Relatório da UNICEF compara a situação das crianças mais pobres com aquelas que estão na média. Portugueses mais pobres perderam rendimento e comem pior
As crianças portuguesas mais pobres ficaram ainda mais pobres desde que a crise começou. O que fez aumentar o fosso entre os mais pobres e a média. Segundo o relatório da UNICEF - "As crianças no mundo desenvolvido", divulgado hoje, o rendimento das crianças mais pobres é 60% inferior ao da média. Não porque os rendimentos médios tenham aumentado, mas porque os mais pobres perderam mais, alerta o documento assinado pelo centro de investigação Innocenti da UNICEF.
O documento analisa as desigualdades que afetam as crianças nos países da União Europeia e da OCDE em relação aos rendimentos das famílias, ao percurso escolar, à saúde e ao bem-estar. No agregado, Portugal ocupa a 19ª posição, num conjunto de 41 países. O primeiro lugar é ocupado pela Dinamarca e o último é Israel (existem países pior colocados mas não têm comparações disponíveis em todos os parâmetros).
Em relação aos resultados na Educação, Portugal está entre os países que mostram um fosse maior entre os resultados dos mais pobres e os resultados da média, mas também tem uma elevada percentagem de alunos com maus resultados independentemente da classe social. A socióloga Margarida Gaspar de Matos, que coordenou parte dos dados do estudo, sugere a este propósito que se analise a prática da Estónia, "sem disparidades, nem insucesso".
Na questão do bem-estar e sintomas de saúde, Portugal aparece em sétimo lugar. Ou seja, as crianças que referem ter problemas de saúde (dores de cabeça, indisposições, acidentes) não mostra grandes oscilações, quer sejam classe média ou mais pobres.
Margarida Gaspar de Matos (que coordena em Portugal o estudo HBSC da OMS sobre saúde e bem-estar e cujos dados foram transportados para este relatório) sublinha outro problema que o estudo mostra: a iniquidade de género, que afeta tanto rapazes como raparigas em áreas diferentes. Uma situação que a investigadora classifica de "letargia cultural" e que se traduz numa penalização das raparigas em relação à saúde física e perceção de bem-estar e nos rapazes em relação à aprendizagem e gosto pela escola. Para a responsável, o problema resolve-se "com medidas específicas inclusivas" para ambos os géneros e não com "medidas de proteção a um ou outro género".
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