Sobre a prisão de Sócrates – Contra-revolução em marcha
- Publicado em: 22-11-2014
A rocambolesca e provocatória prisão de José Sócrates realizada ontem à noite pela Policia Judiciária constitui um verdadeiro golpe de Estado em curso, desencadeado por intermédio daquela polícia e que visa directamente os partidos à esquerda do PSD.
Como é sabido, o PCTP/MRPP nunca morreu de simpatias por José Sócrates e pelo seu governo, um dos piores que o país teve.
Mas não é isso que agora está em causa, quando a Polícia Judiciária, pela mão de famigerados justiceiros como Rosário Teixeira, com a cobertura de agentes do Ministério Público e de juízes como Carlos Alexandre, depois de ter abortado prematuramente a Operação Labirinto no caso dos vistos gold, permitindo que Miguel Macedo e outros altos quadros do Estado, do governo e do PSD pudessem escapar à prisão; depois de deixar à solta Ricardo Salgado, chefe do maior gang de gatunos e financiador das campanhas eleitorais de Cavaco e do PSD, e de não tocar em Paulo Portas e Durão Barroso, a mesma PJ e ministério público decidem precisamente prender uma importante figura do Partido Socialista, com quem os actuais dirigentes do PS mais se identificam politicamente.
Isto não sucede, obviamente, por acaso e segue-se a anteriores operações de assassinato político contra altos dirigentes do PS, como foi o caso de Ferro Rodrigues e, mais recentemente, com a aplicação de pesada pena de prisão a Armando Vara.
O PCTP/MRPP considera que a actuação da Polícia Judiciária, do ministério público e da polícia política (as secretas SIRP e CIS, que são quem, em boa verdade e na sombra mandam de forma incontrolável) é apenas orientada para atingir e perseguir os partidos de esquerda e consolidar o poder do actual governo e coligação de traição nacional PSD/CDS, impondo-se, por isso, a adopção de medidas urgentes e radicais em matéria de composição dos Conselhos Superiores da Magistratura e do Ministério Público e das polícias políticas para travar o golpe de estado em curso.
Por último, o PCTP/MRPP não pode deixar de denunciar o facto de o presidente da República estar a colaborar objectivamente com aquele plano, pois fecha os olhos e deixa passar uma situação que é, para todos os efeitos, de manifesto irregular funcionamento das instituições democráticas e de crise constitucional, e se recusa a usar dos seus poderes para dissolver a Assembleia da República e marcar logo as novas eleições legislativas, que dê uma nova oportunidade à democracia constitucional.
Lisboa, 22 de Novembro de 2014
A Comissão de Imprensa
do PCTP/MRPP
do PCTP/MRPP
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