A Idade Média, também conhecida por ser a "Idade das Trevas", compreende o período de quase um milênio na Europa. Do século 5 até o século 15, institui-se a formação dos feudos, as relações de suserania e vassalagem, assim como o assentamento do poder social, político e cultural da igreja sobre a sociedade. A terra era o principal instrumento para a obtenção de riqueza e influência. Quando os pais não passavam a propriedade feudal hereditariamente, de pai para filho, a relação se estabelecia entre dois nobres (suserano e vassalo): um deles oferecia a terra e o outro se comprometia a oferecer fidelidade e outras obrigações mútuas.
A idade Média começa com a queda do Império Romano para a transição da idade Moderna. Séculos depois do seu fim é que esse período foi batizado de "Idade das trevas", em contraposição ao "Século das Luzes", uma corrente iluminista formando por filósofos, artistas e cientistas desejosos por abandonar os valores da idade média, e colocar o homem como o objeto principal de estudo, e não mais o Deus onipotente das igrejas.
O Poder da Fé
Pois durante a Idade Média, a igreja estava no centro desse conjunto social europeu. A instituição era uma grande proprietária de terras, além de deter o monopólio do conhecimento, uma vez que durante muito tempo somente líderes religiosos sabiam ler e escrever.
Não existia a possibilidade de ascensão social. Ou se nascia rico ou se morria pobre. A sociedade era dividida entre três esferas basicamente. Na base estavam os servos e camponeses, acima deles e no meio da pirâmide a nobreza e no topo de toda a cadeia, o clero, também chamado de igreja Católica.
Questionamento da Fé
Com o tempo, as camadas mais baixas e pobres da população começaram a questionar o luxo, a riqueza e a avareza da igreja. Se por um lado o clero pregava a humildade, por outro vivia na opulência. As pessoas que questionavam o poder da instituição e de seus líderes ficaram conhecidos como hereges.
E é no combate a heresia que a Igreja Católica volta a aplicar uma perseguição terrível, implacável e sombria que ficaria conhecida como "Tribunal do Santo Ofício". Esse modelo ficou conhecido como a Inquisição Espanhola.
A Inquisição
Na Espanha, os reis Fernando e Isabel, temendo o perigo das revoluções civis e religiosas, e lembrando que a Santa Inquisição já havia controlado o povo no século 11 e 12, volta a recorrer aos seus mecanismos de controle no século 15. O temor provinha da heresia dos marranos (judeus) e dos mouriscos (árabes).
A Coroa de Castela decide então, estabelecer três tribunais inquisidores permanentes: um em Sevilla, o segundo em Granada e o terceiro em Córdoba.
O "Portador da Escuridão"
Para Córdoba foi mandado um inquisidor experiente e amendrontador, mais conhecido por diversos apelidos como "Portador da Escuridão", "O tenebroso" e também "O monstro de Córdoba".
Seu nome era "Diego Rodrígues de Lucero, um sacerdote da cidade de Moguer, em Andaluzia.
Caça às bruxas
A chegada de Diego foi também o início da "Caça às bruxas" pela cidade espanhola. Nem os nobres foram poupados pelas mãos tirânicas e obsessivas do inquisidor que via em uma casa, o disfarce para um mosteiro ou templo e mandava derrubar suas fundações abaixo.
Estima-se que sob a ordem de Lucero, 200 pessoas tenham sido queimadas em um período de apenas 4 anos. Isso dá uma média de uma pessoa assassinada por semana.
Massacre
Mas nada se compara ao sangrento e obscuro dia de 22 de dezembro de 1504. Cerca de 107 judeus foram queimados ao mesmo tempo durante a celebração do "Auto-de-Fé".
Aliás, uma frase tenebrosa é atribuída a Lucero: "Dá-me um judeu, que eu lhe devolverei queimado".
A população de Córdoba não suportava mais o terror e a perseguição do "Portador da Escuridão". O povo atirou pedras em Lucero, os nobres buscaram apoio da Coroa e finalmente o "Monstro de Córdoba" foi destituído e expulso da cidade, nunca mais exercendo papel inquisitório.
Declínio
Embora o rastro de sangue e dor tenha se derramado sobre a península Ibérica, a lição assustadora tomada com Lucero foi o suficiente para fragilizar ainda mais a igreja que começava a ser questionada não apenas externamente, mas também pelos seus membros internos.
Dentro da própria igreja haviam movimentos contrários que não concordavam com a concentração de riqueza, poder e conhecimento do Alto Clero. A ordem dos franciscanos é um exemplo de movimento de oposição. Apesar do sacrifícios dessas ordens, foi praticamente impossível manter a moralidade da igreja.
A partir do século 16, esse poder absoluto começa a se desintegrar, formando divisões dentro da própria igreja católica. Consolidando assim, a ideia que culminaria na Reforma Protestante. É o fim da Idade Média.
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