Soneto de Camões, para um Amigo que vive na dor e no sofrimento do passado...
Claude Monet, Palazzo Mula
Vittore Carpaccio, "Duas damas venezianas"
uma desconhecida, em Veneza
Soneto 157
Lembranças, que lembrais meu bem passado,
Pera que sinta mais o mal presente,
Deixai-me, se quereis, viver contente,
Não me deixeis morrer em tal estado.
Mas se também de tudo é ordenado
Viver, como se vê, tão descontente,
Venha, se vier, o bem por acidente,
E dê a morte fim ao meu cuidado.
Que muito melhor é perder a vida,
Perdendo-se as lembranças da memória,
Pois fazem tanto dano ao pensamento.
Assi que nada perde quem perdida
A sua esperança traz de sua glória
Se esta vida há-de ser sempre em tormento.
O falcão de Jade
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