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terça-feira, 29 de agosto de 2017

Mulheres na História (XCI) Mariana Alcoforado


Em 1810, a nota publicada no jornal L’Empire, de Paris, pelo erudito Boissonade, trouxe para a ribalta o nome, até aí desconhecido; de Mariana Alcoforado como a autora das  Lettres Portugaises, cinco cartas de amor dedicadas ao cavaleiro francês Noël Bouton, Marquês de Chamilly.

Mariana Alcoforado foi uma das religiosas da Ordem de Santa Clara, do Convento da Conceição de Beja, local onde actualmente funciona o Museu Regional da cidade.  Natural de Beja, nasceu a 22 de Abril de 1640, entrou na clausura com 11 anos, vindo a professar aos 16.  

Era irmã de Francisco da Cunha Alcoforado e filha doutro Francisco da Cunha Alcoforado, dos Cortiços, em Macedo de Cavaleiros, Cavaleiro da Ordem de Cristo  e de sua mulher Leonor Mendes.

Porteira, Escrivã e Vigária, foram alguns dos cargos que exerceu durante a sua longa vida conventual.  Faleceu em 28 de Julho de 1723.

Os amores com o Marquês de Chamilly, a quem vira pela primeira vez do terraço do convento, de onde assistia às manobras do exército, devem ter ocorrido entre 1667 e 1668. Soror Mariana pertencia à poderosa família dos Alcoforados, e o escândalo provavelmente teve repercussões. Receoso das consequências, Chamilly ausentou-se de Portugal, a pretexto da doença de um irmão. Prometera mandar buscá-la. Na sua espera, em vão, Mariana escreveu as supraditas cartas, que contam uma história sempre igual: esperança no início, seguida de incerteza e, por fim, a convicção do abandono. Esses relatos emocionados fizeram vibrar a nobreza de França, habituada ao convencionalismo. Além disso, levaram, para a frívola sociedade, o gosto acre do pecado e da dor, pois, ao virem a lume, divulgaram a informação de que as compusera uma freira.

Seguiram-se as Respostas; entretanto, todas as outras publicações são apócrifas. Rousseau, por achar as cartas belas demais para serem concebidas por uma mulher, negava-lhes a autenticidade; entre os portugueses,  também Alexandre Herculano e Camilo Castelo Branco negavam a autencidade das cartas. Há quem as atribua a Lavergne de Guilleragues, apresentado desde início como simples tradutor das mesmas (do português para o francês).  Gabriel Joseph de Lavergne, conde de Guilleragues, foi um diplomata e jornalista francês, secretário do príncipe de Conti, e amigo de Madame de Sévigné e do poeta e dramaturgo Jean Racine.

 Desde a edição princeps de Claude Barbin, datada de 4 de Janeiro de 1669, com o título de “Lettres Portugaises Traduites en Français”, até hoje, sucederam-se centenas de edições em diferentes idiomas, poemas, peças de teatro, filmes, obras de interpretação plástica e musical.


Wikipédia
Infopédia



O Marechal Noel Bouton, Conde de Saint-Léger e Marquês de Chamilly
Convento de Nossa Senhora da Conceição, em Beja, onde viveu e morreu Sóror Mariana Alcoforado
Lettresportugaises1.jpg
Facsímile da primeira edição das Cartas Portuguesas



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