Hernâni Caniço
ENFERMEIROS DESTROEM ENFERMEIROS
É incontornável abordar a greve “cirúrgica” desencadeada há meses, por uma pequena parcela de enfermeiros, através de 2 sindicatos recém-criados (porque será?) e com o activismo político e sindical da organização corporativa da classe (militante política).
Para que não fiquem dúvidas, em declaração de interesses sobre a minha (modesta) opinião, mas alicerçada em quase 42 anos de profissão médica (dos quais 31 anos em dedicação exclusiva ao Estado Português, e 23 anos de cooperação internacional simultânea) e de trabalho em equipa com enfermeiros (aqueles que o interpretam como tal), passo a discriminar:
Para que não fiquem dúvidas, em declaração de interesses sobre a minha (modesta) opinião, mas alicerçada em quase 42 anos de profissão médica (dos quais 31 anos em dedicação exclusiva ao Estado Português, e 23 anos de cooperação internacional simultânea) e de trabalho em equipa com enfermeiros (aqueles que o interpretam como tal), passo a discriminar:
1 – Como ex-dirigente sindical nacional dos médicos, habituei-me a não criticar outra classe profissional, particularmente na área da saúde, não por ser anti-poder democrático, mas por reconhecer que cada classe tem conhecimento, autonomia e capacidade para fazer as suas reivindicações equilibradas (assim o queira).
2 – Essas reivindicações (aumento de 33,3% no vencimento e reforma aos 57 anos…) são aferidas pela gestão pública nas suas prioridades (bem ou mal estabelecidas), nos seus limites orçamentais (devidos ou nem tanto) e no equilíbrio entre classes trabalhadoras (sector produtivo), sua diferenciação científica e técnica, penosidade laboral e riscos em saúde (ocupacional).
3 – Tal não me impede de reconhecer (ou julgar identificar) quando uma classe profissional (qualquer que seja), ultrapassa os direitos dos cidadãos fragilizados com prejuízo por potencial agravamento do estado de saúde e morte, conforme é óbvio e assumido.
4 – Mais ainda, desregula os direitos profissionais tornando-se prepotente no espaço temporal (greve prolongada) e na qualificação da greve (às cirurgias prioritárias), e atinge a indecência e imoralidade de atacar a torto e direito um serviço público que tanto custou a conquistar antes e em Abril (SNS) e equiparar-se a outra classe profissional (médica) com jocosidade e ofensa.
5 – Os/as enfermeiros/as têm um capital essencial, do qual são expoentes, não pedindo meças a qualquer outra classe, e que não passa por aqueles (poucos, decerto) que têm complexos de inferioridade na sua profissão comparativa à elite em saúde, têm inveja pelo estatuto económico e social de outrem, ou têm frustração pela secundarização que a sociedade lhes atribui em relação à classe médica.
6 – O capital maior que os profissionais de enfermagem têm é o humanismo, que os leva a uma vida de dedicação aos doentes, ao exercício profissional competente na sua dimensão e aprendizagem parcelar, e à acção em proximidade da vida humana com afecto e carinho para com as pessoas que sofrem.
7 – Infelizmente, a população portuguesa está à beira de deixar de admirar os/as enfermeiros/as como cuidadores/as, sendo claramente contra a greve “cirúrgica” que os afecta, às suas famílias, seus amigos e a todos os seres humanos que merecem cuidados de saúde.
8 – Lamento tal situação, prejudicial para os profissionais de enfermagem, em que enfermeiros (ou alguns líderes de enfermagem na ânsia de mais protagonismo político na oposição) estão a destruir enfermeiros, que têm o respeito do poder político de hoje, ao contrário do governo do PSD/CDS que nada lhes deu e tudo lhes tirou, enquanto líderes de enfermagem faziam carreira política no poder.
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