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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Horrores de guerra - Fim dos tempos?

Seul denuncia primeiro-ministro japonês por possível provocação em relação a cruéis crimes de guerra que vitimaram sul-coreanos e outros povos na Segunda Guerra – 



Sninzo Abe, primeiro-ministro do Japão, suscitou grande polêmica ao posar para fotógrafos da imprensa no cockpit de um avião de guerra (no detalhe da foto reproduzida acima).
Mas... por que tanta polêmica? Acontece que na fuselagem do caça Kawasaki T-4 utilizado para treinamento, “pilotado” por Abe, está pintado o número 731, que lembra uma triste passagem da Segunda Guerra Mundial.

A chamada Unidade 731 era um complexo em Pingfang, nordeste da China (foto abaixo), país dominado pelo Japão no início d século 20. De 1930 a 1945, a 735 realizava intensas pesquisas de armas biológicas com cobaias... humanas. Chineses, coreanos e até soviéticos e norte-americanos serviam de objeto forçado de “estudo” com cirurgias grosseiras (sem anestesia), amputações e contágio intencional de doenças, entre muitas outras formas de crueldade. Dezenas de milhares de mortos fizeram valer o apelido do encarregado pela unidade, Shiro Ishii: o “Mengele japonês” – alusão a Joseph Mengele, médico nazista que fez experiências semelhantes com prisioneiros judeus e, secretamente, refugiou-se sob identidade falsa no Embu, município próximo a São Paulo, descoberto somente depois de morto.
Grande parte dos membros da 731, notadamente seus líderes, escaparam após a guerra de um julgamento pelas atrocidades cometidas, “negociando” com os adversários o acesso aos dados de suas pesquisas. Somente 12 deles foram julgados e condenados, mas pela União Soviética, levados para os campos de trabalho forçado na Sibéria – embora também quisessem os dados japoneses das experiências.
15 anos de terror
Chamar de cruéis as experiências feitas com os prisioneiros é aliviar bastante a realidade. Ninguém era poupado entre homens, mulheres (inclusive gestantes), idosos ou crianças, e até mesmo alguns presos por “atividades suspeitas” contra o regime japonês, comprovadas ou não.
Alguns prisioneiros eram presos a estacas em campo aberto, utilizados como alvos para experiências sobre as melhores distâncias para lançamento de granadas e outros explosivos, bem como o uso de lança-chamas e outros agentes químicos. Algumas vítimas eram simplesmente penduradas de cabeça para baixo, ou deixadas completamente sem água e comida e ar, submetidos a câmaras de alta pressão, poderosíssimas centrífugas e a temperaturas muito elevadas ou extremamente baixas, somente para que fosse determinado quanto tempo sobreviviam nessas condições.
Sangue de diversos animais era injetado nas cobaias humanas só para os “cientistas” descobrirem se era viável para transfusões. Muitos eram sepultados vivos para que, exumados, fossem objeto do estudo da morte por esse método. Membros eram congelados com seus donos ainda vivos, ou cortados e reimplantados em outros lugares do corpo em experiências bizarras.
Os prisioneiros foram infectados por agentes de doenças como peste bubônica, varíola, cólera, botulismo e várias outras para o estudo de seus efeitos e utilização em bombas químicas e as chamadas “bombas de pulgas”, que vinham a ser recipientes de barro com pulgas infectadas, que espalhariam as doenças pela população inimiga. Também estudavam a contaminação de alimentos e roupas, lançados por via aérea como “ajuda humanitária” das autoridades em comunidades chinesas não ocupadas pelas forças japonesas. Entre os alimentos, muitos doces e outras guloseimas, claramente direcionados às crianças. Elas, aliás, eram um capítulo à parte em relação às atrocidades (inclusive bebês), ao ponto de algumas servirem de “brinquedos” para os soldados japoneses da unidade, que as espetavam com suas baionetas e as jogavam longe.
Esses são somente alguns dos horrores, entre centenas de outros, praticados no complexo de 6 quilômetros quadrados, composto por mais de 150 prédios. A área foi abandonada e seus integrantes fugiram de volta para o Japão quando os soviéticos invadiram a China, em agosto de 1945. Algumas fotos do lugar e das experiências não serão usadas nesta matéria por seu teor extremamente impressionante.
Provocação ou coincidência?
As autoridades e o povo da Coreia do Sul não gostaram nem um pouco de ver o político japonês brincando de Top Gun para a imprensa com o citado número em destaque na foto, o que Seul declarou publicamente como um grande desrespeito. “É como se a chanceler alemã Angela Merkel embarcasse num avião marcado com uma suástica”, considerou um veterano do partido conservador sul-coreano Saenuri em uma matéria publicada no jornal francês Le Monde (de cuja versão online foi reproduzida a foto do início deste texto). Alguns dirigentes sul-coreanos afirmam que não é a primeira vez que Shinzo Abe os provoca, segundo o mesmo periódico.
Em comunicado à imprensa, o Ministério da Defesa japonês nega que haja alguma relação do número pintado na aeronave com o episódio da Segunda Guerra.

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