Líder do PS recusa alimentar o bate-boca com Catarina Martins após as acusações no debate a seis. A fase dos “políticos a falar com políticos” acabou, diz, agora é para “falar com os cidadãos”. Esta manhã, a conversa que interessava a Costa era sobre passes e transportes públicos - e foi de carro para Barreiro para andar de autocarro e de comboio
Na manhã a seguir ao embate mais azedo de sempre entre António Costa e Catarina Martins, o líder socialista recusou-se continuar a alimentar o confronto com a sua aliada destes quatro anos. No Barreiro, onde esteve numa ação de campanha sobre transportes públicos, o secretário-geral socialista repeliu todas as tentativas dos jornalistas para que se pronunciasse sobre o bate-boca em que ambos se envolveram no último debate a seis.
“Está encerrado esse assunto”, respondeu à comunicação social, durante uma viagem de comboio entre Coina e Fogueteiro. “A fase dos debates acabou”, reiterou mais tarde, já na estação, fazendo votos de que agora a campanha se concentre nos “temas que interessam às pessoas”, essa mítica categoria de assuntos de que os políticos julgam conhecer o segredo. Na opinião de Costa, os “temas que interessam às pessoas” são, por exemplo, as políticas de saúde, de habitação e transportes. Não as farpas trocadas entre os líderes do BE e do PS num debate de segunda-feira à noite.
Apesar desta recusa, Costa não resistiu a deixar cair que “um dia” há de contar “mesmo” a história de como se formou a “geringonça” - dando a entender que tudo se passou como ele próprio diz, e não como Catarina conta. O socialista tem dito que o acordo à esquerda se fez em 2015 “apesar do BE”, e não graças ao BE, enquanto a líder bloquista contou no debate de segunda-feira que, na manhã das eleições legislativas, houve uma reunião entre os dois partidos, preparando o que viria a acontecer: um acordo à esquerda para impedir a coligação de continuar a governar.
Esse episódio já tinha sido contado em investigações jornalísticas, mas não assumido publicamente pelos protagonistas políticos - até que, ontem, tanto Francisco Louçã na SIC como Catarina Martins, no debate da RTP, o assumiram. Costa recusou-se a confirmar se tal aconteceu, mas Ana Catarina Mendes, a nº2 do PS, que esta manhã fazia campanha ao seu lado, deixou escapar a acusação de que o BE está a “reescrever a história”. Mas o episódio, para já, ficou por aqui.
IR DE CARRO PARA ANDAR DE TRANSPORTES PÚBLICOS
Terminado o ciclo de debates, o primeiro-ministro diz que se encerrou a fase em que “os políticos falam com políticos”, abrindo-se o período para “os políticos falarem com os cidadãos”. A conversa que lhe interessava esta manhã, na margem sul do Tejo, era sobre a redução do preço dos passes sociais e o investimento em novos autocarros, comboios e barcos.
Para isso, António Costa e a sua comitiva meteram-se nos respetivos carros bem cedo pela manhã, atravessaram a Ponte 25 de Abril e rumaram ao centro do Barreiro. À porta da Câmara Municipal, que desde as últimas autárquicas voltou a albergar um presidente socialista, esperou na paragem pela carreira 6, que liga o centro da cidade à estação da Fertagus, em Coina. Costa, mais o autarca socialista Frederico Rosa, mais o ministro Eduardo Cabrita, mais os secretários de Estado António Mendonça Mendes e Duarte Cordeiro, mais Ana Catarina Mendes (cabeça de lista por Setúbal) e ainda uma série de candidatos e um batalhão de jornalistas, todos ali chegados em viaturas próprias, ali ficaram à espera que passasse o autocarro, para poderem acompanhar o primeiro-ministro a andar de transportes públicos.
AS VANTAGENS DA “BRISA FRESCA” PARA ASSUNÇÃO E CATARINA
A seguir ao autocarro novinho em folha (é um dos 30 que já circulam no Barreiro, de um total de 700 que foram encomendados para todo o país), o grupo passou para um dos novos comboios da Fertagus. Tudo para demonstrar o investimento do Governo na mobilidade urbana e a “medida fundamental” que foi a redução do preço dos passes.
Pode parecer estranho, isto de ir de carro para andar de transportes públicos. Assunção Cristas deve ter achado o mesmo - por isso a líder do CDS, que também começou o dia bem cedo no Barreiro, chegou lá de barco, fazendo a curta travessia desde a Praça do Comércio.
Porque razão Costa não fez o mesmo? Porque se tinha deitado tarde depois do debate e a acção de campanha estava marcada para muito cedo, respondeu Costa. As condicionantes, notaram-lhe, eram as mesmas de Cristas, que ainda assim não abdicou do transporte público… “Faz sempre bem a brisa fresca da manhã”, desconversou o secretário-geral socialista, talvez recordado de que a discussão com a líder do CDS também tinha sido quentinha.
Catarina Martins também precisará dessa brisa fresca pela manhã?, perguntaram-lhe. “Faz sempre bem”, insistiu Costa
expresso.pt
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