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segunda-feira, 7 de abril de 2014

HISTÓRIA DA GUERRA COLONIAL 18ª PARTE - LÍDERES DA GUERRILHA AFRICANA - SAMORA MACHEL - O ASSASSINATO DE EDUARDO MONDLANE - ACORDO DE ALVOR - VÍDEOS


Portugal e os ventos da História 

Nas Colónias europeias, nunca deixou de haver movimentos de oposição e resistência à presença das potências coloniais. Ao longo do século XX, essa resistência foi mantida em especial pelas elites urbanas, muitas vezes com prolongados contactos com a cultura da própria metrópole. 
Mas foi, sem dúvida, a II Guerra Mundial que acabou por criar condições especificamente vantajosas para o crescimento dos sentimentos nacionalistas e para o questionamento das situações de dependência. A libertação foi o conceito dominante de toda a acção das potências europeias vencedoras. A celebração da vitória da liberdade não poderia deixar de se repercutir nas colónias, até porque muitos dos seus filhos haviam contribuído, com duros custos, para essa conquista. 
Bem se poderia dizer que comemorar tão limitadamente a vitória da libertação era deixar fora da festa todos os que, não sendo europeus, continuavam, afinal, submetidos e dependentes. A Europa não podia esperar outra coisa que não fosse a exigência de aplicação do mesmo princípio libertador nas relações de dependência colonial. Aliás, no Extremo Oriente, o Japão, enquanto potência invasora dos domínios europeus, demonstrara a possibilidade de vencer a Europa e soubera criar novas apetências de autogoverno. 
Para os povos dominados, não fazia sentido comemorar a vitória da liberdade, se se continuasse a entender que ela não devia aplicar-se às relações coloniais. Por outro lado, as grandes potências emergentes da II Guerra Mundial, Estados Unidos da América e União Soviética, na disputa de zonas de influência, apoiaram a formação de resistências contra a presença europeia nas suas colónias. Mesmo nos territórios onde o nacionalismo pretendeu preservar o seu próprio processo de luta, a influência das grandes potências esteve invariavelmente presente quer no apoio ideológico e doutrinário, quer no apoio material. 
A organização da resistência ao domínio colonial, revestindo aspectos pacifistas, como na Índia, ou apoiando-se na formação de grupos armados e clandestinos, em conjunto com outras acções violentas, teve sempre em vista a reivindicação fundamental do direito à autodeterminação e à independência. Os países europeus não encararam da mesma forma os movimentos nacionalistas, embora em geral tenham oferecido resistência às ideias independentistas. Mas a generalização da utilização da guerrilha por parte destes movimentos, pondo em causa as técnicas militares clássicas, depressa conduziu à procura de soluções de compromisso, após mais ou menos longos conflitos. 
É desta forma que as colónias europeias do Extremo Oriente, do Médio Oriente e do Norte de África vão adquirindo a sua independência, desde meados da década de 1940. 
A realização da Conferência de Bandung, em 1955, na qual os países não alinhados conseguem, na sequência de anteriores tentativas, definir autonomamente uma resposta concertada aos problemas que, em conjunto, enfrentam, constitui-se no marco fundamental da sua própria afirmação no contexto do mundo bipolar. O facto de os países não alinhados conseguirem levantar uma voz própria fez com que as grandes potências tivessem de considerar, com mais aprofundada ponderação, as reivindicações do chamado Terceiro Mundo, tanto no sentido de manter os equilíbrios internacionais da guerra fria, como no de utilizar os sentimentos e as lutas autonomistas para alargar ou consolidar as suas zonas de influência. 
Neste contexto, as posições europeias foram-se tornando insustentáveis, o que conduziu rapidamente à independência de grande parte dos territórios coloniais, independência conseguida através de difíceis negociações ou conquistada através do recurso a acções armadas mais ou menos prolongadas. 
Portugal não soube preparar-se para negociar soluções. O império colonial, a posse de territórios (possessões, como se chamavam), o domínio ultramarino (domínios), faziam parte do seu imaginário colectivo. É certo que a aventura de além-mar caldeara sentimentos de propriedade, a que o Portugal moderno só muito dificilmente renunciaria. Dobrou-se, finalmente, perante a força dos seus inimigos europeus, que ocuparam o seu primeiro império, o Oriente da pimenta e da noz-moscada. Dessa derrota, ficou recolhido, para séculos, um amargo sabor de impotência, fervendo em lume brando de redenção. 
Fora, porém, tão vasta a aventura de antanho que novo império foi possível construir a Ocidente - o Brasil, do ouro e do açúcar. Mas de novo a roda da História, sem deixar que fosse saciada a infindável sede de possuir infinitos, levou de Portugal o novo império, deixando marcas profundas nas entranhas do «Portugal são». E quando se poderia pensar que estes homens feridos, órfãos da essência dos exotismos perdidos, vergados pela força das circunstâncias, expulsos pelos inimigos de fora e de dentro, desistissem, acertadamente, de exportar as energias de que a terra original tanto carecia, eis que, em cruzada de recurso, encontram, nos sótãos das lembranças marítimas de outrora, espaços para reconstruir o terceiro império. 
Desenhado a rosa no mapa do último tesouro, o império africano definia, de costa a costa, novo espaço de posse. Embora apagado, de chofre, o rosa do mapa, num pérfido ultimato da «aliada», humilhação suprema desafrontada em crepes aos pés do símbolo da Pátria, do bardo do império e da aventura ultramarina, foi ainda possível reconstruir, com os restos do banquete de Berlim, o terceiro império, dos novos «donos» da portugalidade. 
Nesta herança longínqua assentou Portugal a sua última hipótese de se sentir potência, terceiro/quarto império europeu, predestinando-se para a missão civilizadora que sempre soubera misturar habilmente com a rapina, sem ferir demasiado a própria consciência. 
O Estado Novo, levantado pedra a pedra pelas mão de Salazar, insistentemente chamado de Coimbra, onde se acolhera enquanto outros se encarregavam de esmagar as últimas resistências democráticas do débil Portugal republicano, configurou-se na ideia tradicional de possuir um império. Posse por inteiro, com tudo o que contivesse ou viesse a conter: terras, mares, rios, montanhas, homens e mulheres, pretos e brancos.
Principalmente os pretos, porque «devemos organizar cada vez mais eficazmente e melhor a protecção das raças inferiores, cujo chamamento à civilização cristã é uma das concepções mais arrojadas e das mais altas obras da colonização portuguesa», como Salazar ditava. 
Aliás, a ideia do Império será, na existência do regime, a principal base ideológica e a raiz do consenso social necessário à sua sobrevivência. 
Ultrapassada a II Guerra Mundial, que a muitos pareceu altura adequada para se transformar o sistema político, ou pelo menos para se renovar o regime, a verdade é que o Império, mais uma vez feito essência da Nação, desculpou a sua natureza, permitindo-lhe novo fôlego. Contudo, embora a prazo, que a inesperada resistência e solidez do salazarismo prolongou para lá do razoável, as sementes da separação lançadas ao mundo pela filosofia inerente à libertação da Europa viriam a atingir os territórios africanos dominados por Portugal. 
Os «ventos da História», soprando a favor das reivindicações dos povos colonizados, foram vencendo resistências e obstáculos, primeiro no Extremo Oriente, depois no Norte de África e Médio Oriente e, finalmente, na África Negra. Em trinta anos, o mundo alterou radicalmente a sua configuração política, marcando o movimento descolonizador uma das etapas mais impressionantes do mundo contemporâneo.


www.guerracolonial.org

SAMORA MACHEL

Samora Moisés Machel nasceu em 29 de Setembro de 1933, na localidade tradicional de Xilambene, a que os portugueses deram o sugestivo nome de “aldeia da Madragoa”, no colonato do Limpopo, província de Gaza.
O seu avô, Maguivelani, era parente de Gungunhanha, o chefe tradicional que se opôs à colonização, no tempo de el-rei D. Carlos I, e que por isso foi preso em Chaimite por Mouzinho de Albuquerque e deportado para a Europa, vindo a morrer em Angra do Heroísmo, nos Açores.
Samora, cujo nome evocava as terras de Samora Correia, no vale do Tejo, passou a infância a ajudar os pais nos trabalhos  agrícolas e na criação de gado, mas sempre conseguiu algum tempo para fazer a instrução primária com os missionários católicos que se tinham instalado na região.
Durante a adolescência, foi viver para a então Lourenço Marques, hoje Maputo, e completou o curso de enfermeiro, profissão que exercia no Hospital Central da cidade quando em 1962 se criou a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), sob a égide de Eduardo Mondlane, outro elemento da etnia xangane, aparentada com os zulus.


Josina Machel

SAMORA MACHEL E GRAÇA MACHEL










SAMORA MACHEL


Deixando de parte a enfermagem, Samora - que também era Moisés, como o velho condutor do povo judaico - fez-se então á estrada e foi até Tanganica, daí a pouco Tanzânia, alistar-se na guerrilha; e em 1963 já havia notícias dele a receber treino militar na Argélia.
De regresso à pátria de Julius Nyerere, estava então a fazer 31 anos, Samora Machel participou em 1964 nas primeiras colunas da Frelimo que cruzavam o rio Rovuma e se infiltraram na província moçambicana de Cabo Delgado, a fim de aí desencadearem a luta pela independência nacional, independência de um país que só tinha identidade própria porque Portugal aí se instalara, submetendo e congregando os povos bem diversos.
Em 1967 ascendeu a secretário da Defesa no movimento que controlava o Norte do território e dois anos depois, com a morte de Mondlane, vítima de uma carta armadilhada, na Tanzânia, chegou a líder, depois de suplantar facções dirigidas por Lázaro Kavandame e por Uria Simango.
Imbuído do pensamento de Mao Tsetung, transformou a luta de libertação de um território colonizado por uma autêntica revolução popular, criou aldeias comunais, combateu o tribalismo e instituiu o português como língua de unidade entre todos os moçambicanos, que viviam - e vivem - rodeados por territórios onde se fala oficialmente inglês.
Em Setembro de 1974 concluiu, com Portugal, em Lusaca, os acordos de transferencia de soberania, a concretizar em Junho de 1975, durante uma cerimónia no estádio da Machava, junto ao Maputo. Fora tudo demasiado rápido: numa dúzia de anos passara de praticante de enfermagem a Chefe de Estado, com enorme vontade de cumprir mas porventura sem todas as condições necessárias para tal.
Numa época de extremismos, de que mais tarde ele e muitos outros dirigentes da Frelimo se teriam arrependido, nacionalizou a terra, os imóveis urbanos e quase todo o comércio e indústria, levando á fuga da maioria dos portugueses que viviam em Moçambique e que ali mantinham a economia a funcionar.
Generoso, Samora Machel ofereceu bases e auxílio aos guerrilheiros de Robert Mugabe, para que lutassem pela independência do Zimbabwe, acolheu militantes do ANC que combatiam o apartheid sul-africano e reservou na delegação moçambicana na ONU um lugar para José Ramos Horta defender os pontos de vista da Fretilin, favoráveis à autodeterminação de Timor Leste.
A Rodésia/Zimbabwe e a África do Sul vingaram-se dele apoiando a Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), que a partir de 1977 iria lançar a luta armada contra a Frelimo, tal como 13 anos antes a lançara contra Portugal.
Extrovertido, o presidente era uma figura extremamente popular, tanto no seu país como em parte do estrangeiro. Defendia grandes princípios e queria mudar por completo a sociedade, acabando com vícios como a corrupção e a prostituição, mas fê-lo por vezes de forma bastante dura, arrebatando todos os marginais que havia pelas ruas da capital e mandando-os para campos de trabalho no Norte, os chamados “campos de reeducação” de má memória.
Em 1986, decorridos 12 anos de governação cheia de escolhos, o “Tupolev 134A” em que o Presidente regressava de uma reunião na Zâmbia caiu na região sul-africana de Mbuzini, junto à fronteira com a Suazilândia, tendo perecido Samora Machel, o ministro dos Transportes e Comunicações, Alcântara Santos, e mais três dezenas de ocupantes do aparelho.
Nunca foram apuradas as causas do acidente.

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Eduardo Mondlane morreu em casa de Betty King



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A história “oficial” não é verdadeira
- O assassinato não teve lugar nos escritórios da Frelimo em Dar-es-Salam
- Joaquim Chissano e Janet Mondlane destapam a mentira perante Marcelino dos Santos
(Maputo) O Dr. Eduardo Chivambo Mondlane não foi assassinado no seu escritório em Dar-es-Salam. A história que há 37 anos se ensina oficialmente aos moçambicanos e faz parte doscurricula escolares é falsa.
É mentira. A verdade é outra. O primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique morreu num edifício da secretária da esposa, em Oyster Bay, na capital tanzaniana. Janet Mondlane encontrava-se na Suiça e só soube do crime, à noite. O caso registou-se às 9 horas da manhã de 3 de Fevereiro de 1969 na Residencial/Bar da americana Betty King.
Na Praça dos Heróis, nas cerimónias centrais do 37.º aniversário da morte de Mondlane, na última sexta-feira, Joaquim Chissano confirmou o facto ao repórter do “Canal de Moçambique”.
Marcelino dos Santos, outro histórico, estava presente. Ficou histérico. Muito nervoso por não ter ido a tempo de impedir que a verdade fosse finalmente confirmada a tão alto nível, tentou, chegou mesmo a ordenar a um agente da sua segurança para actuar contra o jornalista. E o jagunço actuou mesmo, a tal ponto de o diálogo com o ex-Presidente da República ter ficado por concluir.
“Reza a história oficial que Eduardo Mondlane morreu no seu escritório na sede da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), mas dados em nossa posse indicam que morreu em casa de Betty King, em Oyster Bay...”, pergunta o repórter do “Canal”, de chofre, a Joaquim Chissano.
“Sim. Confirmo que foi em casa de Betty King. Fui lá para ver o corpo”, respondeu Chissano que se encontrava ladeado pela sua esposa, por Marcelino dos Santos. A viúva, Janete Mondlane, e dois dos três filhos do casal, Edy e Nyelete Mondlane estavam atrás.
De recordar que Joaquim Chissano, quando se deu o assassinato, era o secretário particular do presidente da Frente de Libertação de Moçambique.
Ao confirmar que Mondlane foi assassinado numa residencial da americana Bettty King e não na sede da Frelimo, Chissano levantou o véu que cobriu uma mentira que durava há 37 anos, mais precisamente desde 3 de Fevereiro de 1969, cerca das 9 horas da manhã, quando Mondlane tombou.
Está por ser explicado aos moçambicanos e ao mundo porque razão a Frelimo e os sucessivos governos de Moçambique andaram, até hoje, a propalar uma falsidade crassa.
A versão “oficial” da história de Moçambique, escrita pelos “historiadores” que se têm vindo a julgar a si próprios indesmentíveis e a acusar os outros que a questionam de charlatães tem sido ensinada nas escolas a partir de livros oficiais aprovados pelo Ministério de Educação e Cultura de Moçambique.
Mondlane foi de facto assassinado por um livro-bomba, mas não no seu escritório. Antes, sim, na casa/restaurante de Betty King, que era secretária da esposa da vítima, Janet Mondlane, no Instituto Moçambicano, em Dal-es-Salam. O local onde pereceu era predilecto do primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique nas horas de lazer.
Na fatídica segunda-feira em que se deu o atentado, a residencial que normalmente era muito movimentada, sobretudo devido ao restaurante, encontrava-se deserta. Nem Betty King, nem a maioria dos empregados, estavam lá. Apenas estava o cozinheiro que serviu um chá a Mondlane.
A casa residencial/bar tinha 12 empregados. Poucas horas depois do livro bomba explodir, Marcelino dos Santos, sua esposa Pamela dos Santos, Joaquim Chissano e Betty King, foram detidos pela Polícia tanzaniana para averiguações.
À margem das cerimónias do 37.º ano da morte de Mondlane, na Praça dos Heróis, onde anualmente a nata da Frelimo cumpre o seu ritual de deposição da coroa de flores aos seus heróis, o antigo estadista moçambicano, Joaquim Chissano, apesar de ter confirmado a versão que o “Canal de Moçambique” lhe colocou, escusou-se a clarificar as razões da sua alegada detenção.
Marcelino dos Santos irritado
Marcelino dos Santos ficou nervosíssimo quando a pergunta do Canal foi dirigida a Chissano. “Não responde!” disse, dos Santos a Joaquim Chissano, ao mesmo tempo que, virado para o repórter, dizia repetidamente: “O senhor não brinca comigo!”. Depois fez sinal a um latagão e disse: “Actua!”. E ele pôs mesmo termo ao interessante diálogo com Joaquim Chissano que, apesar do incidente, acabou deixando, finalmente, a verdade abafar a mentira que perdurava há 37 anos.
Janet Mondlane
A viúva Janet, que se encontrava acompanhada de dois dos três filhos do casal, Eduardo Mondlane Jr. e Nyelete Mondlane, diz que soube da morte do marido, só à noite, no dia do crime.
Encontrava-se na Suiça.
“Eu estava em Genebra quando recebi a informação” contou ela ao “Canal de Moçambique”.
Janet disse ainda que chegou a Dar-Es-Salaam dois dias depois. Segundo ela circulavam muitos rumores sobre o assassinato do seu marido.
“A minha preocupação naqueles dias eram os meus filhos”.
Janet também confirma que Eduardo Mondlane não morreu no escritório da Frelimo como há 37 anos se propala. “Sim, ele morreu em casa da Betty King. Era lá onde ele ia passar os seus momentos de lazer”.
A casa de Eduardo Mondlane estava localizada em “Msasani Bay” (Baía Msassani) e não era muito distante da Residencial de Betty King, em Oyster Bay (Baía das Ostras).
A versão “oficial”, segundo a qual Mondlane encontrou a morte nos escritórios da Frelimo cai por terra, e encontra aconchego no pantanoso charco da história recente do país. Resta-nos aguardar o que irá fazer a partir de agora o Ministério da Educação para que a falsa história não continue a ser ensinada às crianças de Moçambique.(Luís Nhachote)

macua.blogs.com

EDUARDO Mondlane Chivambo '53

1920 - 1969 

No outono de 1951,  nasce Eduardo Mondlane, um nativo de 32 anos de Moçambique, . Este homem alto e carismático, que rapidamente despertou grande interesse  nasceu em uma aldeia camponesa em Português East Africa 20 de junho de 1920,  filho de um chefe tribal. Até aos 10 anos, Eduardo viveu uma infância rural  de pobreza cuidando do gado para  sua família. Sua educação formal começou em escolas presbiterianas suíças.
Eduardo começou a sua educação universitária na Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, mas, depois de um ano, foi forçado a retirar-se pelo novo governo do Partido Nacionalista orientada-apartheid. Missionários protestantes em Moçambique ajudaram a organizar uma bolsa do Fundo de Phelps-Stokes em Nova York para Eduardo estudar nos Estados Unidos, mas Eduardo decidiu participar da Universidade de Lisboa, onde ele poderia aprender em primeira mão sobre o governo e as políticas de Portuguesas, e obter uma melhor domínio da língua. No entanto, após um ano de maus-tratos como um estudante Africano, ele aceitou a bolsa de estudos e chegou a Oberlin.
Sua "década da América" ​​começou quando ele ganhou em Oberlin BA o curso Sociologia e Antropologia, em 1953, seguido de um mestrado na Universidade de Northwestern, e doutorado em antropologia na Universidade de Harvard. Ele se casou com Janet Rae Johnson, uma mulher branca jovem de Indiana, enquanto ele estava fazendo um ano de pesquisa em Harvard. Eles se conheceram há cinco anos em um acampamento de verão cristã, e tinha continuado a ver-se um ao outro, embora seus pais fossem intensamente hostis a sua amizade.
Eduardo foi nomeado em 1957 como diretor de pesquisa no Departamento das Nações Unidas de Tutela e, freqüentemente, viajou para a África pesquisando e escrevendo sobre os desenvolvimentos sociais, econômicos e políticos nos territórios sob tutela. Durante uma visita a Moçambique, em 1961, ele foi saudado por milhares de moçambicanos que viam nele as qualidades de liderança que eles tinham. Porque os nomeados da ONU não são autorizados a exercer atividade política direta, ele renunciou ao cargo naquele ano, e aceitou um cargo de docente na Syracuse University como professor assistente de antropologia. Ele também ajudou o desenvolvimento de um Programa de Estudos do Leste Africano .
Foi o primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO)  .Decidido a dedicar sua vida a "luta de libertação do seu povo", ele demitiu-se em Syracuse início de 1963 e assumiu a sua base de operações em Dar es Salaam, a capital do Tanganyika.  Janet e seus três filhos, Eduardo, Jr., Chude e Nyeleti, ljuntaram-se a ele. A luta armada contra o Portugueses foi tão bem sucedida que, em 1968, o segundo Congresso da FRELIMO, realizado em liberada Norte de Moçambique, reelegeu Eduardo como presidente. A luta continuou para mais sete anos, quando Moçambique foi finalmente libertado do controle colonial Português para tornar-se uma nação independente em 1975. Infelizmente, Eduardo não estava presente para compartilhar a vitória. Aos 49 anos, ele foi assassinado 03 de fevereiro de 1969,  após um ano do segundo mandato como presidente.
Numacerimónia realizada logo após a sua morte, Eduardo Mondlane foi lembrado como "um inteligente, eloquente e corajoso homem f -. Um homem de caráter mais elevado e os ideais dedicado à causa da liberdade para o seu próprio país, ele era em todos os sentidos um cidadão do mundo. "
www.oberlin.edu


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JOAQUIM CHISSANO
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Graça Machel com a maãe do Marcelino dos Santos

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JOAQUIM CHISSANO



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1968 visita a Cabo Delgado, vendo-se Eduardo Mondlane

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SAMORA MACHEL
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SAMORA MACHEL

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Joaquim Chissano
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JOAQUIM CHISSANO -  FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique)

Movimento anticolonialista, de orientação marxista-leninista, fundado em 1962, na Tanzânia, por EduardoMondlane. Após algum tempo de treino, principalmente em campos na Tanzânia, a FRELIMO lança umacampanha militar em Moçambique, em 1964, em nome da libertação do território moçambicano, então sob odomínio português.
Após dez anos de luta armada contra Portugal, a 25 de junho de 1975 foi assinada a independência deMoçambique. A FRELIMO toma o poder, tornando-se Samora Machel (sucessor de Eduardo Mondlane echefe carismático deste movimento) o primeiro presidente da República Popular de Moçambique. 
Em 1984, Samora Machel e o presidente da África do Sul encontraram-se para assinar os acordos de paz deNkomati. A 20 de outubro de 1986, Samora Machel morreu num desastre de aviação, tendo sido substituídona Presidência da República por Joaquim Chissano, antigo secretário de Eduardo Mondlane e antigo Primeiro-Ministro do Governo de transição. 
Em 1989, após a queda do regime comunista na Europa, a FRELIMO abandonou o marxismo-leninismo, porverificar que esse sistema não se adaptava à realidade africana. A revisão da Constituição, em 1990,permitiu a abertura ao multipartidarismo. 
De 1975 a 1992, a FRELIMO esteve em guerra civil com a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). A 4de outubro de 1992 fizeram-se os acordos gerais de paz entre os dois movimentos. Em agosto de 1994tiveram lugar eleições gerais, nas quais a FRELIMO, então movimento constituído como partido após o seuIII Congresso, obteve maioria absoluta, em relação ao outro partido de maior representação, o partido daRENAMO. Em dezembro desse mesmo ano, o Parlamento foi instalado, Joaquim Chissano foi investido comopresidente da República e foi nomeado um novo Governo. Em finais de 1999, Joaquim Chissano foi reeleito ea Frelimo manteve a maioria parlamentar. A vitória da FRELIMO foi reforçada nas eleições seguintes, a 19 denovembro de 2003, tendo conquistado 28 dos 33 municípios de Moçambique. Para o seu líder, JoaquimChissano, esta vitória confirma a importância da FRELIMO no desenvolvimento económico e social de Moçambique.



Holden Roberto - dados biográficos
 O líder histórico da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Holden Roberto,  foi um dos três dirigentes angolanos subscritores do Acordo do Alvor, que levou Angola à independência.
Álvaro Holden Roberto nasceu a 12 de Janeiro de 1923 em Mbanza Congo, ex - São Salvador, província angolana do Zaire e fez os estudos primários e secundários em Léopoldville (actual Kinshasa, capital da RDCongo), onde viveu de 1925 a 1940, altura em que regressa à terra natal, onde fica pouco mais de um ano.
Durante oito anos foi contabilista na administração colonial belga e jogou futebol com alguns futuros políticos congoleses.
Conta-se que a opção pela política resultou de um caso de brutalidade que Holden Roberto presenciou durante uma visita a Angola, entre um chefe branco e um velho negro, mas a escolha resultou também dos contactos que manteve nos anos 50 com um circulo de "evoluídos" congoleses e figuras como Patrice Lumumba.
Em 1956, lançou-se na luta de libertação nacional, dois anos depois da criação da União dos Povos do Norte de Angola (UPNA), mais tarde designada UPA.
Foi já como representante da UPA que levou, em 1958, à primeira Conferência dos Povos Africanos, realizada no Gana, a questão do trabalho forçado em Angola.
Dois anos mais tarde, na segunda Conferência dos Povos Africanos, defendeu a independência de Angola, mas recusou-se a aderir ao Movimento Anti-Colonialista (MAC), que juntava Amílcar Cabral, Mário de Andrade e Lúcio Lara.
Além de Lumumba, manteve também contactos com Kenneth Kaunda, Tom Mboya, Franz Fanon, entre outras personalidades da vida política africana.
Também chamado Holden Carson Graham, em homenagem ao missionário que o batizou, o líder histórico da FNLA usou outros nomes como Joy Gilmore, o que, segundo a tradição angolana, levou Salazar, Presidente do Conselho de Portugal durante a derradeira fase do colonialismo, a comentar que "Eles usam vários nomes para parecerem muitos".
Rejeitou a via marxista, mas aderiu à ideia maoista de que "é impossível a revolução sem derramamento de sangue".





Sob a direcção de Holden Roberto, a UPA iniciou, em 1961, a guerrilha no norte de Angola, com o massacre de 15 de Março.
Em 1962 criou a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), da qual se tornou presidente. Seria esta organização que viria a constituir, ainda em 1962, o Governo Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE), onde Jonas Savimbi surge como ministro dos Negócios Estrangeiros.
Em 10 de Outubro de 1974, Holden Roberto encabeçou a delegação da FNLA nas conversações com o Governo português, em Kinshasa, com vista a pôr fim às hostilidades em Angola, entre a FNLA e o exército português.
O acordo de suspensão das hostilidades foi assinado no iate do Presidente Mobutu Sese Seko, do Zaire, entre Holden Roberto e o general Fontes Pereira de Melo, chefe da Casa Militar do então Presidente da República Portuguesa, general Francisco da Costa Gomes.
Em Janeiro de 1975, Holden Roberto, juntamente com Agostinho Neto (MPLA) e Jonas Savimbi (UNITA) assinaram com o Estado português o Acordo do Alvor, que estipulava o processo e calendário do acesso de Angola à independência, proclamada a 11 de Novembro do mesmo ano.
Depois da independência e com o início da guerra civil em Angola, a FNLA foi derrotada pelas forças do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola, no poder) e Holden Roberto refugiou-se no Zaire (actual RDCongo), de cujo presidente (Mobutu Sese Seko) era cunhado.
Em 1979, Mobutu assina um acordo com Agostinho Neto, então Presidente de Angola, e Holden Roberto vê limitada a sua actividade, já que passou a ter residência fixa e vigiada.
Expulso de Kinshasa, Holden Roberto procurou asilo político no Senegal e na Costa do Marfim, mas os dois países recusaram-lhe esse estatuto.
Depois de uma passagem pelo Gabão, chegou a Paris, onde obteve em 1980 o estatuto de exilado. Regressou a Luanda a 31 de Agosto de 1991, após a assinatura, Lisboa, a 31 de Maio, do Acordo de Paz de Bicesse.
Nas primeiras e únicas eleições gerais realizadas em Angola (30 de Setembro e 01 de Outubro de 1992), a FNLA elegeu conquistou cinco lugares no parlamento, enquanto Holden Roberto ficou em terceiro lugar, depois de José Eduardo dos Santos, o vencedor da primeira volta, e Jonas Savimbi, o segundo mais votado.
Crises internas na FNLA, chegaram a afastar Holden Roberto da presidência do partido, concedendo-lhe o título de presidente honorário e, mais tarde reconduzindo-o à presidência, primeiro de uma facção e depois do partido, após diversas tentativas de reunificação.
A última reunião do Bureau Político da FNLA, sob a presidência de Holden Roberto, decorreu a 25 de Julho, e propôs ao Comité Central a realização de um congresso extraordinário para debater a sucessão do seu líder.
A data proposta (05-07 de Novembro próximo), deveria ser votada pelo Comité Central da FNLA numa reunião prevista para finais do corrente mês.
Com a morte de Holden Roberto, cuja saúde estava há muito debilitada, a FNLA terá agora mais urgência em eleger novo líder.
NV. Lusa/fim
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Luanda, Angola (PANA) – Os restos mortais do líder histórico da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA, oposição), Álvaro Holden Roberto, seguiram terça-feira para a cidade de Mbanza Kongo, capital da província nortenha angolana do (Zaire), onde serão enterrados quarta-feira.
Antes, o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, rendeu homenagem àquele político angolano de 84 anos, falecido quinta-feira depois de uma prolongada doença.
Pouco depois da sua morte, o chefe de Estado angolano, na sua mensagem, considerou Holden Roberto "um dos pioneiros da luta de libertação nacional, cujo nome incentivou uma geração de angolanos a seguir a via da resistência e do combate pela independência de Angola".
Para o bispo auxiliar de Luanda, dom Anastácio Kahango, Holden Roberto foi um homem que deu o seu melhor para a conquista da independência.
Por seu turno, o bispo da Igreja Metodista Unida de Angola, dom Gaspar Domingos, disse lembrar com alguma saudade Holden Roberto, mas que também "podemos olhar para atrás e ver os seus feitos e empenho para o país".

Holden Roberto, fundador da União dos Povos de Angola (UPA) em 1958, que posteriormente se transformou em Frente Nacional de Libertação de Angola em 1962, depois da sua fusão com o Partido Democrático Angolano (PDA), foi líder de um dos movimento de libertação contra o colonialismo português.

O ACORDO DE ALVOR
Acordo do Alvor, assinado entre o governo português e os três principais movimentos de libertação de Angola, (MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola e UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola), em Janeiro de 1975, em Alvor, no Algarve, e que estabeleceu os parâmetros para a partilha do poder na ex-colónia entre esse movimentos, após a conquista da independência de Angola.
Em entrevista à Agência Lusa, o dirigente socialistaAntónio de Almeida Santos, que a 15 de Janeiro de 1975 era ministro da Coordenação Inter-Territorial e integrava a delegação portuguesa que assinou o acordo, refere que, assim que viu o documento, soube que "aquilo não resultaria".
De facto, pouco tempo depois do acordo assinado, os três movimentos envolveram-se em um conflito armado pelo controlo do país e, em especial, da sua capital, Luanda, no que ficou conhecido como a Guerra civil de Angola.

INDEPENDÊNCIA A 11 DE NOVEMBRO

Angola Governada por Angolanos a Partir de 31 de Janeiro
Era este o título da primeira página do jornal a Província de Angola, em 16 de Fevereiro de 1975, com as fotografia de Costa Gomes, Jonas Savimbi, Agostinho Neto e Holden Roberto.
"Foi num ambiente de confiança mútua e de franca cordialidade, que decorreu, esta noite, no Hotel da Penina, a cerimónia de encerramento da conferência geral sobre Angola. Presidiu ao acto o Presidente da República Portuguesa, general Costa Gomes, que se encontrava ladeado, à direita pelos elementos da Delegação portuguesa e do FNLA, e à esquerda, pelos representantes das Delegações do MPLA e da UNITA. Em lugar especial sentavam-se o primeiro-ministro do Governo Provisório português, brigadeiro Vasco Gonçalves, o ministro sem pasta, major Vítor Alves e o alto comissário de Angola, almirante Rosa Coutinho.
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Presidente Costa Gomes
(foto DN 1/8/2005)
Presentes à cerimónia, igualmente, todos os elementos das Delegações de Libertação de angolanos, bem com o da Delegação portuguesa, e os conselheiros do Alto Comissário de Angola, que se deslocaram a Lisboa. Também assistiram à cerimónia todos os elementos dos órgãos de informação portugueses, angolanos e estrangeiros, que desde o primeiro dia acompanharam a Cimeira do Algarve.
Usou em primeiro lugar a palavra, o ministro Melo Antunes, que leu o texto do Acordo, o qual foi depois assinado pelos presidentes das três Delegações emancipalistas angolanas e pelos elementos da Delegação portuguesa.(...)".

Rosa Coutinho ("almirante vermelho")  falando aos jornalistas.
(foto Prov. Angola 16/01/1975)

ATENÇÃO ! ESTA É UMA VERSÃO
OUTRAS SE PUBLICARÃO


Nas publicações anteriores tenho tentado publicar as versões mais informativas e que considero  terem pontos de veracidade embora sejam polémicas.
Procuro divulgar também o contraditório


O POVO ANGOLANO SENTE NA ALMA O BÁLSAMO DA ESPERANÇA
Palavras do Presidente Costa Gomes
"Senhores presidentes: As vossas assinaturas selaram com Portugal um acordo de transcendente importância nos destinos dos povos de Angola. Ficou assim encerrado um capítulo que forças retrógradas prolongaram injustamente. Trabalhámos nesta reunião cimeira com uma geração de atraso nas correntes da História. Compete-nos agora ser generosos quanto ao passado, diligentes quanto ao futuro e presente e esclarecidos ao futuro.(...).
Senhores presidentes: O povo angolano, todos os homens bons que em Angola desejam viver e trabalhar em clima de justiça social, penosamente saturados por uma guerra sem grandeza, sentem na alma o bálsamo de esperança. O seu desejo de paz e tranquilidade é tão forte que, estou certo, todos darão o melhor do seu esforço e colaboração para que os seus sofrimentos e esperanças não sejam vãos na história da grande pátria que vai nascer.
Vós, angolanos, governantes e governados, sereis capazes de dirigir e aplicar as potencialidades do território ao ritmo trepidante de quem tem a construir um dos mais florescentes países do continente africano. Repousará nas vossas mãos, homens de Angola, tudo quanto o destino vos reservou para criardes uma pátria materialmente grande e rica, espiritualmente fraterna e justa".
AGOSTINHO NETO AO POVO ANGOLANO
Saibamos Reforçar e Consolidar as Conquistas Obtidas
"Agostinho Neto, presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola, dirigiu a seguinte mensagem ao povo angolano: "Povo angolano, companheiros de luta, camaradas e simpatizantes do MPLA angolanos: Falo-vos no momento de particular transcendência do processo já longo da luta de libertação do nosso povo e do nosso país. Não interessa relembrar agora os inúmeros sacrifícios, os incalculáveis sofrimentos por que passou o nosso povo, pois o sangue derramado pelos nossos heróis, os sacrifícios consentidos pelo nossos mártires, as humilhações dos vivos e dos mortos, constituem já, historicamente, a argamassa indestrutível que construiu os alicerces da nossa libertação. O que importa neste momento é que a grande e portentosa nação que já se vai erguer, sobre as bases conquistadas, saiba trilhar o mesmo caminho de dignidade e justiça e de humanidade que sempre caracterizaram a acção do Movimento Popular de Libertação de Angola. (...).
Compatriotas camaradas: agora que os trabalhos da cimeira estão concluídos, agora que o Mundo inteiro nos olha com a consideração e o respeito que a nossa luta de libertação constituíram, saibamos reforçar e consolidar as conquistas obtidas. Um só povo, uma só nação, defendendo intransigentemente, sem subterfúgios ou ambiguidades a democracia e o direito sagrado de podermos entrar no seio da comunidade mundial com as credenciais conseguidas ao longo de 18 anos de luta. FNLA, UNITA e MPLA unidos, pretos, mestiços e brancos unidos são a garantia para construirmos uma pátria independente para o povo angolano. A vitória é certa".
HODEN ROBERTO
Acabou o Colonialismo que Oprimiu Angola
"Boa noite, angolanos. Como é do vosso conhecimento, a cimeira de Alvor acaba de terminar. Foi à beira do Oceano Atlântico, nesta distante província portuguesa do Algarve, que há cinco séculos as caravanas portuguesas receberam ordem de partida para as distantes terra de África. Foi desta terra que partiu Diogo Cão, desses conquistadores, desses colonizadores para atracar no nosso país. Pois, meus irmãos, é com regozijo que vos anuncio que nessa mesma terra onde nasceu o colonialismo, o colonialismo que oprimiu Angola, acabou.
É o fim de uma época e a primeira de outra, e neste momento solene em que os corações de todos os angolanos batem à uma, os meus pensamentos estão dirigidos para vós. Ao mesmo tempo peço para celebrarem comigo esta vitória que o nosso povo depois de catorze anos de luta sangrenta e implacável acaba de alcançar, mas tendo em conta que essa vitória é alcançada com sangue, com lágrimas e com o suor dos filhos mais queridos de Angola. E este momento que celebramos esta vitória é nosso dever dirigir o nosso pensamento para aqueles que se sacrificaram para que este dia tão glorioso nos anais da história do nosso povo se torne uma realidade. 11 de Novembro de 1975 Angola será independente para toda a eternidade. Regozijai-vos, cantai e dançai porque a liberdade pela qual tanto sofremos, se torne uma realidade. Daqui a pouco assumireis novas responsabilidades e não sereis homens sem pátria, meios cidadãos. Pois sereis, doravante, verdadeiros cidadãos.(...)."
Jonas Sabimvi não falou. Passados que são 30 anos se analisarmos bem estes discursos veremos que são eivados de pura hipocrisia. Nenhum dos partidos conhecia a realidade angolana de 1974 porque os seus dirigente estavam no estrangeiro. O MPLA até então, não tinha lutado no terreno nem praticamente a UNITA. Estes discursos foram uma autêntica humilhação aos portugueses permitida pelo então presidente da República Costa Gomes que presidiu à conferência. De Vasco Gonçalves e de Rosa Coutinho podia esperar-se tudo porque já tinham planos para a entrega incondicional de Angola aos comunistas do MPLA.
Ninguém ali teve a coragem de dizer ao assassino Holden Roberto que ele foi o principal responsável pelos horrendos crimes no Norte de Angola em 1961 como anteriormente aqui foram descritos e ilustrados com fotografias nunca antes vistas na Net.
Costa Gomes, Almeida Santos e Mário Soares foram os principais responsáveis pela tragédia consequente da descolonização com milhares de mortos numa guerra fraticida e destruição quase total de um país, porque conheciam perfeitamente a situação. Angola, como já referimos antes, tinha todas as condições para ser uma nação independente para todos sem excepção mas a oportunidade certa não foi aproveitada por Marcello Caetano. Agora já era tarde demais com os comunistas no poder. Mal sabiam a FNLA e a UNITA o que os esperaria mais tarde. A guerra civil em Angola foi protagonizada pelo MPLA com o beneplácito dos Judas portugueses Vasco Gonçalves e Rosa Coutinho e auxiliares, com o apoio incondicional do PCP. 

Acordo de Alvor (foto Net)
ACORDOS DO ALVOR: UM FRACASSO ANUNCIADO
"A 15 de Janeiro de 1975, no Hotel da Penina, sob a chuva miudinha que caía no Algarve, representantes dos três movimentos de libertação assinavam no Alvor os acordos para a independência de Angola. Mas, do que foi assinado no Alvor, aos três só interessava a independência, o que significava, para cada um, e sozinho, o exercício do Poder. O que ainda hoje se revela impossível.
Na Guiné e em Moçambique, Portugal tinha sabido exactamente com quem iria negociar os acertos para a independência: do outro lado da mesa iriam estar só o PAIGC e a FRELIMO. Mas a existência de três movimentos de libertação no caso de Angola tornava impossível qualquer tentativa de uma rápida solução negociada. Foram necessários meses de cuidadosas negociações. Primeiro, a Organização de Unidade Africana reconheceu a UNITA como parte tão legítima como o MPLA ou a FNLA. Depois, em Mombaça, no Quénia, os líderes dos três movimentos prepararam o terreno para as negociações com os representantes de Portugal.
Finalmente, no Alvor, os três concertaram com o Governo português um acordo sobre a fórmula pela qual Angola se tornaria independente. No Alvor, os três movimentos foram reconhecidos como únicos e legítimos representantes do povo angolano, e Angola como país indivisível, incluindo o enclave de Cabinda. Seria estabelecido um governo de transição, baseado numa fórmula de coligação. Um alto-comissário seria nomeado por Portugal, sob ordens directas do presidente da República, Costa Gomes, e o Governo de transição seria constituído por 12 ministros, três portugueses e os restantes nove distribuídos igualmente pelos movimentos de libertação.
Um conselho presidencial, constituído por um representante de cada movimento, presidiria ao Governo, rotativamente, até à data marcada para a independência, 11 de Novembro.
O Governo devia tomar posse até ao fim de Janeiro, marcar eleições no prazo de nove meses, e deveria ser constituído um exército unificado. Na altura da independência, essas forças militares unificadas deveriam ter 48 mil homens - 24 mil efectivos portugueses e oito mil de cada um dos movimentos. Os militares portugueses em excesso seriam evacuados até 30 de Abril, e todas as tropas portuguesas deveriam deixar Angola até Fevereiro de 76.
Os interesses dos portugueses residentes eram assegurados, e os movimentos comprometiam-se a considerar angolanos todos os que tivessem nascido em Angola, ou os que ali vivessem e se declarassem angolanos por opção. Contudo, a concessão de cidadania aos não nascidos em Angola era remetida para o que fosse estabelecido na futura Constituição.

Assinaram por baixo, por Portugal, o ministro sem pasta major Melo Antunes, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mário Soares, o ministro da Coordenação Interterritorial, Almeida Santos, e, por Angola, os líderes do MPLA, da FNLA e da UNITA".

http://jn2.sapo.pt/secdiv/especial/angola4.htm
Traição ao Acordo do Alvor
"A ida de tropas cubanas para Angola antes de 11 de Novembro, portanto antes da independência, pode ser considerada uma traição ao Acordo. Até Melo Antunes aceitou essa traição ao concordar com a ida das tropas cubanas para Angola. A tal ilusão, a tal cegueira em relação ao «imperialismo sul-africano». Mas, de qualquer modo, considero que o Acordo de Alvor foi um erro completo em face do que as superpotências haviam acordado. Por isso Agostinho Neto me disse: «O Alvor é o maior disparate histórico que se vai fazer sobre Angola». Estas palavras mostram que ele já sabia tudo o que se iria passar.
Sabia o que estava assente nas altas esferas mundiais. Sabia que Angola seria para o MPLA. Aliás, todas as personalidades angolanas - e não angolanas - que posteriormente estiveram em Portugal, condenaram o Acordo de Alvor. Todos afirmavam aquilo que os americanos já tinham percebido, isto é, que não é possível governar um país africano a não ser com o sistema de partido único. E diziam-me: «Vocês, portugueses, que conhecem a África como ninguém, que têm em relação a África uma visão e uma vivência ímpares, estão a cometer um erro político gravíssimo, que é querer inventar partidos políticos em África.
Se vocês, portugueses, têm em Angola e Moçambique fortes movimentos nacionalistas, e um fortíssimo na Guiné, como não procuram impedir que eles caiam no bolso dos comunistas?». Na realidade, devíamos ter tentado aproximar-nos desses movimentos. Mas a ambição soviética foi mais forte e com certeza mais hábil. E do nosso lado não houve um estadista com dimensão e capacidade para resolver o problema. Anteriormente, os assassínios de Amílcar Cabral e Eduardo Mondlane, decretados pela estratégia soviética, dificultaram-nos essa possibilidade porque, com esses homens, teria sido possível haver entendimento.
E com Agostinho Neto também, se tivéssemos sabido dominar o assalto comunista. Agora temos de esperar que as experiências marxistas ali em curso falhem e cedam o lugar a sociedades livres, com economias que admitam a iniciativa privada, única forma de os portugueses poderem regressar como irmãos e ajudar a construir os novos estados africanos.
O VI Governo e a descolonização
Quando assumi o cargo de Primeiro-Ministro, formando o VI Governo em Setembro de 1975, a descolonização era assunto arrumado. Por isso mesmo o general Vasco Gonçalves perdeu o apoio do PC por a este já não interessar manter essa figura que -cumprida a «missão»- se tornava antipática e perigosa aos olhos da população. Mas a descolonização ainda influiu nos acontecimentos, em especial pela existência e acção do MDLP (Mo­vimento Democrático de Libertação de Portugal). Afastado do País depois do malogro do 11 de Março, bem como os seus mais próximos colaboradores, o general Spínola não desistiu de lutar. E organizou esse «Movimento Democrático para a Libertação de Portugal», procurando obter o apoio da CIA. Mas a CIA, conforme a decisão assente superiormente, só teve interesse em desmobilizar o MDLP. Aos americanos, a hipótese de confrontação violenta do movimento de Spínola com os comunistas não interessava de forma alguma: não tinha objectivos estratégicos.
A CIA poderá ter ajudado os spinolistas a tentar um golpe, mas se o fez foi com a certeza de que a KGB providenciaria o contra-golpe - que sairia vitorioso pois o importante era que o V Governo efectuasse a descolonização. E isso, sim, tinha objectivos estratégicos. O mais provável, porém, é que a CIA não tenha sequer encorajado o MDLP a tentar qualquer golpe. Mas esteve com certeza a entreter os spinolistas durante meses, a ganhar tempo. Pediu-lhes um pro­grama de intervenção armada em Portugal, que o MDLP orçamentou em vários milhões de contos.
E a CIA levou imenso tempo a dar uma resposta, se é que a chegou a dar. Entretanto, o MDLP interferia como podia na evolução política, por intermédio dos elementos militares que simpatizavam com os objectivos de Spínola. Na Assembleia de Tancos, por exemplo, a 5 de Setembro de 1975, o MDLP actuou na sombra, como eminência parda. Actuação directa não teve. Mas noutras oportunidades teve: a 9 de Novembro de 1975, por exemplo, promoveu uma manifestação contra a independência de Angola, com o fim de agitar a opinião pública e criar ambiente para a execução de um plano audacioso que consistia em prender os Conselheiros da Revolução que queriam precipitar o reconhecimento do Governo do MPLA em Angola. Esse plano abortou porque os Conselheiros, avisados a tempo (há sempre agentes-duplos nestas acções... ) dispersaram : uns foram para o Funchal, outros para o Norte .
Os USA recusam auxílio
De qualquer modo o reconhecimento do MPLA como governo legítimo de Angola não se fez sem problemas. Pelo menos não foi imediato, como seria natural, porque a isso me opus, como Primeiro-Ministro - o que alguns estranharam porque no 25 de Abril manifestei simpatia pelo MPLA. A explicação é simples: entendi que o Acordo de Alvor era para ser cumprido e que faltava a necessária legitimidade democrática ao MPLA para governar Angola, obrigando milhares de portugueses a fugir da terra onde tinham nascido.
Para impedir a entrega de Angola ao MPLA, pedi auxílio aos Estados Unidos por intermédio das ligações que tinha com elementos do Pentágono. Mas a resposta que obtive dos meus antigos companheiros dos cursos militares que fiz na América e na Inglaterra, foi inteiramente desencorajadora. Reconheciam que eu tinha razão mas nada havia a fazer : estava decidido que Angola seria entregue ao MPLA e Moçambique à Frelimo. A política americana não se faz com a clareza e a lógica que muitos supõem, até primeiros-ministros de outros países.. Se a resposta do Pentágono tivesse sido outra, a minha intenção era fazer cumprir integralmente o Acordo de Alvor e organizar rapidamente um quarto movimento com os brancos e os africanos dos quadros de Angola. Esses angolanos das duas etnias eram milhares, eram os mais fortes."
25 de Novembro sem Máscaras, Pinheiro de Azevedo, Editorial Intervenção.
DN, 22 de Agosto de 2005. 1975 Verão Quente.

Agostinho Neto, Rosa Coutinho e Jonas Savimbi (foto DN 25/8/2005.
PORTUGAL SUSPENDEU ALVOR PARA JUNTAR MPLA E UNITA
Em pleno Verão Quente de 1975, Portugal suspendeu a aplicação dos Acordos de Alvor em Angola, assumindo, assim, a sua impotência para travar a escalada do conflito que opunha MPLA, FNLA e UNITA. E que levara já o movimento de Agostinho Neto a expulsar de Luanda as restantes formações.
Estava-se a 22 de Agosto. Em Lisboa, Vasco Gonçalves vivia os últimos dias como primeiro-ministro e Carlos Fabião (que chefiava o Estado-Maior do Exército) tentava, com o apoio de Costa Gomes, formar um executivo que lhe sucedesse, evitando o braço-de-ferro que já se anunciava entre a Esquerda Militar e o Grupo dos Nove, tendo Otelo Saraiva de Carvalho pelo meio.
Excessivamente absorvido pelas suas próprias contradições, Portugal ainda tentou, in extremis, impulsionar um acordo que juntasse MPLA e UNITA, alargando a base de apoio de Agostinho Neto e enfraquecendo a aliança que já se desenhava entre a FNLA, Zaire e África do Sul e que contava com o beneplácito dos EUA.
Inicialmente, tal acordo ainda chegou a parecer possível, como Melo Antunes [em O Sonhador Pragmático] e Pezarat Correia (em A Descolonização de Angola) admitiram, retomando o projecto que Rosa Coutinho tanto acalentara. Uma ilusão que duraria apenas alguns dias. O tempo suficiente para que os EUA percebessem o que estava a ser a negociado, pondo termo às veleidades de Jonas Savimbi, como John Stockwell, o operacional que Washington destacara para Angola, revelou em Search of Enemies-A CIA Story.
"Savimbi causou um pequeno embaraço aos EUA, quando (...) enviou elementos para sondarem o MPLA para uma solução negociada. A CIA soube disso (...), e Savimbi foi, de imediato, interrogado por um elemento da "estação" de Kinshasa. Não queríamos aliados que fossem "moles" na nossa guerra contra o MPLA." Na tese de doutoramento que dedica aos anos do processo revolucionário (A,RevoluçãoPortuguesa e a sua influência na transição espanhola), o historiador catalão Josep Sánchez Cervelló avança com outra explicação.
Segundo Cervelló, MPLA e UNITA chegaram a firmar um acordo entre si, que seria depois posto em causa pelos apoiantes de Neto, que consideraram excessivas algumas das concessões feitas a Savimbi.
Seja como for, o facto é que, nessa altura, Savimbi já era um reincidente na matéria, tendo beneficia­do da ajuda que as estruturas do MFA em Angola lhe tinham dado durante o "consulado" de Rosa Coutinho. Sempre com a ideia de o catapultar para uma dimensão que a UNITA não tinha no quadro da luta de libertação, esperando que eles viessem a alinhar pelo diapasão de Neto, que então deparava com a forte oposição da Revolta Activa e, em especial, da Revolta de Leste, que reunia grande parte da força militar do MPLA. Recursos que Daniel Chipenda ameaçava colocar à disposição de Holden Roberto e da FNLA, deixando Neto to­talmente dependente dos guerri­lheiros da região dos Dembos, que Nito Alves já mandara avançar para os musseques de Luanda.
Savimbi já tinha, contudo, ensaiado outras aproximações. Uma delas, ocorrida ainda em 1974, só não teve maiores repercussões porque o líder da UNTTA recuou no último momento, deixando de apoiar ó projecto que o general António de Spínola e o líder zairense Mobutu tinham negociado na Iha do Sal, visando barrar os caminhos do poder a Neto, contrapondo-lhe uma plataforma alternativa liderada por Holden Roberto e pela FNLA.
RECUSAS. Quando Portugal suspendeu os Acordos de Alvor já o general Silva Cardoso - que sucedera a RosaCoutínho em Janeiro de 1975 - tinha deixado Luanda, criando um certo vazio de poder que se prolongaria por várias semanas.
Este impasse só viria a ser des­bloqueado no final de Agosto, quando o Presidente da República conseguiu, finalmente, convencer o almirante Leonel Cardoso - que integrava a equipa de Silva Cardoso e trabalhara já com Rosa Coutinho - a aceitar uma incumbência que seis pessoas já tinham recusado: levar o território até à independência (11 de Novembro), custasse o que custasse.
Na origem da suspensão dos Acordos de Alvor, que fixavam os termos e o calendário pelo qual tanto Portugal, como o MPLA, a FNLA e a UNITA deviam reger-se durante o período de transição, estava o conflito armado entre os três movimentos, que se espalhara a todo o território, tornando evidente toda a desagregação do dispositivo militar português em Angola.
Numa altura em que Portugal assistia igualmente às sucessivas contradições no seio do MFA, onde gonçalvistas (Esquerda Militar), moderados (Grupo dos Nove) e revolucionários (Otelo) se combatiam entre si. Com o apoio e a cumplicidade mais ou menos activa dos diferentes partidos políticos e o crescente envolvimento de países como os EUA e a URSS, que em plena Guerra Fria não tinham deixado de acompanhar com particular interesse tudo o que dizia respeito ao processo de descolonizacão que Lisboa estava a efectuar. Designadamente o de Angola, que tinha dado origem a uma das primeiras fracturas do MFA, levando o general Spínola a renunciar ao cargo de Presidente da República no final de Setembro de 1974, ao não conseguir impor a sua tese federalista a quem tinha derrubado uma ditadura em nome da descolonizacão.
VIOLAÇÕES. Sinais contraditórios que Portugal reflectia, quando as tropas sul-africanas já tinham entrado em Angola, e as forcas regulares do Zaire, apoiadas pelos comandos do coronel Santos e Castro, assumiam o grosso das colunas da FNLA.

Independência de Angola a 11/11/75.
O MPLA, que vencera a batalha de Luanda no início de Agosto, expulsando os seus adversários, contava, por sua vez, com a ajuda que lhe fora proporcionada pelos instrutores cubanos que tinham chegados a Angola com a conivência de certos sectores do MFA. O que lhes permitiu garantir o controlo da capital até à data da independência. Beneficiando sempre da "neutralidade activa" de Portugal, um eufemismo para quem já não dispunha ali das forças necessárias para fazer valer os seus pontos de vista e, muito menos, para impor os compromissos alcançados na Cimeira do Algarve.
DESENLACE. Com uma parte substancial do jogo aberto em cima da mesa, as forcas militares portuguesas que ainda se encontravam em Angola aguardavam apenas pelo seu regresso, enquanto garantiam a segurança da ponte aérea que transportaria os retornados. Algumas dessas forças, como os páraquedistas que estavam sob o comando de Heitor Almendra, e que escapavam às influências do processo revolucionário, acabariam por ser decisivas para o desfecho do 25 de Novembro.
Mas, nessa altura, já Angola se tornara num Estado independente e já Vasco Gonçalves tinha saído de cena com a queda do V Governo Provisório.

Um Executivo que só viria a durar escassas cinco semanas, levando Josep Sánchez Cervelló a contemplar a hipótese de esse Governo só ter sido empossado - quando a sua fragilidade já era por demais evidente - para garantir que Angola seria "entregue" ao MPLA e a Agostinho Neto, e não à FNLA e a Holden Roberto, nem à UNITA e a JonasSavimbi.

pissarro.home.sapo.pt




A descolonização portuguesa


Nem com a perda do Estado Português da Índia o Estado Novo vê, ou quer ver, que o tempo dos grandes impérios chegou ao fim.
Em Angola, o dia 15 de março de 1961 marca o início da guerra colonial. Depressa se estenderá a outros países: Guiné, em 1963, e Moçambique, em 1964.
Com o 25 de Abril surge grande expectativa, tanto nacional como internacionalmente, quanto ao futuro das colónias: o n.º 8 do Programa do MFA não era conclusivo a esse respeito e as declarações de membros da Junta de Salvação Nacional permanecem ambíguas. As pressões internacionais fazem-se sentir, principalmente por parte da ONU e da OUA. Os movimentos de libertação apelam à intensificação dos conflitos enquanto não obtivessem as concessões que pretendiam. O caso mais urgente parecia ser o da Guiné, onde a guerra era mais acesa. Após o fracasso das negociações de Londres, a 25 de maio, e de Argel, a 13 de junho, é assinado um acordo, também em Argel, entre a delegação portuguesa e os representantes do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde), no qual se reconhece de jure a independência da Guiné-Bissau e se reafirma o direito de Cabo Verde à autodeterminação e à independência. A transmissão de poderes na Guiné far-se-á no dia 10 de setembro de 1974 e o acordo para a independência de Cabo Verde é assinado a 19 de dezembro de 1974.
No caso de Moçambique começa por haver um encontro exploratório em Lusaca, no início de junho, entre Mário Soares e Samora Machel, presidente da FRELIMO (movimento eleito como interlocutor), que se salda num impasse. A 7 de setembro é assinado, em Lusaca, um acordo entre o governo português e a FRELIMO que, no essencial, estipula a proclamação da independência a 25 de junho de 1975.

Primeira página de "A Capital", de 11 de novembro de 1975.
Em Angola não há apenas um, mas três interlocutores: o MPLA, a UNITA e a FNLA, com grandes rivalidades entre si. No início de maio verificou-se os primeiros encontros exploratórios, mas só no início de 1975 estarão reunidas as condições necessários para um acordo entre o estado português e os dirigentes dos três movimentos de libertação, acordo esse que foi assinado em Alvor, a 15 de janeiro de 1975, e no qual se estabelece como data para a independência de Angola o dia 11 de novembro de 1975.
O acordo para a independência de S. Tomé e Príncipe é assinado em Argel, a 26 de novembro de 1974. Após várias negociações em Macau, que se revelam infrutíferas, o processo de descolonização de Timor é interrompido pela brutal invasão deste território por parte da Indonésia, em 7 de dezembro de 1975.
Em relação a Macau, as conversações entre Portugal e a China, de 30 de junho de 1986 a 26 de março de 1997, determinaram que o território passaria para a soberania chinesa em 20 de dezembro de 1999.
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VÍDEOS
Acordo de Alvor






vídeo com declarações 
sobre a morte de Savimbi
Tomada de posse de José Eduardo dos Santos
Discurso de declaração de independência de Angola - Agostinho Neto



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