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sábado, 26 de outubro de 2013

Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, Lisboa, Congresso «Álvaro Cunhal, o projecto comunista, Portugal e o mundo de hoje » É a confiança nos trabalhadores, no povo e na sua luta e num futuro melhor para a humanidade que queremos e temos a obrigação de manter viva Sábado 26 de Outubro de 2013 Em nome do Partido Comunista Português quero transmitir as nossas mais calorosas e cordiais saudações a todos os participantes e organizadores do Congresso “Álvaro Cunhal, o Projecto Comunista, Portugal e o Mundo de hoje”.

Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, Lisboa, Congresso «Álvaro Cunhal, o projecto comunista, Portugal e o mundo de hoje »

É a confiança nos trabalhadores, no povo e na sua luta e num futuro melhor para a humanidade que queremos e temos a obrigação de manter viva 


Em nome do Partido Comunista Português quero transmitir as nossas mais calorosas e cordiais saudações a todos os participantes e organizadores do Congresso “Álvaro Cunhal, o Projecto Comunista, Portugal e o Mundo de hoje”.
Um Congresso que esteve e está aberto a diferentes tipos de participação e participantes, não apenas a militantes comunistas, mas a todos aqueles que, oriundos dos mais diversos sectores da vida social e política, das organizações sociais e de massas, da vida cultural ou académica, reconhecem a importância do estudo, do pensamento e acção de Álvaro Cunhal, valorizam o seu importante legado nos domínios da acção e intervenção política, social, cultural e artística, bem como o seu percurso de homem e revolucionário e o que ele traduz, não apenas como exemplo, mas como atitude, posicionamento e projecto político.
A todos os que nos honram com a sua presença, a sua participação, as suas comunicações e reflexões, mas também simples vivências e experiências de um combate partilhado em comum, o nosso sincero agradecimento.
Permitam-me que, particularmente, saúde e agradeça à Universidade de Lisboa e à sua Faculdade de Letras, nas pessoas do seu Reitor, Professor Doutor António Cruz Serra e do Director desta Faculdade que nos acolhe, Professor Doutor Paulo Farmhouse Alberto, todo o apoio e disponibilidade para a realização desta marcante iniciativa do calendário das comemorações do Centenário do nascimento de Álvaro Cunhal.
Comemorações que consideramos serem já um grande êxito e a justa homenagem que todos nós aspirávamos ver concretizada quando do seu anúncio oficial em Novembro de 2012. Comemorações que permitiram revelar numa dimensão muito elevada o homem que foi Álvaro Cunhal – esse destacado e central protagonista da nossa história contemporânea, comunista convicto, que se afirmou como um exemplo na luta pelos valores da emancipação social e humana no nosso país e no mundo –, e chamar a atenção para a sua multifacetada actividade, nomeadamente para a riqueza e profundidade do seu trabalho no domínio da intervenção e acção política a que este congresso que agora se inicia não deixará de dar um particular relevo, nomeadamente à sua importante e extensa obra teórica, não apenas porque este é o espaço adequado ao aprofundamento do seu conhecimento, mas essencialmente porque ela continua a ser, pela sua actualidade, uma referência na resposta a problemas essenciais do nosso país e do nosso tempo.
Uma obra que deu uma criativa contribuição ao desenvolvimento do materialismo dialéctico e histórico e, em particular, contribuiu para dotar o PCP de um corpo de análises, ideias e orientações que marcaram o projecto comunista e as formas concretas que veio a assumir em Portugal, que influenciaram a sociedade portuguesa. Uma contribuição criadora que está bem patente na teoria da Revolução Portuguesa ou na teoria do partido comunista que desenvolveu e cujas características essenciais sistematizou com mestria em “O Partido com Paredes de Vidro”, para se tornar também uma referência para o movimento comunista e revolucionário mundial.
Uma vasta obra produzida ao mesmo tempo que agia e intervinha na resposta aos problemas do seu povo e do seu país, e participava activamente na luta mais geral pela emancipação dos trabalhadores e dos povos no plano internacional.Num percurso que evidencia essa sua invulgar capacidade de, ao mesmo tempo, estudar e sistematizar a realidade e desenvolver um pensamento teórico e intervir nessa realidade complexa e em movimento, característica que faz da obra de Álvaro Cunhal um exemplo superior da ligação indissolúvel de teoria e prática transformadora e revolucionária.
Com este Congresso e na multiplicidade de olhares que permite sobre a sua obra, o seu percurso e sua luta, havemos de colher todos nós, estou certo, ensinamentos que nos enriquecerão e fortalecerão a luta por um mundo melhor e mais justo. A riqueza e amplitude da sua obra e da sua luta, sempre inserida no quadro do seu Partido, não deixa de fora praticamente nenhum dos domínios essenciais do combate dos que não se contentam apenas em interpretar o mundo, mas que assumem o compromisso de o transformar.
As suas análises do sistema capitalista e da evolução mundial, suas tendências e forças motoras; as suas contribuições riquíssimas à problemática da relação direcção-Partido-classe-massas; as suas análises sobre a questão central do papel da classe operária, da decisiva importância da sua unidade e a sua política de alianças nas diferentes etapas e fases da luta pela sua emancipação; as suas avaliações das experiências do socialismo e a compreensão das causas das dramáticas derrotas; as suas reflexões sobre a questão do Estado, são objecto e parte do vasto património teórico de Álvaro Cunhal.
Como parte é o seu inestimável contributo para afirmar a necessidade e actualidade do ideal e do projecto comunista, particularmente quando, perante a derrocada da URSS e de outros regimes do Leste europeu, os poderes dominantes apresentavam o capitalismo como fim da história e o projectavam numa marcha triunfal no caminho para a democracia universal, liberto de guerras e de crises.
Uma marcha que nunca se iniciou, nem podia iniciar, por que como previu e preveniu Álvaro Cunhal o capitalismo não só continuou a manter as suas características essenciais, como sistema de exploração, opressão e agressão, como no quadro da nova situação de alteração da correlação forças, momentaneamente mais liberto e menos condicionado, haveria de confrontar os trabalhadores e os povos com mais brutais e desumanas consequências.
A actual crise do capitalismo, com o seu rol desemprego, destruição económica, retrocesso social, injustiças e desigualdades são bem a confirmação de que, como afirmava Álvaro Cunhal, nem o projecto comunista de uma sociedade nova e melhor, deixou de ser válido, nem o capitalismo se mostrou ou mostra capaz de resolver os grandes problemas da humanidade.
Desse projecto onde não cabe apenas a realização dos seus grandes objectivos – a construção do socialismo e do comunismo –, mas também as múltiplas causas que dão sentido aos combates de hoje pela construção de um mundo sempre melhor e mais justo: - a causa da defesa dos trabalhadores e do povo, dos seus justos interesses e direitos, contra a ofensiva e prepotência do grande capital; a causa do combate permanente às desigualdades e injustiças sociais, e o compromisso de lutar e organizar a luta para lhes pôr termo; a luta pela liberdade e democracia; pela defesa do desenvolvimento económico, tendo como elemento integrante o progresso social; a causa da paz e pela amizade e cooperação entre os povos; a luta actual contra a política de direita e pela concretização de uma alternativa para servir o povo e o país; a causa da afirmação dos valores elementares como a igualdade de direitos, a fraternidade, a justiça social e a solidariedade humana; a garantia e valorização do papel dos povos no decidir da história e que a sociedade nova, como a experiência o comprovou, só poderá ser construída por decisão e empenhamento dos trabalhadores e do povo.
Um projecto que alguns se apressaram a declarar como definitivamente morto, mas que está não só vivo e bem vivo, como o ideal que transporta continua a iluminar o caminho dos que continuam a lutar pela concretização das mais profundas aspirações do povo, certos de que um dia ele será futuro.
Do valioso e imenso legado que Álvaro Cunhal nos deixou, está a luta pela conquista da liberdade, da democracia, por um projecto de desenvolvimento ao serviço do país e do povo e pela independência nacional. Está a luta por uma sociedade nova liberta da exploração do homem pelo homem, está uma inabalável confiança nos trabalhadores, no povo e na sua luta e num futuro melhor para a humanidade.
É essa mesma confiança que queremos e temos a obrigação de manter viva com realizações como esta que aqui nos traz para dar mais força e continuar a luta que teve em Álvaro Cunhal um exemplar combatente e que hoje é nossa!
Para todos votos de um bom e profícuo trabalho!

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