Escritório de advogados de Proença de Carvalho defende motorista de Sócrates
A sociedade de que Daniel Proença de Carvalho é sócio presidente tem, afinal, intervenção no processo no âmbito do qual o ex-primeiro-ministro José Sócrates foi detido. Não através do conhecido advogado, mas de um jovem defensor, Daniel Bento Alves, que representa o motorista do antigo governante, João Perna, detido na passada quinta-feira no contexto deste caso.O PÚBLICO tentou sem sucesso contactar Daniel Proença de Carvalho e a assessoria de imprensa da sociedade Uría Menéndez – Proença de Carvalho não quis comentar a informação avançada pelo Tribunal Central de Instrução Criminal. O conhecido advogado já tinha garantido ao PÚBLICO que não tinha sido contactado para defender Sócrates.
“Nem sequer fomos contactados para representar José Sócrates”, assegurou Proença de Carvalho, afirmando, porém, que o ex-primeiro-ministro continua a ser seu cliente em vários outros casos – nos quais é queixoso, e não suspeito. Muitas destas acções são contra órgãos de comunicação social.
Daniel Bento Alves é advogado desde 2010, mas faz parte daquela sociedade desde 2007, o que indica que terá estagiado naquele escritório. De acordo com o portal na Internet daquela sociedade, o advogado trabalha principalmente na área de contencioso, arbitragem e direito penal.
Recorde-se que o PÚBLICO noticiou nesta segunda-feira que o motorista João Perna iria periodicamente de automóvel a Paris entregar dinheiro vivo ao ex-primeiro-ministro, em somas que atingiam dezenas de milhares de euros.
Proença de Carvalho é advogado do ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, que foi detido para interrogatório em Julho no âmbito do processo Monte Branco, considerado o maior caso de fraude fiscal e branqueamento de capitais de sempre em Portugal.
O advogado tem, porém, um currículo que ultrapassa a esfera da advocacia, tendo desempenhado vários cargos a nível político e empresarial. Foi ministro da Comunicação Social no Governo (1978/79) liderado por Mota Pinto (PSD), presidente da RTP entre 1980 e 1983 e presidente do conselho de administração da Arpad Szènes-Vieira da Silva (1993/2007). Actualmente é presidente da assembleia geral da Galp Energia, da Socitrel e da Renova. É também presidente do conselho de curadores da Fundação Champalimaud.
Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra em 1967. Dois anos depois entrou como inspector para a Polícia Judiciária, de onde saiu em 1969. Dedicou-se à política depois de Abril de 1974, tendo sido militante do PS.
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