Tratados muitas vezes pelos registros da história como uma massa homogênea, uma multidão sem identidade, a história dos negros e negras negociados como escravos é obviamente feita de indivíduos que, como todos, possuíam idiossincrasias, talentos, angústias e anseios.
A incrível vida de Sarah Forbes Bonetta, que em 1848 estava prestes a ser executada Serra Leoa pelo rei Ghezo, quando foi salva por um capitão do exército inglês para se tornar afilhada da rainha Victoria é um dos milhões de exemplos.
Quando soube que a menina, que perdera os pais em um ataque do rei Ghezo à tribo de Egbado, da qual fazia parte, seria executada, o capitão Frederick E. Forbes convenceu o rei a salvá-la e oferecê-la como um presente à rainha Victoria. Ao receber o “presente”, Victoria se impressionou com a extraordinária inteligência da garota, e a criou no meio da alta classe inglesa como sua afilhada.
Bela, brilhante e dotada de muitos talentos – aos oito anos já falava um inglês impecável, aprendendo também instrumentos diversos – Sarah foi um forte exemplo, mesmo para a rainha, de como as ideias de superioridade racial não faziam sentido.
Aos 18 anos, Sarah se casou um empresário de origem Iorubá, como ela, e retornou à Serra Leoa, para ter 3 filhos e se tornar professora.
Ela porém jamais perdeu contato com a rainha, que se tornaria também madrinha de uma de suas filhas – a menina, assim como a mãe, também possuía grande talento para a música e para as línguas.
Pouco se conta hoje sobre a história de Sarah, mas sua trajetória extraordinária nos lembra da força e dos horrores sofridos pelos povos negros, escravizados e arrancados de suas próprias identidade, que tiveram que lutar contra tudo e todos para simplesmente poderem ser quem são.
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