AVISO

OS COMENTÁRIOS, E AS PUBLICAÇÕES DE OUTROS
NÃO REFLETEM NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DO ADMINISTRADOR DO "Pó do tempo"

Este blogue está aberto à participação de todos.


Não haverá censura aos textos mas carecerá
obviamente, da minha aprovação que depende
da actualidade do artigo, do tema abordado, da minha disponibilidade, e desde que não
contrarie a matriz do blogue.

Os comentários são inseridos automaticamente
com a excepção dos que o sistema considere como
SPAM, sem moderação e sem censura.

Serão excluídos os comentários que façam
a apologia do racismo, xenofobia, homofobia
ou do fascismo/nazismo.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

A medir Centenos

estatuadesal.com 

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 24/09/2019)
Daniel Oliveira
(O que é que o partido que vai ganhar as próximas eleições, o PS, tem para oferecer ao País? Centeno! Porra, é ganhar com fraca ambição, mesmo por pouco, por poucochinho, como disse Costa de Seguro no rescaldo das eleições europeias de 2015.
E o que tem o líder do maior partido da oposição, o PSD, para oferecer? Outro Centeno! Porra, parecem dois putos a medir as pilas, perdão os Centenos: O meu é maior que o teu… 🙂
Moral da história: Estamos feitos com estes dois subservientes dos ditames de Bruxelas.

Comentário da Estátua, 24/09/2019



O debate entre Rui Rio e António Costa foi entre gestores. No sentido em que não sublinharam grandes clivagens políticas, apenas debateram escolhas de governação com os mesmos propósitos. Rui Rio não aproveitou as grandes discordâncias que diz ter em matéria de impostos. Não desfez o argumento de Costa quanto às razões do aumento do défice externo. Mais importante: não conseguiu mostrar nenhuma divergência de fundo quanto à estratégia económica do Governo. Acabou a concordar com os passes sociais, limitando-se a discutir o timing. E na educação concentrou-se na questão da disciplina, falando ao coração de professores e pais, mas não mostrando qualquer sinal de ter um estratégia para o sector. António Costa falou das conquistas destes quatro anos mas ficámos a saber pouco sobre os objetivos para os próximos quatro. Tem sido esse, aliás, o mote da sua campanha: falar do que fez (com outros, que agora despreza), não mostrar grande caminho para a frente.
O debate foi vivo e Rio, apesar de um momento em que quase se colocou no lugar de futuro líder da oposição, esteve desenvolto. Sei que as baixas expectativas em relação a Rio tornam qualquer prestação normal numa estrondosa vitória. Mas quando o líder da oposição se concentra na discordância de pormenor, sem conseguir vincar uma diferença política clara, é quem está no poder que fica a ganhar.
A medição de centenos exibe a ausência de uma clivagem clara entre os dois candidatos. O momento mais agressivo de Costa no debate com Rui Rio foi para Catarina Martins, confirmando que esta campanha prece ser entre os partidos da esquerda. Porque é no peso relativo destas forças que decidirá o futuro da governação
A melhor metáfora deste debate foi mesmo dada por Rui Rio: “O António Costa tem um Mário Centeno mas eu também tenho o meu Mário Centeno”. A que Costa respondeu: “Olhe, mas eu não troco o meu pelo seu.” Esta medição de centenos exibe bem a ausência de uma clivagem clara entre os dois candidatos. Para Costa é bom, porque em equipa que ganha não se mexe. Para Rio, mesmo que o tom mais aguerrido ajude a animar as hostes, continua a servir apenas para ser candidato à oposição. Não é por acaso que o momento mais agressivo de António Costa foi reservado para Catarina Martins, que nem estava no debate. Tendo o objetivo de a rebater, acaba por confirmar o que ela tinha dito: que esta campanha prece ser entre os partidos da esquerda. É natural que assim seja. É no peso relativo destas forças que decidirá o futuro da governação.
À noite, Catarina Martins acabaria por se atirar para a casca de banana que Costa lhe deixou de manhã. Respondendo à reescrita da História, fez o que ele queria que ela fizesse. O “arrufo” que Costa alimenta, com provocações quase diárias que no meu podcast levou até ao limite, tem três objetivos: passar a ideia que os entendimentos futuros são impossíveis para justificar a necessidade da maioria absoluta, tentar convencer as pessoas que a “geringonça” não teve nada a ver com o BE (um bocado forçado) e agradar ao eleitorado de direita que embirra com o Bloco. A líder do BE não resistiu, apesar de ser tão óbvio. Procurou mesmo o confronto que só servia Costa. Só não estou seguro que esta estratégia seja assim tão boa para o PS. A sensação de arrogância que passa só torna mais preocupante a ideia de maioria absoluta. Mas como a direita não conta, Costa pode arriscar.

Sem comentários: