dedicados a este novo nicho de mercado.
João Prudêncio
jornaldoalgarve.pt
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