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terça-feira, 29 de outubro de 2013

CULTO DA PERSONALIDADE????? Image Nos primeiros meses de 1974 o Partido tinha levado um rude golpe da PIDE que se repercutiu até às vésperas do 25 de Abril. No ano anterior, no fim da primavera princípio do verão, houve turbulências complicadas complicados de natureza e origem interna. Foi no contexto deste último acontecimento que conheci um funcionário, de que não me lembro do pseudónimo, que depois do 25 de Abril reconheci ser o Carlos Brito.

CULTO DA PERSONALIDADE?????



Image
Nos primeiros meses de 1974 o Partido tinha levado um rude golpe da PIDE que se repercutiu até às vésperas do 25 de Abril. No ano anterior, no fim da primavera princípio do verão, houve turbulências complicadas complicados de natureza e origem interna. Foi no contexto deste último acontecimento que conheci um funcionário, de que não me lembro do pseudónimo, que depois do 25 de Abril reconheci ser o Carlos Brito. Conheci, portanto, Carlos Brito com ele e sob a sua orientação cumpri tarefas partidárias, desde o segundo trimestre de 1973 até ao 25 de Abril.
No dia 26 de Abril recebi dele uma lição que não mais esqueço. Tinha ido à noite, como muitos camaradas, companheiros de estrada e demais democratas à Cooperativa Esteiros. Vi o Carlos Brito, que não sabia que se chamava Carlos Brito mas sabia ser um funcionário do Partido com responsabilidades particulares. Com o 25 de Abril e o levantamento popular em marcha, fiquei particularmente satisfeito e entusiasmado por encontrar ali o camarada. Tinha mesmo um alto significado. Aproximei-me alegremente de Carlos Brito para lhe dar um abraço. Quando já estávamos frente a frente, Carlos Brito diz, de maneira audível, para eu não ter nenhuma dúvida, para o camarada que estava ao seu lado: Apresentas-me este amigo? Ficou tudo dito e explicitado. Continuávamos, embora em vivência diferente e num ambiente eufórico, a manter a reserva que vinha da clandestinidade, dos tempos do fascismo. Tudo ainda era precário, devíamos estar preparados para o que desse e viesse. Aprendi a lição que Carlos Brito me deu, de modo delicado mas firme.
Cruzámo-nos algumas vezes. Trabalhei novamente com ele e vários outros camaradas, quando foi candidato do PCP a Presidente da República. Nessa oportunidade, algo me incomodou e comentei em privado com o Artur Ramos, que também fazia parte dessa equipa. A sua enorme vaidade era indisfarçável. Não tinha correspondência com o seu pensamento que, embora consistente, parecia mais ancorado em muletas do que propriamente ter alguma profundidade.
Depois, indignei-me quando, em rotura com o Partido, Carlos Brito dá uma entrevista em que, hipócrita e cinicamente, revela que tinha enviado uma carta ao PCP, esperando disciplinadamente pela resposta. O que o Carlos Brito queria dizer e escondia, era que já tinha entregue a sua carta ao Partido e à comunicação social para que se tornasse pública. Fosse explorada pelo anticomunismo dominante. Coisa que ele conhecia na perfeição. Era mais que evidente que Carlos Brito não estava interessado em nenhum debate ideológico, provavelmente com alguma consciência das suas limitações, benefício da dúvida que não lhe devia conceder mas concedo, mas em provocar a corrosão possível no Partido. A minha indignação ao ler a entrevista era a evidência de que a carta do Carlos Brito surgiria dentro de dias na imprensa com o Carlos Brito a mostrar-se muito admirado por essa aparição. Mais espantado que os três pastorinhos de Fátima.
Tudo correu segundo esse guião, escrito pelo Brito e o(s) seus(s) interlocutor(es) na comunicação social.
A partir daí Carlos Brito tornou-se, por opção própria, numa reserva que a comunicação social vai acordar cada vez que quer atacar o Partido ou as iniciativas do Partido. Com um descaramento, só possível em quem perdeu toda a vergonha ou está irreversivelmente esclerosado, a propósito das Comemorações do Centenário de Álvaro Cunhal, confessando com o maior à vontade que não tinha visitado a exposição que esteve no Pátio da Galé nem folheado sequer uma página da Fotobiografia, criticou acidamente o conteúdo desses dois eventos dizendo que eram uma demonstração do estalinismo do Partido. Agora, na oportunidade, do Congresso “Álvaro Cunhal, o projecto comunista, Portugal e o mundo de hoje”, lá tirou Carlos Brito a cabeça para fora da toca para falar no “culto da personalidade” que, segundo ele, atravessa perigosamente o partido
Carlos Brito, tenha vergonha! Feche a carcela! Culto da personalidade, sem ter alguma personalidade, tem você na medida da transpiração da sua vaidade, cujo impacto nenhum desodorizante é capaz de reduzir. Quem inventar tal produto será certamente candidato ao Prémio Nobel da Química. Essa será a sua possibilidade de ficar registado para a posteridade.

pracadobocage.wordpress.com

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