Os calões da Autoeuropa aceitam trabalhar a um sábado como um dia extraordinário e não como um dia normal.
A ironia de João André Costa
Tal nível de bom comportamento levou a que a Autoeuropa fosse escolhida para produzir o T-ROC, o novo veículo utilitário desportivo SUV da Volkswagen. A produção deste veículo corresponde a 1% do PIB português e a 2000 postos de trabalho. Quer isto dizer que se a Autoeuropa não produzir o que lhe é exigido, a produção será deslocalizada para outros países de um dia para o outro, porque se os calões da Autoeuropa não querem trabalhar, lá fora há quem queira, mais horas e por menos.
Os calões da Autoeuropa já se esqueceram que estão onde estão apenas e somente por trabalharem mais horas e por menos em comparação com o resto da Europa. Os calões da Autoeuropa têm a barriga cheia e acham-se no direito de se sentirem cansados, de querer passear com a família ao fim-de-semana e ver os filhos crescer ao invés de vestirem a camisola e trabalhar que nem umas mulas em prol do país e de todos os portugueses, isto num país a braços com uma crescente dívida externa.
Os calões da Autoeuropa aceitam trabalhar a um sábado como um dia extraordinário e não como um dia normal. No entanto, os calões da Autoeuropa não aceitam a obrigatoriedade de trabalhar ao sábado. Os calões da Autoeuropa querem encher ainda mais a barriga, e os bolsos, à custa do patronato. Os calões da Autoeuropa querem ir à casa de banho durante o turno de trabalho. Os calões da Autoeuropa não querem usar fraldas. Eu uso fraldas. Os calões da Autoeuropa só querem direitos e não querem deveres. Temos pena. Soubessem os calões da Autoeuropa o que custa ao patronato passar férias todos os meses em Veneza ou nas Maldivas, manter uma frota de Ferraris e casas em Miami, Los Angeles, Mónaco e Paços de Ferreira e, estou convencido, não estariam com esta conversa.
O problema da Autoeuropa é ter uma comissão de trabalhadores demissionária cujo representante máximo, António Chora, se encontra neste momento a gozar uma mais que merecida reforma, ou talvez não, e eu não acredito em coincidências. Aliás, acho que ainda agora vi o Tó aqui no aeroporto a entrar para aquele avião com destino a Veneza. O problema da Autoeuropa é estar agora na mão de sindicatos da extrema-esquerda, repito, extrema-esquerda, vulgo “cêgêtêpê-pêcêpê”. O problema da Autoeuropa é que os alemães não gostam da malta da extrema-esquerda, repito, extrema-esquerda, como, aliás, a História se encarregou de demonstrar.
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