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(Por Vítor Lima, 09/02/2019)
Aproveito o texto do Pacheco para sublinhar uma questão pouco colocada no seio da estreiteza intelectual e política que se vive na paróquia lusa. A questão das ORDENS PROFISSIONAIS, essa emanação corporativa de tempos medievais, onde o acesso a uma profissão já era resultante do poder dos mestres, sobre os seus familiares e ajudantes.
Espanta, como num cenário político e económico tão neoliberal, com o sublinhar do empreendedorismo, da competitividade, existem Ordens de onde exala um fedor medieval e oligárquico. Salazar nunca conseguiu levar até ao fundo o seu projeto de “Estado Corporativo” e é interessante verificar a criatividade do regime pós-fascista (leia-se PS/PSD) no aprofundamento da ordem corporativa a muitas mais profissões do que Salazar conseguiu.
De memória, registo algumas dessas corporações. As dos advogados e dos médicos, empórios poderosos já vindos do salazarismo; e as novas, dos dentistas, dos psicólogos, dos enfermeiros, dos veterinários, dos contabilistas “certificados” (?) dos arquitetos, dos notários, dos biólogos, dos despachantes oficiais, dos engenheiros, dos veterinários, nutricionistas, solicitadores, agentes de execução. Há ainda uma para economistas mas parece que é apenas um espaço de encontros e debates entre gente livre.
É muito sentida a falta de Ordens para arrumadores de carros, condutores da Uber, canalizadores, eletricistas, reparadores das linhas telefónicas, pedreiros, vidraceiros… É injusta a discriminação!
Acho que este texto deveria ser autonomizado e publicado na Estátua de Sal para que todos o possam ler e discutir; talvez, em contrapartida de tantas cópias vindas da pobre imprensa portuguesa, colocadas à disposição dos leitores da Estátua.
(N.E. – A Estátua aceitou o repto/conselho e aqui está o texto)
Aproveito o texto do Pacheco para sublinhar uma questão pouco colocada no seio da estreiteza intelectual e política que se vive na paróquia lusa. A questão das ORDENS PROFISSIONAIS, essa emanação corporativa de tempos medievais, onde o acesso a uma profissão já era resultante do poder dos mestres, sobre os seus familiares e ajudantes.
Se um Estado reconhece um diploma emanado das suas próprias instituições (tenho mais dúvidas em relação a instituições privadas de venda de diplomas), o diplomado deveria ficar livre de tutelas corporativas de grupos mais ou menos mafiosos de profissionais encartados que se arrogam ao direito de condicionar a entrada de jovens na profissão que escolheram e depois de tecnicamente tomados como habilitados a tal.Os gangs que dominam as Ordens arrogam-se ainda ao direito de exigir estágios remunerados algures, que os jovens deverão encontrar (!! ) como acontece entre os psicólogos, pelo menos; para além dos estágios e formações tomados obrigatórios pelos oligarcas da profissão e pagos, claro, pelos estagiários e suas famílias; mesmo antes de exercerem a profissão, os jovens têm de estar inscritos na sua Ordem e pagar quotas mesmo que desempregados ou com empregos de merda (para utilizar a excelente expressão cunhada por David Graeber, pouco conhecido na paróquia)
Espanta, como num cenário político e económico tão neoliberal, com o sublinhar do empreendedorismo, da competitividade, existem Ordens de onde exala um fedor medieval e oligárquico. Salazar nunca conseguiu levar até ao fundo o seu projeto de “Estado Corporativo” e é interessante verificar a criatividade do regime pós-fascista (leia-se PS/PSD) no aprofundamento da ordem corporativa a muitas mais profissões do que Salazar conseguiu.
De memória, registo algumas dessas corporações. As dos advogados e dos médicos, empórios poderosos já vindos do salazarismo; e as novas, dos dentistas, dos psicólogos, dos enfermeiros, dos veterinários, dos contabilistas “certificados” (?) dos arquitetos, dos notários, dos biólogos, dos despachantes oficiais, dos engenheiros, dos veterinários, nutricionistas, solicitadores, agentes de execução. Há ainda uma para economistas mas parece que é apenas um espaço de encontros e debates entre gente livre.
É muito sentida a falta de Ordens para arrumadores de carros, condutores da Uber, canalizadores, eletricistas, reparadores das linhas telefónicas, pedreiros, vidraceiros… É injusta a discriminação!
Acho que este texto deveria ser autonomizado e publicado na Estátua de Sal para que todos o possam ler e discutir; talvez, em contrapartida de tantas cópias vindas da pobre imprensa portuguesa, colocadas à disposição dos leitores da Estátua.
(N.E. – A Estátua aceitou o repto/conselho e aqui está o texto)
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