Roteiros
Durante a ditadura Portugal estava isolado internacionalmente e eram raras as viagens diplomáticas, os presidentes só saíam de Belém para ficarem com a fama de corta-fitas, Salazar detestava sair de Portugal, Marcelo (o Caetano porque as viagens políticas do outro ficaram por um mergulho no meio dos cagalhões do Tejo) fê-lo raramente e as poucas viagens do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, que ficou famoso por causa do xixi nas calças” no 25 de Abril, eram noticiadas como grandes acontecimentos internacionais.
Com a democracia Portugal afirmou-se internacionalmente e uma opinião pública pouco habituada a ver governantes viajar começou a tratar o assunto com humor, dizia-se que Deus estava em todo o lado e Mário Soares já lá tinha iido. Hoje as viagens entraram na rotina e algumas personagens que chegam ao governo tiram a barriga de misérias, chegando a criar mal-estar no governo com os seus excessos turísticos, como ainda recentemente se disse de Nuno Crato.
Agora todos os governantes, desde o mais desconhecido secretários de Estado ao presidente fazem diplomacia e enchem a “barriguinha” de viagens, nalgumas comitivas viajam aos dois, três e mesmo quatro ou mais governantes, são aviões a abarrotar de gente a viajar em classe executiva que depois enchem alas de hotéis de cinco estrelas, tudo à conta dos contribuintes,
Seria interessante saber quantos trabalhadores com ordenado mínimo, o tal que não podia ser aumentado por causa da competitividade, terão de pagar impostos (IVA e IRS) para suportarem uma única viagem de Cavaco Silva à Índia, enfim, uma pitada do usual populismo do tipo cavaquista não faz mal a ninguém, China ou como a que está fazendo agora ao Dubai. Até se poderia fazer as mesmas contas em relação à famosa visita do casal presidencial da Fonte de Boliqueime à Capadócia.
É evidente que as relações públicas da presidência e dos ministérios, tal como sucedia nos tempos de Rui Patrício, encarregam-se de passar a mensagem de que estas viagens dão grandes lucros, os empresários do Dubai irão comprar dívida soberana com juros mais baixos. As viagens de Portas são recheadas de grandes contratos e vendas em massa do Magalhães do agora maldito Sócrates, produzido por uma empresa que em tempos também foi investigada.
O problema é que em mais de três anos não se conhece uma única empresa que tenha vindo investir em Portugal na sequência destas centenas de viagens. Poderão dizer que pode levar mais tempo, nesse caso direi que em 8 anos de mandato presidencial de Cavaco Silva não me recordo de alguma empresa ter vindo estimulada pelos seus discursos e não tenho qualquer dúvida de que tal sucedesse o sarrabulho seria tanto que a notícia até chegaria à sonda Rosetta que está estacionada no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, mesmo que já esteja sem pilhas.
Há algo de errado quando os representantes do Estado enchem o papo em viagens de luxo com comitivas que fazem lembrar a de D. João II ao Vaticano e depois nada se saiba sobre o que gastara, como gastaram (excepção feita à visita desejada pela D. Maria a Capadócia) e quais os benefícios. Talvez fosse uma boa ideia de Cavaco Silva dedicar um volume dos seus roteiros às viagens, dizendo onde foi, com quem foi, porque foi, quanto gastou e que resultados foram alcançados. A ideia é extensível a Paulo Portas, outro governante itinerante, ou a ministros como o já famoso Nuno Crato.
Com a democracia Portugal afirmou-se internacionalmente e uma opinião pública pouco habituada a ver governantes viajar começou a tratar o assunto com humor, dizia-se que Deus estava em todo o lado e Mário Soares já lá tinha iido. Hoje as viagens entraram na rotina e algumas personagens que chegam ao governo tiram a barriga de misérias, chegando a criar mal-estar no governo com os seus excessos turísticos, como ainda recentemente se disse de Nuno Crato.
Agora todos os governantes, desde o mais desconhecido secretários de Estado ao presidente fazem diplomacia e enchem a “barriguinha” de viagens, nalgumas comitivas viajam aos dois, três e mesmo quatro ou mais governantes, são aviões a abarrotar de gente a viajar em classe executiva que depois enchem alas de hotéis de cinco estrelas, tudo à conta dos contribuintes,
Seria interessante saber quantos trabalhadores com ordenado mínimo, o tal que não podia ser aumentado por causa da competitividade, terão de pagar impostos (IVA e IRS) para suportarem uma única viagem de Cavaco Silva à Índia, enfim, uma pitada do usual populismo do tipo cavaquista não faz mal a ninguém, China ou como a que está fazendo agora ao Dubai. Até se poderia fazer as mesmas contas em relação à famosa visita do casal presidencial da Fonte de Boliqueime à Capadócia.
É evidente que as relações públicas da presidência e dos ministérios, tal como sucedia nos tempos de Rui Patrício, encarregam-se de passar a mensagem de que estas viagens dão grandes lucros, os empresários do Dubai irão comprar dívida soberana com juros mais baixos. As viagens de Portas são recheadas de grandes contratos e vendas em massa do Magalhães do agora maldito Sócrates, produzido por uma empresa que em tempos também foi investigada.
O problema é que em mais de três anos não se conhece uma única empresa que tenha vindo investir em Portugal na sequência destas centenas de viagens. Poderão dizer que pode levar mais tempo, nesse caso direi que em 8 anos de mandato presidencial de Cavaco Silva não me recordo de alguma empresa ter vindo estimulada pelos seus discursos e não tenho qualquer dúvida de que tal sucedesse o sarrabulho seria tanto que a notícia até chegaria à sonda Rosetta que está estacionada no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, mesmo que já esteja sem pilhas.
Há algo de errado quando os representantes do Estado enchem o papo em viagens de luxo com comitivas que fazem lembrar a de D. João II ao Vaticano e depois nada se saiba sobre o que gastara, como gastaram (excepção feita à visita desejada pela D. Maria a Capadócia) e quais os benefícios. Talvez fosse uma boa ideia de Cavaco Silva dedicar um volume dos seus roteiros às viagens, dizendo onde foi, com quem foi, porque foi, quanto gastou e que resultados foram alcançados. A ideia é extensível a Paulo Portas, outro governante itinerante, ou a ministros como o já famoso Nuno Crato.
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