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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Em 1999, uma criança nasceu, de parto prematuro e com deformidades congénitas: o Euro 20 anos depois – alguns textos sobre a sua atribulada existência. Texto 1. Por enquanto, a zona euro é um fracasso

aviagemdosargonautas.net

Em 1999, uma criança nasceu, de parto prematuro e com deformidades congénitas: o Euro 20 anos depois – alguns textos sobre a sua atribulada existência. Texto 1. Por enquanto, a zona euro é um fracasso




Por enquanto, a zona euro é um fracasso
(Patrick Artus, 05 de Setembro de 2018)
SG1
Por enquanto, podemos considerar que a zona euro é um fracasso, uma vez que não observamos nela as características esperadas numa União Económica e Monetária:
  1. a mobilidade dos capitais entre os países da área do euro desapareceu desde a crise de 2010-2013 na zona euro;
  2. o comércio entre os países da zona euro não beneficiou tanto quanto seria de esperar da integração monetária e económica;
As empresas europeias de novas tecnologias não aproveitaram a presença do mercado único para se desenvolverem.

Por conseguinte, a zona do euro não permite atualmente que as poupanças sejam investidas onde são mais eficazes na zona do euro e não mostrou um efeito significativo a nível do mercado único.

A primeira fraqueza da zona euro: o desaparecimento da mobilidade de capitais entre países
Uma das motivações essenciais para a criação de uma União Monetária é promover, através do desaparecimento do risco cambial, a mobilidade do capital entre países, o que permite que a poupança financie  investimentos na União Monetária onde os investimentos são mais rentáveis.
No entanto, desde a crise de 2010-2013 na zona  euro, a mobilidade de capitais desapareceu entre os países da zona  euro. Uma tal situação  deve-se ao  facto do excedente externo da Alemanha e dos Países Baixos já não tem como contrapartida o défice externo dos outros países da zona  euro, mas sim por um excedente externo global da zona euro (Gráfico 1).
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Em particular, os países periféricos da zona  euro tiveram de fazer desaparecer  os seus défices externos comprimindo  a sua procura interna (Gráficos 2ª/b).
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Conclusão: Por conseguinte, a unificação monetária já não proporciona à zona  euro a capacidade de transferir as poupanças para financiar os investimentos mais eficientes.
Segunda deficiência da zona euro:
  1. o comércio entre países não foi significativamente impulsionado pelo mercado único
  2. a livre circulação de bens e serviços e o desaparecimento do risco cambial deverão normalmente conduzir, numa União Monetária, a um aumento do comércio entre países.
Os Gráficos 3a a 3i mostram que, destes nove países da área do euro, apenas um (Finlândia) registou um aumento do peso das suas exportações para a zona euro no total das suas exportações, aumento esse  superior ao aumento do PIB da zona euro relativamente ao PIB mundial.
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sg5sg6
Por conseguinte, o mercado único não impulsionou significativamente o comércio entre os países da zona  euro.

Terceira deficiência da zona euro, o grande mercado único não levou ao aparecimento  de grandes empresas das Novas Tecnologias.
O mercado interno da zona euro é apenas 30% inferior ao dos Estados Unidos em termos de PIB e maior em termos de população (Gráficos 4a/b).
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No entanto, surgiram grandes empresas de Nova Tecnologia nos Estados Unidos e não na zona  euro (Figura 5), apesar da grande dimensão do mercado interno da área do euro.

Resumo: porque é que no total podemos dizer que a zona euro é um fracasso.
Espera-se normalmente que a criação de uma União Económica e Monetária:
  1. aumente a mobilidade dos capitais entre as regiões desta União, facilitando assim o financiamento dos investimentos mais eficientes;
  2. aumente o comércio entre as regiões desta União;
  3. promova a criação de grandes empresas de novas tecnologias que se desenvolvem no grande mercado interno da União.
 Nenhum destes três objetivos está atualmente a ser alcançado na zona do euro

O segundo texto desta série será publicado amanhã, 20/02/2019,



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