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sábado, 12 de janeiro de 2013


Assassínio de três mulheres curdas em Paris compromete diálogo entre PKK e Ancara

Assassínio de três mulheres curdas em Paris compromete diálogo entre PKK e Ancara
legenda da imagem
Christian Hartmann/Reuters

Os corpos de três mulheres executadas a tiro foram descobertos durante a madrugada na sede francesa do PKK, em Paris. Uma das vítimas é Sakine Cansiz, cofundadora do movimento armado de libertação do Curdistão, o PKK e próxima do atual líder, Abdulah Ocalan. O triplo assassínio está a ser considerado uma manobra para boicotar o recente diálogo estabelecido entre o governo turco e Ocalan, com vista ao desarmamento do PKK e à resolução pacífica dos diferendos entre os dois povos.

Ajuste de contas interno do grupo separatista ou intervenção dos ultranacionalistas turcos, são as duas teses em confronto na busca dos responsáveis.

O caso está a ser um sério embaraço para as autoridades francesas, que entregaram a investigação à polícia antiterrorista.

O ministro francês do Interior, Manuel Valls, deslocou-se ao Centro de Informação do Curdistão, onde ocorreu o crime e garantiu que a França fará tudo para esclarecer “este ato insuportável”.

O Presidente francês também reagiu. François Hollande afirmou-se “horrorizado”, até porque conhecia uma das vítimas.
"Somos todos PKK"
O Centro de Informação do Curdistão faz a ligação na Europa com a cúpula do PKK e é supostamente um local vigiado pelos serviços secretos franceses e turcos. Muitos se perguntam como foi possível assassinar as três mulheres sem levantar suspeitas.
O ministro francês do Interior,Manuel Valls, manifestou o seu pesar às famílias das vítimas. “Três mulheres foram abatidas, mortas, sem dúvida executadas. É completamente inaceitável” afirmou frente ao Centro, assegurando que “as autoridades francesas estão determinadas em esclarecer este ato totalmente insuportável.” O Presidentefrancês reagiu por seu lado à margem de uma visita no sudoeste de França. “É horrível, isto afeta diretamente três pessoas, uma das quais eu conhecia assim como outros políticos, ela reunia-se muitas vezes connosco”, declarou François Hollande.

Centenas de curdos refugiados em Paris juntaram-se frente ao Centro logo a partir da manhã, gritando palavras de ordem contra a Turquia e também contra a França.

“Turquia assassina, Hollande cúmplice”, era um dos gritos da multidão, que se emocionou sobretudo quando os corpos foram retirados do edifício.

"Somos todos PKK!", gritaram os cerca de 400 manifestantes.

A Turquia também já condenou os assassínios e nega toda a responsabilidade. “Condeno esta violência. Isto é completamente errado. Exprimo as minhas condolências”, reagiu em Ancara o porta-voz do governo, Bulent Arinc.

Na Turquia fala-se de um feudo interno dentro do PKK que terá levado ao assassínio das militantes, em particular de Soleymez. A comunidade curda no entanto responsabiliza “forças ocultas” do Estado turco.

Uns e outros coincidem nas razões do assassínio: fazer descarrilar o recente diálogo que tem unido turcos e curdos para conseguir o desarmamento do PKK e mais regalias para a comunidade curda. 
"Sem dúvida executadas"
As três mulheres foram vistas pela última vez com vida na quarta-feira no Centro de Informação do Curdistão, no 147, rua Lafayette, em Paris. Durante a tarde um homem que procurou ali informações encontrou as portas fechadas. Os corpos foram descobertos pela polícia que entrou no local cerca das duas da madrugada de quinta-feira.
De acordo com o jornal francêsLe Monde, duas das vítimas foram abatidas com uma bala na cabeça, outra com uma bala no tórax. Outras informações indicam que as três mulheres apresentavam ferimentos na cabeça.
As vítimas são a responsável do Centro, Fidan Dogan, de 32 anos e membro do Conselho Nacional curdo, uma jovem militante, Leyla Soylemez e ainda Sakine Cansiz, cofundadora do PKK e muito próxima do líder Abdullah Ocalan, que se encontra detido.

Cansiz, que esteve detida e foi torturada pelas autoridades turcas entre 1980 e 1983, era uma das principais dirigentes do PKK na Europa.

Nunca um alto dirigente do PKK ou da cúpula governamental curda havia sido assassinado na Europa.

“Mesmo num país como a França, não estamos protegidos”, lamentava-se uma das mulheres na manifestação da diáspora curda francesa frente ao Centro. “Há anos que nos assassinam. Estas pessoas que foram mortas eram refugiadas políticas. Isto quer dizer que mesmo num país como a França, já não estamos protegidos”, reagiu Edip Gultekin, de 32 anos, em França há 12.

Está marcada para sábado em Paris uma manifestação dos curdos na Europa, em protesto contra as mortes.

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