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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Memories - Comemora-se hoje o Dia Nacional dos Moinhos. Quando era miúdo tinha um enorme fascínio por moinhos, fossem eles de vento ou de maré. Sempre que passava por algum, deixava a imaginação voar lá para dentro e sonhava em transformá-lo em habitação

Memories



Comemora-se hoje o Dia Nacional dos Moinhos. Quando era miúdo tinha um enorme fascínio por moinhos, fossem eles de vento ou de maré. Sempre que passava por algum, deixava a imaginação voar lá para dentro e sonhava em transformá-lo em habitação. Estive quase a concretizar o sonho no final dos anos 70 mas, quando um casal amigo comprou um e o transformou no seu ninho de fim de semana, percebi que o melhor seria mesmo poder frequentar os moinhos dos outros.
Nessa altura também já perdera o misticismo pelos moleiros que pensava serem trabalhadores braçais de vida dura, que nunca abandonava o moinho. Conhecera alguém que tinha uma dúzia de moinhos e pedi-lhe para falar com um moleiro. O pedido foi satisfeito mas quando cheguei à fala com o moleiro tive uma enorme decepção. Afinal ele não vivia no moinho. Nem sequer lá trabalhava. A conversa no entanto foi útil, porque desfez alguns mitos que eu construíra desde miúdo.
Aquele moleiro com quem conversei ao longo de umas horas num café em Ribamar explicou-me que a sua função era supervisionar os moinhos do proprietário, contratando gente para lá trabalhar e garantindo que quem lá trabalhava cumpria com afinco a tarefa de manejar os engenhos. Fiquei a saber que as coisas se passavam assim há muitas gerações e que o moinho era apenas mais um lugar onde a exploração do trabalho era feita em cadeia, sendo o elo mais fraco o “bandeja”, um trabalhador rural vindo do interior do país em demanda de melhores condições de vida.
Desde então perdi parte do fascínio pelos moinhos, mas ainda guardo na memória a recordação daquele seu rumorejar tão típico, que faz parte dos sons oníricos da minha infância.

Num futuro próximo, estes serão os únicos moinhos que as crianças conhecerão. Pergunto-me se vão despertar os mesmo sonhos e devaneios das crianças do meu tempo. Uma coisa tenho a certeza. Nenhuma criança sonhará em viver num destes moinhos, nem se deixará iludir pela figura mítica do moleiro. Ou estarei enganado?

cronicasdorochedo.blogspot.pt

2 comentários:

José Gonçalves Cravinho disse...

Prezado amigo António Garrochinho,digo que gostei de ler êste apontamento sôbre os moínhos e foi pena na figurar na gravura o típico moínho português ou algarvio como aquele em que o meu falecido pai trabalhou.O meu pai foi trabalhador do campo e moleiro de profissão tanto de moínhos de vento como azenhas,mas não era proprietário dos moínhos em que trabalhou.Remover e virar a mó para picar,era um trabalho muito pesado e exigia muita cautela,pois meu pai contava que um moleiro havia ficado esmagado pela mó que lhe caíu em cima.Aqui deixo uns versos que o meu pai me ensinou. É triste a vida do burro/mas mais triste é a do moleiro/que antes de carregar o burro/carrega-se êle primeiro.

Garrochinho disse...

obrigado José ! pois amigo nesta série de moinhos não estão aí alguns que são os típicos mas a maior parte são portugueses (90%). Já antes tinha aqui publicado várias postagens sobre moinhos, inclusive os da minha terra e brevemente regressarei ao tema pois é uma temática de que também gosto. Muito obrigado por acompanhar o desenvolturas e desacatos e pelos seus comentários. Um abraço amigo.