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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Está o petróleo detrás da loucura do golpe de estado de Washington na Venezuela? (*) Por F. William Engdahl

aviagemdosargonautas.net


By franciscogtavares


america latina 1

Obrigado a F. William Engadahl
Engdahl WilliamPor F. William Engdahl

Venezuela 14 está o petróleo detrás 1

No dia 23 de janeiro, o vice-presidente norte-americano Pence enviou uma mensagem via Twitter dizendo que Washington reconheceu o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, de 35 anos, como o “legítimo” presidente do país problemático, e não o eleito presidente Maduro. 

O facto de ter sido primeiro Pence e não o presidente dos Estados Unidos, que parecia forçado a jogar às escondidas, diz muito sobre a intervenção. A questão é se o petróleo foi a razão, como afirmou o conselheiro do Conselho de Segurança neoconservador John Bolton, ou outra coisa qualquer. As evidências sugerem outra coisa, mas que outra coisa?

O “reconhecimento” de Washington de Guaidó como presidente “legítimo” da Venezuela não é apenas uma flagrante violação do direito internacional. Ele leva-nos às repetidas promessas de campanha de Donald Trump de parar com a ingerência dos EUA nos assuntos internos de outros países. 
A tentativa de golpe está a ser conduzida no terreno pelos mesmos operadores criminosos, chamem-lhes o Estado profundo, que estavam por trás das operações de mudança de regime das repetidas Revoluções Coloridas da Ucrânia à Líbia, incluindo o CANVAS [1] e o substituto da CIA, a National Endowment for Democracy. Muitos estão perguntando porque razão, depois de vinte anos de versões de Chavez e Maduro da economia socialista central, neste momento Washington dá um passo tão descarado e perigoso. Uma explicação é o petróleo, mas se assim for, não num sentido simples poderão alguns pensar.

Em entrevista à Fox News após as alegações dos EUA de que Guaidó era o legítimo presidente interino, John Bolton declarou que, além de afirmar que Maduro era “autoritário” como razão para a mudança de Washington, o petróleo era um fator importante. Bolton disse à Fox News, “Estamos a olhar para os ativos petrolíferos… Estamos a conversar com importantes empresas americanas agora“, continuou ele. 

Então ele fez esta observação bizarra, tanto mais que os EUA afirmam hoje ser o primeiro produtor mundial de petróleo: “Fará uma grande diferença económica para os Estados Unidos se pudermos ter empresas petrolíferas americanas realmente investindo e produzindo as capacidades petrolíferas potenciais da Venezuela“. Como isso “tornaria a América grande novamente”, ele não disse.

As maiores reservas do mundo?

É verdade que, oficialmente, a Venezuela afirma possuir as maiores reservas de petróleo do mundo, estimadas em 297 mil milhões de barris em 2010, maiores até do que as da Arábia Saudita. Isso faz uma manchete impressionante, mas é enganador.

Para além do facto de o golpe brando de Washington ser dificilmente a prioridade urgente dos Estados Unidos de hoje, nem do Presidente dos EUA, as afirmações de que se trata de petróleo são exageradas, o que constitui claramente uma ilusão por parte de John Bolton e outros, a menos que se integre num grande esquema para voltar a forçar os preços mundiais do petróleo para mais de 100 dólares por barril. Ter a Valero Energy ou a Chevron a refinar o petróleo da Venezuela nas refinarias norte-americanas da Costa do Golfo, ao contrário do que afirma o senador pro-golpe Marco Rubio, não será uma importante fonte de emprego para os EUA. A refinação de petróleo é uma indústria altamente automatizada com um input muito pequeno de mão-de-obra.

Mas é também necessária uma análise mais detalhada dos números das reservas de petróleo da Venezuela. A maior parte dos recursos petrolíferos da Venezuela está localizada no que era conhecido como Cintura do Orenoco, hoje Cintura Hugo Chávez. Na década de 1990, as “reservas comprovadas” da Venezuela foram estimadas em 60 mil milhões de barris, uns meros 20% da estimativa atual. Desde que Chávez assumiu o poder em 1999, a Venezuela descobriu novas jazidas de petróleo? Não. Descobriu a economia em mutação do aumento dos preços mundiais do petróleo no período de 1999 a 2014. Como as areias betuminosas pesadas de Athabasca no Canadá, o petróleo bruto pesado do Orinoco na Venezuela tornou-se subitamente rentável, ou seja, enquanto os preços mundiais do petróleo permanecessem acima de US$ 100 por barril.

Temos de analisar a definição de reservas comprovadas. A Securities & Exchange Commission dos EUA definiu-a como “as quantidades de petróleo e gás que, através da análise de dados de geociência e engenharia, podem ser estimadas com razoável certeza como sendo economicamente produzíveis…“. Quando os preços do petróleo na década de 1990 estavam bem abaixo dos 40 dólares o barril, não era economicamente possível produzir petróleo da Venezuela a partir da enorme região do Orenoco. O petróleo é um tipo de alcatrão pesado semelhante ao das Areias Betuminosas de Athabasca no Canadá. De modo que a vasta reserva de óleo de alcatrão, petróleo não convencional, não era economicamente produzível, ou seja, não mais “reservas comprovadas” segundo a definição padrão. 
É necessária muita energia para refinar um barril de petróleo pesado do Orenoco. 

Ele deve ser processado em refinarias especiais. A tecnologia necessária para recuperar o petróleo bruto ultra-pesado da Cintura do Orenoco é muito mais complexa e cara do que o petróleo de xisto saudita, russo ou mesmo americano.


Quando os preços mundiais do petróleo colapsaram em 2014 para menos de US$ 30 por barril, a Venezuela deveria ter ajustado as reservas drasticamente para baixo. Isso não aconteceu. Negligenciou a redução das “reservas economicamente recuperáveis”.
O preço atual do petróleo para a West Texas Intermediate ronda os 55 dólares por barril. Além disso, as sanções dos EUA reduziram severamente a produção de petróleo convencional na Venezuela, a maior parte dos quais, 500 mil barris diários vão para os EUA.


Agora as novas sanções dos EUA têm como alvo a companhia petrolífera estatal nacionalizada, PDVSA. As empresas americanas estão proibidas de fazer negócios com a PDVSA. As sanções americanas também ditam que qualquer receita proveniente da venda de petróleo seja depositada num depósito a ser administrado pelo “governo” de Juan Gauidó, um movimento que pode levar Maduro a simplesmente parar as exportações dos EUA, empurrando os preços da gasolina dos EUA para cima.


Além disso, como o petróleo da Venezuela é extremamente pesado, deve ser diluído com diluentes químicos especiais. Esses diluentes ou agentes de diluição são essenciais para que o óleo pesado do tipo melaço possa ser transportado por oleodutos. A PDVSA comprou até esta semana todos os diluentes de fornecedores norte-americanos. Agora isso é proibido e encontrar substitutos, mesmo no Canadá, não é provável.

A China entra

Em 1988, antes de Chávez, a PDVSA trabalhou com a BP para patentear a sua própria emulsão de petróleo chamada Orimulsion, para transformar as reservas pesadas do Orenoco num combustível comercial. 
A invenção permitiu que o óleo pesado venezuelano fosse vendido a um preço competitivo com o carvão. 
No entanto, por razões não totalmente claras, em 2007 o regime de Chávez vendeu à China uma fábrica de Orimulsão que produzia 100 mil barris de petróleo por dia. A fábrica tinha sido construída com um empréstimo chinês. O ministro de Energia de Chávez, Rafael Ramírez, anunciou que a PDVSA estava a pôr termo à produção de Orimulsão, argumentando que o seu processamento não era “um uso apropriado para os crudes extrapesados venezuelanos (sic)”. Ele concedeu a patente Orimulsion a empresas petrolíferas chinesas, presumivelmente para algum alívio da dívida.


Hoje, o governo de Maduro envia uma parte importante das suas exportações de petróleo remanescentes em lugar do pagamento da dívida, para a China, e também menos (menos dívida) para a Rússia. A Venezuela deve à China cerca de US$ 60 mil milhões. 

Essas enormes dívidas cresceram dramaticamente depois que, em 2007, o Fundo Conjunto China-Venezuelana, criado naquele ano por Chávez, permitiu que a Venezuela tomasse empréstimos da China em parcelas de até US$ 5 mil milhões e pagasse com remessas de petróleo bruto.

Isto significa que a menos que haja um aumento dramático nos empréstimos da China ou outra ajuda ao regime de Maduro no meio das últimas sanções dos EUA, as possibilidades de que a Venezuela exporte petróleo para o mercado mundial em troca de moeda forte vital no meio de uma hiperinflação estimada em cerca de 60.000% ao ano ou mesmo mais de um milhão segundo as projeções do FMI, desapareceram.

O resultado tardio dessas últimas sanções do Tesouro de Trump criou agora um pico nos preços do petróleo que pode vir a assombrar as esperanças de Trump de uma economia forte em 2020.

À medida que a guerra de duplo poder na Venezuela se arrasta, ou mesmo tenha uma escalada para uma sangrenta guerra civil, a perspetiva de reconstruir os restos mortais da PDVSA, mesmo que a ExxonMobil ou a Chevron comprassem uma entidade privatizada, permanece a anos de distância.

Deixando de lado se Maduro é ou não um santo, a decisão do presidente Trump de apoiar o apelo de Bolton-Pence para uma intervenção dos EUA na Venezuela poderá revelar-se um erro fatal para a presidência Trump. Ele devia perceber isso, pelo que a questão é saber se, neste caso, alguém lhe está a apontar uma arma, no sentido literal ou figurado, à cabeça.

(*) Em vista das dúvidas levantadas pelo penúltimo parágrafo do texto original, William Engdahl autorizou a sua supressão na presente edição.
Texto disponível em https://journal-neo.org/2019/02/03/is-oil-behind-washington-s-venezuela-coup-madness/
Nota
[1] N.T. Centre for Applied Nonviolent Action and Strategies, fundado em Belgrado em 2004, tem sido acusado de ser um exportador de revoluções, por governos como o da Bielorússia e Irão e da Venezuela. Em dezembro de 2013 Steve Horn e o cofundador de US Uncut Carl Gibson publicaram um artigo que procurava lançar luz sobre as ligações de Popović com Stratfor, e criticava-o pela sua aprentemente extensa interação com os analistas de Stratfor, que ia desde lhes passar-lhes informação secreta até convidá-lo spara o seu casamento. O artigo granjeou fortes críticas de Andy Bichlbaum  (que serviu com na administração de Waging Nonviolence na época). Gibson e Horn mantiveram as suas críticas, salientando que Popović funcionou como ligação entre Stratfor e Muneer Satter, a proeminente banqueiro de investimento que trabalhava na altura para a Goldman Sachs e que o financiamento de CANVAS era obtido através do embaixador dos EUA Michael McFaul. Em fevereiro de 2014, Wikileaks de novo chamou a atenção para a relação entre CANVAS e Stratfor, particularmente em relação à Venezuela (vd. https://en.wikipedia.org/wiki/Centre_for_Applied_Nonviolent_Action_and_Strategies#Controversy )
O autor: F. William Engdahl (1944-) é consultor e professor de riscos estratégicos, é licenciado em política pela Universidade de Princeton e tem uma pós-graduação em economia comparada pela Universidade de Estocolmo.
Palestrou sobre Geopolítica Contemporânea na universidade de Tecnologia Química, em Pequim e outras conferências: no ministério de Ciência e Tecnologia em Pequim (Conferência sobre Energia Alternativa); London Centre for Energy Policy Studies of Hon. Sheikh Zaki Yamani; Turkish-Eurasian Business Council of Istanbul, Global Investors’ Forum (GIF) Montreaux Switzerland; Bank Negara Indonesia; the Russian Institute of Strategic Studies; the Chinese Ministry of Science and Technology (MOST), Croatian Chamber of Commerce and Economics.
Colabora regularmente com diversas publicações internacionais sobre economia e assuntos políticos, nomeadamente, Asia Times, FinancialSense.com, 321.gold.com, The Real News, RT.com OpEdge, RT TV, Asia Inc., GlobalResearch.com, Japan’s Nihon Keizai Shimbun e Foresight magazine. Colaborador frequente do New York Grant’sInvestor.com, European Banker and Business Banker International, Globus in Croatia.
É autor da revista online “New Eastern Outlook”.
Autor de best-sellers sobre petróleo e geopolítica:
  • Manifest Destiny: Democracy as Cognitive Dissonance. mine.books, 2018
  • The Lost Hegemon: Whom the gods would destroy. mine.books, 2016
  • Target: China — How Washington and Wall Street Plan to Cage the Asian Dragon. San Diego: Progressive Press, 2014. German and Chinese editions published 2013.
  • Myths, Lies and Oil Wars. Wiesbaden: Edition.Engdahl, 2012.
  • Gods of Money: Wall Street and the Death of the American Century. edition.engdahl, 2010, ; Progressive Press, 2011,
  • Full Spectrum Dominance: Totalitarian Democracy in the New World Order. Boxboro, MA: Third Millennium Press, 2009, ; Progressive Press, 2011,
  • Seeds of Destruction. The Hidden Agenda of Genetic Manipulation., Centre for Research on Globalization Publishing 2007,
  • A Century of War: Anglo-American Oil Politics and the New World Order. London: Pluto 2004, rev. ed., 303 p., ill., ; Progressive Press, 2012, 339 p.,

1 comentário:

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