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sábado, 30 de abril de 2016

Passos Coelho anda infeliz. Marcelo anda feliz.



Passos Coelho, que já não intervém na Assembleia da República de viva voz mas só através do deputado Montenegro, o seu ventríloquo de serviço, resolveu falar de novo dando uma entrevista ao Sol, para anunciar que não está disposto a consensos com o PS enquanto o PS persistir na “negação da realidade”.
marcelo_feliz
Esta declaração, que não é novidade nenhuma, é contudo, um monumento de arrogância, autismo e esquizofrenia. Vejamos.
Arrogância porque Passos fala como se fosse ele o ungido, o predestinado, o único que tem a senha que permite o diálogo com os Deuses, os tais que fazem a realidade
E quem são os Deuses? 
É a Europa financista, os senhores de Bruxelas, os eurocratas cinzentos, a D. Merkel, a quem Passos sempre beijou os pés e de quem sempre acatou servilmente as ordens. 
Como a realidade, para Passos, é determinada por tais entidades, se António Costa se recusa a reverenciar as divindades que Passos venera, claro que não pode haver consensos com um herege de tal quilate. 
Nada que tire o sono a António Costa que, afinal, apesar de todos os gritos e uivos da Direita pafiosa, lá vai conduzindo a geringonça sem se estampar nas curvas, por mais apertadas e angulosas que sejam. 
Afinal, Passos que não foi pedido em casamento em primeiras núpcias, está apenas com dor de corno (a pior dor do mundo, coitado), e limita-se despeitado a mandar recado: não me peças em casamento, porque se o fizeres eu recuso. Costa, agradece o recado e limita-se a um lacónico e curto comentário: “É a vida.”. Comentário que, se traduzido para português vernáculo que um Primeiro-Ministro não pode usar, equivale a dizer: “Ele que se trate da dor de corno”.
Autismo porque Passos não vê, ou não sabe, por deficiência de estudo, de cultura, ou menosprezo pela História, que não há realidades estáticas, nem nas coisas físicas, muito menos nas coisas humanas. 
Recomendava a Passos, um conhecido pensamento do filósofo Heráclito de Éfeso: “Nunca se toma banho duas vezes na água do mesmo rio, porque à segunda as águas já são outras e nós mesmos já somos outros”.
Esquizofrenia porque, afinal, a realidade, além de continuar em mutação - e continuará sempre -, já mudou o suficiente e Passos é o único que não deu por nada. Já não estamos em 2011, passaram quatro anos e o mundo já não é o mesmo, sobretudo naquilo que conta para que o País vá vivendo um dia de cada vez: as condições de financiamento da República. 
Na verdade, o que levou Passos ao poder, foi o facto de ser difícil e caro à época financiar a nossa economia, tendo sido necessário recorrer à malfadada troika que Passos tanto venerou e a coberto da qual pôde fazer durante quatro anos as maiores tropelias, malfeitorias, e esbulhos aos mais pobres e desprotegidos. Passos, continua preso a esse passado de desgraça: quer que venha de novo a troika, quer que o rating da república baixe, quer que ninguém nos empreste dinheiro para irmos rolando a dívida, quer que Bruxelas nos chumbe o Orçamento e o Plano de Reformas, quer, em suma que o dilúvio se abata sobre Portugal. E todas as suas ações favorecem esse cenário de catástrofe e são claramente atos de traição à Pátria, que em tempo de guerra só tinham como punição um único desenlace possível: o pelotão de fuzilamento.
Esquizofrenia também porque Passos, ainda não viu que a Europa, estando à beira do colapso económico, num cenário de deflação de que não consegue libertar-se, e estando a esgotar-se a capacidade da politica monetária não convencional – a talbazuca de Draghi -, inverter a situação, vai ter que aliviar o garrote da política fiscal dos Estados membros, por muito que pese à Alemanha e ao senhor Schäuble. 
E nesse cenário o horizonte catastrofista que ele anseia que paire sob a forma de abutre negro sobre o futuro deste Governo estará afastado em definitivo.
Acresce ainda que, na fileira interna, a Presidência da República também mudou. 
Se no Governo manda a geringonça, na Presidência da República manda o cataventocomo Passos chamou em tempos a Marcelo, querendo sublinhar desse modo a falta de perfil do professor para ser o candidato do PSD nas eleições presidenciais. Segundo Passos, Marcelo não é o Presidente da República, mas sim e apenas o Dr. Rebelo de Sousa
Mais um sintoma de esquizofrenia galopante. Passos pretende marcar as distâncias utilizando um tratamento frio e profissional em relação a Marcelo. Mas, já agora, e se quer recorrer e abusar dos tratamentos da doutorice, convinha que dobrasse a língua e tratasse Marcelo por Doutor (por extenso) Rebelo de Sousa, pois Marcelo até pode ser catavento mas é professor catedrático e tudo enquanto Passos não passa de um banal licenciado à pressa e sem brilho. E como amor com amor se paga, eu sugiro a Marcelo que passe a tratar Passos por lic. Passos Coelho, quando a ele tiver que se referir.
Parafraseando Vasco Santana, em “A canção de Lisboa”, que dizia “chapéus há muitos seu palerma”, eu digo a Passos, “doutores há muitos, seu palerma”. Ainda que Marcelo seja doutor de leis, o que Passos está mesmo a precisar é de umdoutor de doenças mentais, na Presidência da República ou noutro sítio qualquer, para lhe tratar da esquizofrenia. 
E, apesar de Marcelo ser uma espécie de homem dos sete instrumentos, não creio que tenha engenho e arte para tanto.
Até porque, como diz Passos, Marcelo anda feliz. Feliz com o cargo que conseguiu sem precisar de bajular a Direita pafiosa, feliz por ter alargado o seu espaço de comentário de uma vez por semana para duas vezes por dia.
Labilidade, ao que parece, rima com felicidade: Marcelo anda feliz e fala cada vez mais. Em contraponto, Passos Coelho anda triste e fala cada vez menos. Entre um e outro António Costa sorri e fala só o suficiente. É a vida.
estatuadesal.com

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