Se estes fossem tempos normais, tudo se resolveria com um encolher de ombros, e a entrada de mais um absurdo português no livro de recordes do Guinness. Mas quando o país tem de manter escolas abertas nas férias da Páscoa para que milhares de crianças não passem fome, o caso muda de figura. O PSD declarou ter angariado 160 euros para a campanha eleitoral de 2011. O partido que hoje lidera o governo, tinha orçamentado 190 000 euros na rubrica de angariação de fundos, mas só uma cidadã, de seu nome Lucinda, disponibilizou o total da quantia recebida: 160 euros. Até se poderia imaginar, se o tempo estivesse para graças, que se poderia tratar de uma criança que, por engano, partira o seu porquinho mealheiro para oferecer as suas moedas à campanha que levou Passos Coelho a São Bento. O que surpreende não é a fraude mesquinha, pois no PSD abundam nomes que ficarão na história criminal da III República (veja-se a fraude astronómica do BPN). O que espanta é o insulto grosseiro à inteligência dos membros da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP), que funciona junto do Tribunal Constitucional, instituição que o governo tem diabolizado no país e no estrangeiro. Os 160 euros de Lucinda significam que este PSD pisou todos os limites. Transformou-se no maior problema nacional. Subverte a política, e atenta contra a confiança e o pudor públicos.
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