Alberto Gutierrez Giron viveu sozinho nas montanhas da Nicarágua por quase 40 anos, esculpindo um penhasco de quase 100 metros de comprimento em uma obra de arte gigante, assim como aquela que viu em um sonho, quando tinha 9 anos de idade. Popularmente conhecido como "Ermitão da Nicarágua" ou "Escultor da Montanha", Alberto Gutierrez afirma ter nascido em 17 de outubro de 1944, embora já não tenha mais uma certidão de nascimento, em uma vila perto da cidade de Villa de San Antonio de Pavia de Esteli.
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Via: Expert Vagabond
Ele sempre gostou de explorar as florestas em volta de sua casa, e aos 33 anos, decidiu que queria viver toda a sua vida cercado pela natureza, criando uma obra de arte épica que sonhara quando jovem. Ele pensava nisso há anos, mas durante a guerra que varreu a Nicarágua na época, parecia ser a oportunidade perfeita para se afastar de tudo.
Alberto Gutierrez gasta cerca de três horas por dia talhando uma rocha gigante perto de sua cabana de madeira, no Parque Natural de Tisey Estanzuela, e nas últimas quatro décadas conseguiu moldá-la em uma escultura eclética, com todos os tipos de elementos, de animais como elefantes e chitas, a um modelo da Catedral de Esteli e até as Torres Gêmeas da cidade de Nova Iorque. O que é ainda mais notável é que o idoso eremita afirma que sua escultura gigante é exatamente como a que ele viu em um sonho há quase 70 anos.
Foi no seu nono aniversário que Alberto teve o sonho que, em última instância, inspirou sua extrema mudança de estilo de vida. Ele passou aquele dia brincando com os amigos na rua; quando chegou em casa, desmaiou de cansaço e sonhou que esculpia uma montanha. A imagem era tão vívida que aquilo o perseguiu ao longo dos anos e quando descobriu pela primeira vez a rocha de 100 metros no topo da montanha El Jalacate, com vista para a reserva Tisey Estanzuela, sabia que aquele era o lugar que havia visto em seu sonho.
Durante a década de 1970, quando a revolução sandinista estava varrendo a Nicarágua, ele se recusou a lutar por um lado, e foi viajar pelo país fazendo todo o tipo de trabalho. Em 1977, quando trabalhava em um porto, encontrou uma pedra e alguns cravos que pareciam cinzéis, e imediatamente lembrou o sonho que teve quando criança. Foi quando decidiu voltar para El Jalacate para finalmente começar a trabalhar em sua escultura épica. Alberto chegou ao lugar que se tornaria sua casa permanente em outubro de 1977, e imediatamente começou a trabalhar em sua escultura.
O Ermitão da Nicarágua vive em um pequeno barraco de madeira que ele mesmo construiu. Não tem acesso a água corrente, dorme em uma cama improvisada no piso de terra e vive da agricultura. Ele também não entende conceitos modernos como Internet, apesar dessa ter feito dele um dos mais famosos eremitas do mundo.
O homem nicaraguense disse que seu sonho era romper completamente o contato com o resto da civilização, mas se permitiu ser visto por pessoas que visitam o Parque Natural Tisey Estanzuela, e a história de um eremita que vivia sozinho no mato começou a se espalhar na área.
Quando os turistas chegam para ver as maravilhas naturais da região, eles ouvem a história desse personagem indescritível que gasta seus dias esculpindo uma montanha, e muitos vão visitá-lo. Tiram fotos de Alberto, sua morada simples e do trabalho de toda uma vida e as publicam em seus blogs de viagem. Foi assim que o Escultor da Montanha tornou-se uma atração turística popular.
Quão popular pode realmente ser um eremita? Pode você me perguntar. Bem, basta dizer que a direção do parque o levou à cidade de Esteli há alguns anos para lhe oferecer uma placa de honra, a chave da cidade e agradecer-lhe por promover a região como destino de viagem. O próprio Alberto diz que já foi visitado por cerca de 30 mil pessoas na última década, o que parece muito impressionante para qualquer um, mas especialmente para um eremita.
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Alberto se acostumou com os turistas e até colocou dezenas de sinais apontando a direção de seu barraco, para ajudar as pessoas a encontrá-lo com mais facilidade. Ele sempre tem tempo para compartilhar sua história de vida, mostrar o mural escultórico de 100 metros em que trabalhou por 40 anos e fica orgulhoso por receber visitantes de todos os cantos do mundo.
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Alberto Gutierrez nunca se casou e não tem filhos, mas ele não se sente sozinho. Esse foi o estilo de vida com o qual sonhara, e se, de repente, passa o dia todo sem receber visitantes, ele simplesmente conversa os pássaros. Eles sempre estiveram lá para ele e são muito bons ouvintes.
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