Aproximadamente a 1 quilômetro da costa norueguesa, próxima ao Fiorde de Oslo, há uma ilha que abriga mais de uma centena de criminosos, incluindo assassinos, estupradores e traficantes de drogas condenados. Não há grades, cercas com arame farpado ou eletrificadas circundando a ilha, nem a patrulha de guardas armados ou cães. Presos e funcionários vivem em paz, trabalhando juntos e compartilhando recursos.
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Ilha de Bastøy (Ilha do diabo) no Fiorde de Oslo - Noruega.
O presídio de Bastøy é conhecido como uma das prisões mais liberais do mundo. Prisioneiros e guardas trabalham em conjunto, cuidando dos animais e cortando madeira para os meses de inverno. Eles jogam cartas, andam de esqui, jogam tênis, cozinham, e assistem aulas. Lá pelas 3 horas da tarde, a maioria dos não-condenados vai para casa, deixando apenas cinco guardas para vigiar durante a noite.
A prisão é tão tranquila que o cineasta Michael Moore filmou na ilha para seu documentário "Sicko", mas não usou na versão final, pensando que ninguém iria acreditar que o lugar realmente existia.
As autoridades noruegueses esperam que Bastøy, um experimento agora em seu 35º ano, reabilite prisioneiros, inculque valores de responsabilidade, confiança, liderança e responsabilidade. E parece estar funcionando, já que os índices de reincidência para a criminalidade é de apenas 16%. (No Brasil, a taxa de reincidência é de mais de 70%).
O fotógrafo Espen Eichhöfer visitou a ilha durante o inverno para uma reportagem da Zeit Magazine e trouxe estas imagens e histórias incríveis, que publicamos aqui.
A prisão é tão tranquila que o cineasta Michael Moore filmou na ilha para seu documentário "Sicko", mas não usou na versão final, pensando que ninguém iria acreditar que o lugar realmente existia.
As autoridades noruegueses esperam que Bastøy, um experimento agora em seu 35º ano, reabilite prisioneiros, inculque valores de responsabilidade, confiança, liderança e responsabilidade. E parece estar funcionando, já que os índices de reincidência para a criminalidade é de apenas 16%. (No Brasil, a taxa de reincidência é de mais de 70%).
O fotógrafo Espen Eichhöfer visitou a ilha durante o inverno para uma reportagem da Zeit Magazine e trouxe estas imagens e histórias incríveis, que publicamos aqui.
O presídio de Bastøy está situado na ilha homônima, localizada a 1 km ao largo da costa da Noruega em um fiorde, cerca de 46 km da capital Oslo. Ao contrário de outras presídios em ilhas, como Alcatraz ou Rikers, que são conhecidos por seu isolamento brutal, Bastøy é denominado como um dos presídio mais condescendentes do mundo.
Aqui, mais de 100 prisioneiros em sua maioria vivem em casas comuns, juntamente com 69 funcionários prisionais, que voltam para o continente no final do dia. Apenas cinco guardas permanecem na ilha durante a noite. As casas tem cozinhas, salas de estar e quartos privados. Um prisioneiro nigeriano, condenado por abuso de drogas, vive na única casa de um homem só na ilha. Todos os outros prisioneiros vivem em casas comunais.
Os princípios básicos do presídio de Bastøy são aqueles de respeito e de confiança mútua. Os presos trabalham juntos em um cenário de fazenda, cuidando de animais e cortando madeira. Dadas estas responsabilidades, os funcionários esperam promover a reabilitação e aprendizagem. Na foto um prisioneiro canadense, acusado de abuso de drogas, trabalha no galinheiro, tomando seu ovo cru.
Junto ao trabalho com os animais, os presos podem praticar esportes como esqui, pesca, corrida, musculação, tênis, equitação, natação e até mesmo têm sua própria praia privada. Na foto um prisioneiro toma um banho no fiorde.
Acredite ou não, Bastøy tem outra praia pública, que é aberta a quaisquer civis, os prisioneiros são proibidos de frequentá-la, no entanto. Não existem cercas ou barricadas ali também, apenas sinais de alerta. Manter os curiosos longe da prisão muitas vezes é um problema muito maior do que impedir que os condenados fujam.
Espen diz que a ilha é idílica e pacífica. Ele conta que "... os prisioneiros são tão positivos, ansiosos para trabalhar e viver em uma comunidade, que parece até bom demais para ser verdade".
Muitas medidas foram tomadas para tornar a prisão ecologicamente responsável e sustentável. Os poucos carros na ilha foram todos convertidos em biodiesel e grande parte do transporte e do trabalho na ilha é feita utilizando seis cavalos.
Grande parte das instalações da prisão são aquecidas por madeira e uma maioria da energia necessária é gerada por seus resíduos. Ao promover um senso de responsabilidade com os animais da ilha e pela sua natureza, os funcionários da prisão esperam incutir forte ética dos direitos dos prisioneiros.
Presos de outras unidades devem mostrar bom comportamento para conseguir uma transferência para Bastøy. Um dos presos mais famosos de presídio foi Arnfinn Nesset, que matou 22 pessoas, convertendo-se em um dos mais infames assassinos em série da Noruega. Surpreendentemente, ele ficou preso por apenas 12 anos e foi libertado por bom e exemplar comportamento.
Espen diz que no início ele ficou um pouco nervoso ao interagir com os prisioneiros, alguns dos quais assassinos. Mas logo percebeu que não representavam uma ameaça real, já que todos parecem estar muito bem. A foto mostra uma prisioneiro que trabalha como zelador da delegacia da ilha.
Não há muros ou cercas na ilha. Nos 32 anos, desde que Bastøy foi aberto, aconteceu apenas uma tentativa de fuga, quando um preso tentou pegar um barco com um amigo que veio visitá-lo. Eles acabaram naufragando e foram capturados. Há um forte incentivo para que ninguém tente fugir: se qualquer prisioneiro for pego, é enviado de volta para um presídio mais rigoroso, certamente muito pior do que Bastøy. Na foto um guarda e um prisioneiro esperam, em uma das docas, pela balsa que leva e traz os funcionários.
Os prisioneiros encontram boa integração com os guardas em Bastøy e muitos se tornam grandes amigos. Em um presídio normal o cotidiano dos detentos é controlado com muito mais rigor, mas em Bastøy, eles devem apenas seguir algumas regrinhas: manter os horários de trabalho que eles mesmos escolheram e estabeleceram, fazer sua própria comida, e relatar que as tarefas foram cumpridas. Os presos também devem participar de seminários anti-violência e, se necessário, frequentar aulas de formação anti-droga.
Os prisioneiros não podem ter telefones celulares, mas tem a sua disposição cinco cabines telefônicas com linha aberta, que podem utilizar duas vezes ao dia, de manhã e à noite. Os presos tem o direito de receber a visita de 3 pessoas no final de semana. Durante estas visitas, eles podem ter relações sexuais com seus convidados.
Por muitos motivos o presídio de Bastøy é bem sucedido. Nas prisões fechadas há uma cultura de violência e forte animosidade entre guardas e prisioneiros, bem como entre os próprios presos. Ali não há qualquer tipo de violência e não é incomum ver guardas jogando cartas com os presos.
Uma prisão como Bastøy também é muito mais barata para ser gerenciada, uma vez que requer menos guardas em tempo integral e também menos instalações.
Os índices de reincidência no presídio de Bastøy são muito baixos e não superam os 16%. O diretor da prisão, Arne Nilsen, diz que muitas vezes recebe cartões postais de ex-prisioneiros, elogiando Bastøy e agradecendo por que a prisão ajudou os a mudar sua vida para melhor.
Eispen também acredita que este conceito de prisão é uma forma positiva. - "Isso realmente traz as pessoas de volta à sociedade. A ideia de trancar as pessoas como animais não está funcionando, por isso parece ser bastante lógico que este modelo seja utilizado em outros locais".
Excluindo-se as poucas áreas proibidas, como a praia de turistas, os presos podem se locomover por onde quiserem com suas bicicletas.
Um preso de Bastoy tomando um banho de sol no verão.
Visão aérea parcial da Ilha de Bastoy.
Outro preso da prisão de Bastoy aproveitando as poucas horas de sol no verão.
O presídio de Bastøy está localizado neste fiorde da seguinte foto, o de Oslo e faz parte do município de Horten.
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