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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Deslegitimados Há uns anos, Vicente Jorge Silva exultou com a subida eleitoral do Bloco de Esquerda e decretou que o BE «vai dominar a esquerda portuguesa nos próximos 25 anos», acrescentando a pièce de resistance do seu apurado faro: a de que o PCP, concomitantemente, iria pelo «cano abaixo», dando enfim tranquilidade às mimosas almas como a do Vicente.

 
  • Henrique Custódio 

Deslegitimados
Há uns anos, Vicente Jorge Silva exultou com a subida eleitoral do Bloco de Esquerda e decretou que o BE «vai dominar a esquerda portuguesa nos próximos 25 anos», acrescentando a pièce de resistance do seu apurado faro: a de que o PCP, concomitantemente, iria pelo «cano abaixo», dando enfim tranquilidade às mimosas almas como a do Vicente.
Esta visão não é original, emergindo dum «clube de opinadores» que, desde a Revolução de Abril, se aplicam a declarar, regularmente, o ansiado óbito do PCP. Alguns atrevem-se mesmo a mixorofar teorias, como a de que «já não há classes sociais mas 'cidadãos'» ou de que «acabou a luta de classes».
Só não dizem que as sociedades continuam, tal e qual como no tempo de Marx e de Lenine, dominadas pela exploração capitalista, onde as «classes» continuam nos exploradores (sempre uma minoria) e nos explorados (a maioria cada vez mais esmagadora dos que produzem toda a riqueza e cada vez menos dela usufruem).
Obviamente, as classes aí estão, e inexoravelmente empurradas para a luta pela ganância insaciável do capitalismo, e essa é que é essa...
Com estas eleições autárquicas surgiu uma «novidade» – PCP, no quadro da CDU, foi o único partido que subiu em votação, percentagem, câmaras municipais e mandatos, o que calou os vicentes do burgo e levou a generalidade dos comentadores a reconhecer que «o PCP se revitalizou» e «é uma força política com raízes no País».
Só não referem um elemento desta vitória autárquica do PCP: o de que as câmaras municipais comunistas são as únicasonde, em quase 40 anos de Poder Local, jamais se registou um escândalo dos que proliferam regularmente nas gestões dos outros partidos, seja de corrupção, nepotismo, branqueamento de capitais, tráfico de influências ou de todo o tipo de negócios escuros.
O eleitorado foi-se habituando a constatar isso, tal como foi testemunhando que os eleitos comunistas são credores dos fundamentos e da continuação da gestão directa dos problemas e necessidades das populações.
Pelo que a vitória da CDU evidenciou outra coisa: que é realmente o trabalho e a honestidade que constituem o valor firme da política, arredando lentamente as demagogias sem princípios nem pinga de vergonha.
Entretanto, o PM Coelho reconheceu a derrota e disse que«me continuarei a bater pelo caminho que temos vindo a percorrer».
O homem esquece que o PSD e o CDS somaram 35,75% dos votos nas anteriores autárquicas, ficando-se agora pelos 27,30%.
Mas o que entra pelos olhos dentro é que o apoio político do Governo se desmoronou e conta, agora, com uma base social que anda à volta de um terço do eleitorado (concretamente, 3,7 num total de 10).
Se a contabilidade é aritmeticamente avassaladora, politicamente é uma sentença de morte para a coligação Pedro e Paulo, que não mais pode reivindicar (como tanto o fez, no passado) a «legitimidade das urnas» para se manter em funções.
É que as urnas acabaram de os desligitimar. E fragorosamente.

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