No Reino Unido, especialmente em Londres, o movimento ganhou versão própria, com bandas icónicas como Sex Pistols e The Clash. Por lá, o surgimento do punk coincidiu com um momento político delicado, o que contribuiu para que muitas bandas criticassem o governo em suas músicas. No começo dos anos 80, o género deu lugar à new wave e ao pós-punk como estilos predominantes de rock.
REBELDES COM CAUSA
Em oposição ao movimento hippie, o punk apoiava a individualidade e a independência
Passarela IradaO grupo britânico Sex Pistols nasceu em uma loja de roupas, a Sex, e seu visual foi criado pela estilista Vivienne Westwood, que trouxe de Nova York as peças rasgadas, os rebites, os alfinentes e os toques eróticos. Essas tendências e o incentivo à individualidade estimularam os punks a bolar visuais únicos. Até os cabelos curtos eram um manifesto: opunham-se às longas madeixas dos hippies.
Juntando os génerosO punk abriu a cabeça dos roqueiros para outros estilos. O grupo The Clash, por exemplo, pegou elementos do reggae. Já o Television bebeu na fonte do jazz e o Blondie, da disco. Na mesma época se destacou o ska, fusão de rock e reggae. E a vibe comunitária favoreceu subgêneros influentes, como o hardcore e o psychobilly.
Enfrentando o sistemaO punk era influenciado, principalmente na Inglaterra, pelo movimento Situacionista e por ideais anarquistas e socialistas. A maioria das bandas era formada por gente pobre, que não via futuro com as ações do governo. Superpolitizado, o The Clash apoiava os rebeldes do movimento sandinista, da Nicarágua.
Presença femininaCom sua política acolhedora, o estilo abriu espaço para as mulheres. Elas passaram a integrar e até liderar bandas – entre os nomes importantes estavam Patti Smith, Debbie Harry e as The Slits. Mas nem todos os adeptos eram tão inclusivos e nem todas as bandas com meninas tinham discurso feminista.
Se quiser bem feito…A política DIY (“do it yourself”, ou “faça você mesmo”) pregava que músicos e fãs não dependiam de grandes corporações. Dessa ideologia, surgiram as gravadoras independentes e os fanzines, que ganharam popularidade e respeito. O DIY se expandiu para a moda e para o design – eram comuns pôsteres, flyers e roupas feitos à mão.
Filho da anarquiaOs estilos que tomaram o lugar do punk derivavam dele. Mesmo alguns que surgiram muito depois, como o grunge (Kurt Cobain afirmava que sua banda, Nirvana, era punk). Ele também foi a base dos movimentos riot- grrrl e queercore, defensoras da inclusão de mulheres e gays na música. Hoje, ainda sobrevive como gênero musical e ideologia, embora com menos proeminência.
MÚSICAS ESSENCIAIS
The Clash – “London Calling”Faixa-título de um disco histórico, “London Calling” tinha letra que punha o dedo na ferida dos britânicos
Sex Pistols – “God Save The Queen”Reza a lenda que a própria Elizabeth II proibiu que essa música chegasse ao primeiro lugar da parada britânica
Ramones – “Blitzkrieg Bop”Os Ramones foram a primeira banda propriamente punk e lançaram vários hinos como esse, do primeiro álbum
- O género também influenciou a literatura e o cinema, ajudando a lançar artistas independentes, como o diretor Derek Jarman
- Inspirado no visual de índios norte-americanos, o moicano começou a ser usado no final dos anos 70 e se tornou um símbolo da causa
- “Punk” era uma palavra que descrevia garotos de programa. Ela se consolidou como género musical com o fanzine Punk, lançado em 1976
- O movimento foi o berço das rodas de moshing, em que os membros do público se jogam uns contra os outros. Nos anos 80, surgiu a versão só com meninas.
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