O Presidente Barack Obama anunciou este domingo a morte do líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden
O mundo não estava preparado para o dia 11 de Setembro de 2001, que tornou o terrorismo num dos principais alvos a abater. Mas não só. Osama Bin Laden, líder da Al-Qaeda e responsável pelos ataques às Torres Gémeas, tornou-se o inimigo número um dos Estados Unidos e do mundo. A sua morte foi hoje anunciada por Barack Obama, mas não representa o fim da organização da qual foi líder.
Nasceu numa família pobre, tão pobre que o seu pai, Mohammed Bin Laden, chegou a dormir, juntamente com o seu irmão Abdullah, em vales cavados na areia, cobertos por sacos, segundo refere Steve Coll, no seu livro “Os Bin Ladens – Uma Família Árabe no Século Americano”. Mas depressa a família de Osama Bin Mohammed Bin Awad Laden se tornou uma das mais ricas e poderosas da Arábia Saudita.
Nascido na capital da Arábia Saudita, Riade, em 1957, Osama Bin Laden foi o filho da última das 22 mulheres do seu pai, a síria Alia. Formado em Economia na Universidade do Rei Abulaziz em Jidá, herdou a fortuna do seu pai aquando da morte deste, em Setembro de 1967. O império dos Bin Laden começou a ser construído no período da Grande Depressão, em 1931, numa altura em que a cidade de Jidá atravessava um período de grandes construções. Foi aí que Mohammed fundou a sua própria empresa, tendo chegado a travar conhecimentos com o ministro das Finanças da altura, que o terá recomendado ao rei Abulaziz. Desde aí não mais parou. Mohammed Bin Laden iria mudar-se posteriormente para Dhahran, onde trabalhou como assentador de tijolos e pedreiro, quando começou a vender os seus serviços a um consórcio petrolífero americano-saudita, intitulado Aramco. Desde aí que os contratos não pararam de chegar (foi o responsável pela instalação da rede telefónica nacional e restauro das mesquitas de Al-Aqsa, em Jerusalém, e de Meca, entre outros projectos), e a família conseguiu, mais do que criar fortuna, conquistar o respeito da realeza.
Foi esta fortuna que permitiu a Osama Bin Laden entrar no mundo dos conflitos bélicos. Durante a Guerra do Afeganistão, entre 1979 e 1980, Bin Laden foi o financiador dos combatentes afegãos (ou “mujahedin”) contra os ataques soviéticos. Acabou por regressar à capital da Arábia Saudita como um herói. Em 1988, fundou, na cidade paquistanesa de Peshawar, a Al-Qaeda, a fim de consolidar todas as operações que havia realizado no Afeganistão. Em 1990, aquando a invasão do Kuweit pelo Iraque, as relações com o seu país de origem terminam, pois os príncipes da Casa de Saud, do Kuweit, recusam a ajuda dos “árabes da jihad afegã” que Bin Laden lhes oferece, optando pelo apoio dos Estados Unidos.
Em 1993, Osama Bin Laden vai viver para o Sudão, onde começa a estabelecer contactos com grupos islâmicos e a ampliar a sua lista de inimigos, onde passaram a incluir-se os xiitas, judeus e ocidentais. As primeiras intervenções terroristas dão-se na Argélia e no Egipto, onde em 1995 Bin Laden realizou um atentado falhado ao presidente Hosni Mubarak. É então que o Sudão é pressionado pelos restantes países árabes a expulsar o antigo líder da Al-Qaeda do país. Bin Laden regressa então ao Afeganistão, perdendo a sua cidadania, o apoio da família e todos os seus bens.
É nesta fase que a organização terrorista começa a desenvolver-se, graças a outros grupos islâmicos que se encontram refugiados no país, como é o caso do grupo “Al Jihad”, do Egipto, e liderado por Ayman al-Zawahri, que mais tarde seria o braço direito de Bin Laden. Ocorre também uma aproximação aos Talibãs, tendo-se tornado amigo e confidente do líder talibã, Mohamed Omar.
A partir do Afeganistão, Bin Laden organizou os ataques às embaixadas americanas no Quénia e na Tanzânia, em 1988, e também ao navio de guerra USS Cole, em 2000. Contudo, seria o ataque às Torres Gémeas, no centro de Nova Iorque, e ao Pentágono, em 2001, o mais sangrento ataque terrorista organizado por Bin Laden, que provocou a morte de mais de duas mil pessoas, de 90 países diferentes. O presidente Bush declarava então guerra contra o terrorismo e iniciava-se a procura internacional por Bin Laden, que se suspeitava estar escondido nas montanhas entre o Afeganistão e o Paquistão. Em 2006 surgiram notícias no jornal francês L’Est Republicain sobre uma possível morte de Bin Laden devido à febre tifóide, a qual foi desmentida em 2008 quando surgiu na internet um vídeo com declarações do próprio líder da Al-Qaeda. Nesta fase os americanos decidiram aumentar o valor da recompensa, de 25 para 50 milhões de dólares.
Este domingo, dia 1 de Maio de 2011, uma operação realizada por forças especiais norte-americanas, juntamente com a CIA e o Paquistão, conseguiu aquilo que os Estados Unidos e o mundo esperavam há mais de dez anos: a captura e a morte de Bin Laden. A identidade do corpo foi confirmada por comparações do ADN com as amostras da sua falecida irmã. A agência noticiosa Associated Press já anunciou que o corpo de Osama Bin Laden terá sido lançado ao mar, sendo tratado de acordo com a tradição e práticas islâmicas, em que o corpo tem de ser enterrado em 24 horas. A morte de Osama Bin Laden está a ser festejada em todo o mundo depois do anúncio oficial pela mão de Barack Obama, mas tal não significa o fim da Al-Qaeda e do terrorismo. O egípcio Al-Zawahri já é um dos nomes apontados para suceder na liderança da organização terrorista, enquanto a Interpol já veio pedir um reforço de segurança aos países, pois membros e afiliados da organização podem continuar os ataques. Já o presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, José Manuel Anes, afirmou à agência Lusa que a captura e morte de Bin Laden representa “um marco simbólico, mas não significa o fim do terrorismo, sendo espectável retaliações dos ‘franchisados’ de Bin Laden”.
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