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domingo, 6 de janeiro de 2013


Telhados em Hong Kong escondem milhares de barbatanas de tubarão

Comerciantes estão a evitar a vista pública, devido aos protestos contra a morte de milhões de tubarões todos os anos.

O ambientalista Gary Stokes, da organização Sea Shepherd, começou o ano em cima de um telhado, a registar imagens assombrosas que viriam a correr mundo. “Enquanto muitos tratavam de ressacas, estávamos a confirmar uma dica recebida de um amigo”, escreve Stokes num blogue de fotografias que mantém na Internet.
A dica era a de de que as coberturas de alguns edifícios em Hong Kong estavam a ser utilizadas para secar milhares de barbatanas de tubarão – uma iguaria da cozinha chinesa, mas que está há anos na mira de ambientalistas e de alguns governos.
No topo de um prédio industrial, Stokes confirmou a informação. Lá estavam, ocupando cada centímetro quadrado da cobertura, entre 15.000 a 20.000 barbatanas. “É chocante”, disse o ambientalista à agência de notícias AFP. Dias mais tarde, um fotógrafo da agência registou também as imagens.
Uma das técnicas mais comuns para a obtenção das barbatanas tem sido alvo, pela sua brutalidade, de protestos e iniciativas legislativas. Uma vez capturado o animal, as barbatanas são imediatamente cortadas na própria embarcação. O tubarão, ainda vivo, é devolvido à água, onde não terá grande hipótese de sobrevivência.
Em Novembro passado, o Parlamento Europeu aprovou uma proposta de Bruxelas para proibir totalmente a separação das barbatanas a bordo. A técnica também já foi banida ou limitada noutros países. Mas o comércio em si das barbatanas – o ingrediente de uma sopa que chega a custar 100 euros a dose em Portugal – não tem grandes restrições, senão pontualmente, como na Califórnia, Estados Unidos.

Dezenas de milhões de tubarões são mortos todos os anos para alimentar esta lucrativa indústria. Um estudo publicado em 2006 contabiliza uma média de 38 milhões de tubarões capturados todos os anos, entre 1996 e 2000. A organização ambientalista WWF fala em 73 milhões.

Hong Kong é a principal plataforma por onde passam as barbatanas consumidas sobretudo na China. Ali chegam cerca de 10.000 toneladas de todos os anos. Em 2008, cerca de um quarto deste total foi exportado pela Espanha, segundo um relatório da Oceana, uma organização não-governamental dedicada aos assuntos marinhos.
Na própria China, a pressão contra este comércio tem dado alguns resultados. A sopa de barbatana de tubarão foi retirada dos menus de alguns hotéis de luxo. Em Julho passado, o próprio Governo chinês decidiu abdicar da sopa nos banquetes oficiais – uma medida aplaudida por conservacionistas.
Segundo Gary Stokes, foi para escapar às críticas que os comerciantes em Hong Kong começaram a subir às coberturas dos edifícios, onde milhares de barbatanas estão a secar, longe da vista pública, em antecipação do pico de consumo do Ano Novo chinês, em Fevereiro.

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