POSTAL
Chegam alguns, colocam um sorriso falso, declaram aberta a sessão encetando um discurso que começa em nada e acaba sem dizer nada.
São os "especialistas" no hipnotismo, o dos quadradinhos do Mandrake, os magos da oratória de conveniência eleitoralista.
Os vazios, os eunucos de massa encefálica aplaudem, remexem o cu nas cadeiras da plateia,
e sentem-se inteligentes e iguais ao que discursa,
e sentem-se inteligentes e iguais ao que discursa,
Há sempre meia dúzia de efusivos escolhidos para o folclore que agitam bandeiras e gritam slogans diversos até ao derradeiro fim da lavagem, da lobotomia.
Os jornalistas assim que termina o evento precipitam-se para as entrevistas,solicitando um parecer.
Uns, interrogados dizem que estão ali por acidente.
Há também os eternos curiosos tipo "emplastro", os que pararam um pouco pare escutar mas logo apressam o passo com ar enjoado.
Há também os eternos curiosos tipo "emplastro", os que pararam um pouco pare escutar mas logo apressam o passo com ar enjoado.
Os jornalistas continuam a insistir na esperança de captarem algumas declarações mais polémicas, os entrevistados dizem sempre a mesma coisa, apontam sempre sempre culpados clássicos e mostram um ar confiante acreditando que é dali que vai sair a solução para dias melhores.
Outros ainda, fogem furtivamente como se estivessem a ser fotografados dentro da esquadra da polícia e resmungam que é preciso autorização para tirar o retrato.
Na tarde seguinte ou no dia seguinte à reportagem, aparecem fotos nos jornais com o dobro da assistência ou num ângulo estudado,lêem-se palavras que não foram proferidas, outras deturpadas, descontextualizadas e vêem-se caras que estamos habituados a ver em todas as iniciativas da cidade ou do lugarejo que foi assaltado pelas promessas.
António Garrochinho
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