o poder da bejeca
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Pires de Lima é aquele crestianoreinaldo dos negócios que, no último golpezinho d’estadocentrista, foi a ministro da economia - para fazer aquilo que se estava mesmo a ver que era óbvio mas que o álvaro, qu’era canadiano, não enxergava: baixar os impostos, sobretudo o da restauração. A ideia, parece-me, era relançar a economia, ou lá o que é.
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Pires de Lima tinha ganho uma aura de executivo milagreiro por gerir e tornar próspera uma conhecida fábrica de bejecas - coisa que, como toda a gente sabe, é uma tarefa espinhosa num país de abstémios desde piquenos como Portugal. É nisto que se vê o brio dos nossos gestores de ponta.
Pires de Lima, como é óbvio, não reduziu nenhum imposto. Tal como o álvaro. A verdade é que, como este pobre imbecil, a bem dizer Lima não risca nada em assunto que realmente interesse. A troyka não lho permite.
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No que ele realmente manda é sobre as pontes (aí a troyka faz vista grossa). É lá que se nota todo o esplendor da sua autoridade.
Foi dele a ordem (é o ministro da economia que tutela a Estradas de Portugal, responsável pela gestão da ponte) que proíbiu a manife da CGTP na Ponte 25 de Abril. Por questões de segurança. Sustentado em três estudos técnicos e, dizem, uma lei de 1934.
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A verdade é que a ponte não caíu - e para além dos milhares de pessoas que a central sindical mobilizou, ainda suportou o peso de quatrocentos autocarros e centenas de automóveis particulares. E palminhas acabou e ninguém se aleijou.
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O que vale é que tudo isto se passa num país de abstémios desde piquenos - onde todavia não me admira nada que seja possível (e até legal) que os “estudos técnicos” que sustentaram a decisão ministerial de proíbir, pela primeira vez em democracia, uma manifestação política - tenham tido o privilégio do alto-patrocínio, como as bacanais académicas, de uma marca de bejecas.
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