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domingo, 8 de setembro de 2019

LENINE SEMPRE !




"É puro gozo com os trabalhadores e os explorados falar de democracia pura, democracia em geral, igualdade, liberdade e direitos universais quando todos os trabalhadores estão sub-alimentados, mal-vestidos, arruinados e gastos, não apenas como resultado da escravatura assalariada capitalista, mas também como consequência de quatro anos de guerra predatória, enquanto os capitalistas e empresários continuam na posse da propriedade usurpada por eles próprios e pelo poder do aparelho de Estado "pronto-a-usar". Isto é equivalente a espezinhar as premissas básicas do Marxismo que ensinam aos trabalhadores: temos de tomar vantagem da democracia burguesa que, comparada com o feudalismo, representa um gigante avanço histórico, mas nem por um minuto podemos esquecer o carácter desta "democracia", os seus condicionalismos históricos e carácter limitado.
Nunca podemos aceitar a "crença supersticiosa" no "Estado" e nunca esquecer que o Estado, nem na mais democrática república, e não apenas numa monarquia, é simplesmente uma máquina para a supressão de uma classe por outra. 

Os burgueses são compelidos a ser hipócritas e a descrever como "governo popular"  democracia em geral, ou democracia pura, a república democrática (burguesa) que é, na prática, a ditadura da burguesia, a ditadura dos exploradores sobre os trabalhadores. [...] Mas os marxistas, comunistas, expõem esta hipocrisia, e dizem à classe operária e trabalhadores em geral esta franca e frontal verdade: a república democrática, a assembleia constituinte, as eleições gerais, etc., são, na prática, a ditadura da burguesia, e para a emancipação do trabalho do jugo do capital não existe nenhum outro caminho a não ser o da substituição dessa ditadura pelo da ditadura do proletariado.

Só a ditadura do proletariado pode emancipar a humanidade da opressão do capital, das mentiras, falsidade e hipocrisia da democracia burguesa - democracia para os ricos - e estabelecer democracia para os pobres , isto é, tornar as bênçãos da democracia realmente acessíveis aos trabalhadores e aos camponeses pobres, enquanto que agora (mesmo na mais democrática república - burguesa - )as bênçãos da democracia estão, de facto, inacessíveis à vasta maioria dos trabalhadores.

Tomemos, por exemplo, a liberdade de reunião e a liberdade de imprensa. [...] São mentiras. Na prática, os capitalistas, os exploradores, os proprietários e latifundiários possuem 9/10 das instalações para reuniões, e 9/10 da capacidade de impressão de notícias, impressoras, etc.. Os trabalhadores urbanos, os trabalhadores rurais e outros trabalhadores estão, na prática, impedidos de aceder ao "sagrado direito da propriedade" pela própria "democracia" e pelo aparelho de estado burguês, isto é, pelos oficiais burguês, juízes burgueses, e tudo o mais. A presente "liberdade de reunião e de imprensa" na democracia burguesa alemã é falsa e hipócrita, porque de facto é a liberdade para os ricos comprarem e subornarem a imprensa, a liberdade para os ricos de envenenar a opinião pública através da imprensa, a liberdade para os ricos de manterem como sua a propriedade das mansões, dos melhores edifícios, etc.. A ditadura do proletariado retirará dos capitalistas e entregará aos trabalhadores as mansões e edifícios, a imprensa e a capacidade de impressão.

Mas isto significa substituir a democracia "pura" e "universal" pela ditadura de uma classe, gritam os Scheidemanns e os Kautskys, os Austerlitzes e Renners (juntamente com os seus seguidores em outros países - os Gomperses, Hendersons, Renaudels, Vandervelde e companhia).

Errado, respondemos nós. Isto significa substituir o que é de facto a ditadura da burguesa (uma ditadura hipocritamente vestida nas roupagens de uma democracia burguesa) pela ditadura do proletariado. Isto significa substituir a democracia para os ricos pela democracia para os pobres. Significa substituir a liberdade de reunião para e imprensa uma minoria, para os exploradores, pela liberdade de reunião e imprensa para a maioria da população, para os trabalhadores. Isto significa uma gigantesca, mundialmente histórica extensão da democracia, a sua transformação de falsidade em verdade, a libertação da humanidade dos grilhões do capital, que distorcem e truncam toda, até mesmo a mais democrática e republicana democracia burguesa. Isto significa substituir o estado burguês pelo estado proletário, uma substituição que representa o único caminho para que o estado possa extinguir-se eventualmente no seu conjunto.

Mas porque não atingir este objectivo sem a ditadura de uma classe? Porque não passar para aí directamente através da democracia "pura"? Assim perguntam os amigos hipócritas da burguesia a pequena-burguesia ingénua, e os filisteus estimulados por esses.

E nós respondemos: Porque em qualquer sociedade capitalista, os poderosos dizem mentiras tanto ao proletariado com o à burguesia, enquanto os pequenos proprietários continuam inevitavelmente perdidos, estupidamente sonhando com a "democracia pura", com uma democracia acima das classes ou não classista. Porque de uma a sociedade em que uma classe se opõe a outra não há outra forma de superação a não ser pela ditadura da classe oprimida. Porque o proletariado por si só é capaz de derrotar a burguesia, por ser a única classe que o capitalismo uniu e "ensinou", e que é capaz de trazer para seu lado as massas perdidas de trabalhadores com o estilo de vida da pequena-burguesia, ou pelo menos de as "neutralizar". Apenas os iludidos pequeno-burgueses e filisteus podem sonhar - enganando-se a si próprios e aos trabalhadores - em derrubar a opressão capitalista com um longo e difícil processo de supressão da resistência dos exploradores. Na Alemanha e na Áustria esta resistência não é ainda muito pronunciada porque a expropriação dos expropriadores ainda não começou. Mas quando a expropriação começar, a resistência será feroz e desesperada. Ao esconder isto dos trabalhadores [...] traem os interesses do proletariado, alterando o comportamento nos mais decisivos momentos da luta de classe e libertação da burguesia, chegando a acordos com a burguesia, atingindo a "paz social", a reconciliação entre explorados e exploradores.

[...] O proletariado afastará estes "traidores sociais" - Socialistas na palavra mas traidores do socialismo na prática. Quanto mais completo for o domínio desses líderes, mais depressa o proletariado compreenderá que só a substituição do estado burguês, mesmo que seja uma democracia burguesa republicana, por um estado do tipo da Comuna de Paris [...] ou por um estado do tipo soviético, pode abrir o caminho para o socialismo."

V. I Lénine
Moscovo, 23 de Dezembro de 1918

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