3 de Maio de 2011 2:04 |
nu de Angelina Novo
PECAR NÃO FAZ MAL
Escureci logo pela manhã.
Essas esquinas vazias e sem milagres
cansam-me.
Antecipo uma chegada com os olhos
eróticos, devassando a vontade
encolhida na mente.
Algo afaga-me os seios, rasga-me os
bicos e atravessa o meu caminho
para o banheiro.
Inteiro, vejo partes perfeitas.
Pedacinhos de prazer.
Tropeço em mim mesma,
páro apenas para contemplar todas
as possibilidades do real.
Pecar não faz mal.
Espio os contornos de Mercúrio,
sou tão virgem, sou censurada,
meus olhos querem a pornografia
barata, a poesia de pernas abertas,
um poema em ereção.
Debruço na sombra,
olho sem ver a minha escuridão
abençoada.
Ajoelhada seria uma maravilha,
poderia fazer mais uma filha.
Estou decolando para
o destino inacessível,
para uma barba,
para essas coisas
que não.
Recomponho a vida:
fica chatinha de novo.
Reclamo.
(reclamar faz parte da encenação)
Quero.
Quero.
Mergulho na personagem
e aterrisso sem cinto de segurança
enquanto tudo permanece tão igual.
Pecar não faz mal.
Olho mais uma vez
e já estou assexuada.
Nada.
Nada.
Poderia ser um afluente do Amazonas
desaguando na tua boca.
Poderia.
Fecho a porta,
subo,
esqueço,
não mereço
olhar o menu que não vou
comer.
A vida nubla.
Chove.
Isso ainda move minha águas.
Isso é tão chique
que não saberia usar os talheres.
Isso é para ela,
para as outras.
Canto Fleetwood Mac
e as escadas uivam,
a mesa tem um ataque.
Coloco os óculos, incorporo
enquanto o desejo
pinga mansinho
pelos poros.
Pecar não faz mal.
É aqui que eu pressinto.
É aqui que te sinto.
Karla Bardanza
Escureci logo pela manhã.
Essas esquinas vazias e sem milagres
cansam-me.
Antecipo uma chegada com os olhos
eróticos, devassando a vontade
encolhida na mente.
Algo afaga-me os seios, rasga-me os
bicos e atravessa o meu caminho
para o banheiro.
Inteiro, vejo partes perfeitas.
Pedacinhos de prazer.
Tropeço em mim mesma,
páro apenas para contemplar todas
as possibilidades do real.
Pecar não faz mal.
Espio os contornos de Mercúrio,
sou tão virgem, sou censurada,
meus olhos querem a pornografia
barata, a poesia de pernas abertas,
um poema em ereção.
Debruço na sombra,
olho sem ver a minha escuridão
abençoada.
Ajoelhada seria uma maravilha,
poderia fazer mais uma filha.
Estou decolando para
o destino inacessível,
para uma barba,
para essas coisas
que não.
Recomponho a vida:
fica chatinha de novo.
Reclamo.
(reclamar faz parte da encenação)
Quero.
Quero.
Mergulho na personagem
e aterrisso sem cinto de segurança
enquanto tudo permanece tão igual.
Pecar não faz mal.
Olho mais uma vez
e já estou assexuada.
Nada.
Nada.
Poderia ser um afluente do Amazonas
desaguando na tua boca.
Poderia.
Fecho a porta,
subo,
esqueço,
não mereço
olhar o menu que não vou
comer.
A vida nubla.
Chove.
Isso ainda move minha águas.
Isso é tão chique
que não saberia usar os talheres.
Isso é para ela,
para as outras.
Canto Fleetwood Mac
e as escadas uivam,
a mesa tem um ataque.
Coloco os óculos, incorporo
enquanto o desejo
pinga mansinho
pelos poros.
Pecar não faz mal.
É aqui que eu pressinto.
É aqui que te sinto.
Karla Bardanza
1 comentário:
Uma palavra, para tamanho poema...SUBLIME|
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