Mónica Salmaso – “Até a vista se atrapaia, ai, ai, ai...”
Hoje temos uma recolha de folclore brasileiro (um colhido, como dizem por lá). É uma cantiga deslumbrante, muito bem acompanhada à viola por Paulo Freire, que chama para a cantar, uma cantora “boa absurdo!”, segundo as suas palavras.
E é mesmo “boa absurdo”! É a Mónica Salmaso, cuja preferência pela cultura, pela música de recolha, a música mais comprometida com a qualidade literária, embora não a impedindo de ter um vasto público, não se pode dizer que lhe tenha aberto as portas do estrelato. Dá gosto ouvir correr a sua voz. Dá gosto ouvi-la ousar “falar errado”... coisa que repugna a tantos intelectuais de pacotilha.
Quanto à cantiga, o “Cuitelinho” (beija-flor)... que diacho se pode dizer de uma coisa assim doida de bonita?
Espero que vos chegue ao peito, que como a letra diz no final (sim, é preciso ouvir até ao fim!), «é onde o coração “trabaia”».
Bom domingo.
“Cuitelinho” – Mónica Salmaso
(Popular – Recolha de Paulo Vanzolini e António Xandó)
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