Acordo entre Deep Mind e o serviço nacional de saúde britânico é mais vasto do que foi publicado. Afinal, a empresa da Google tem acesso ao historial inteiro de todos os pacientes nos últimos 5 anos.
O “National Health Service UK”, o serviço nacional de saúde britânico, assinou um acordo com a Google que permite à multinacional norte-americana ter acesso à esmagadora maioria dos dados confidenciais sobre a saúde dos 1.6 milhões de pacientes no Reino Unido que utilizam esse serviço público.
O documento a que a revista científica New Scientist teve acesso revela que a Deep Mind – uma empresa de inteligência artificial adquirida pela Google – pode através desse acordo ter acesso a vários pormenores sobre a saúde dos britânicos. E isso inclui saber de que doenças padecem, que medicação tomam e se já sofreram overdoses ou se submeteram a abortos. O acordo também admite que a Google pode aceder aos dados de todos os pacientes que passaram por três dos hospitais britânicos – Barnet, Chase Farm e Royal Free – nos últimos cinco anos.
Em fevereiro deste ano, a Deep Mind anunciou que tinha estabelecido um acordo com a equipa do Serviço Nacional de Saúde inglês, com o objetivo de criar uma aplicação – a “Streams” – que apoiaria o pessoal médico a monitorizar pacientes com doenças nos rins. Sabe-se agora que a empresa controlada pela Google tem acesso a um leque muito maior de informação confidencial e supostamente protegida.
Essa informação não está a ser armazenada nos escritórios da Deep Mind, mas antes por uma terceira empresa: o Serviço Secundário do Utilizador, uma base de dados do Governo. No entanto, há uma cláusula nesse acordo que impede a empresa de inteligência artificial de utilizar esses dados noutras partes da sua atividade. Além disso, a Deep Mind está obrigada a apagar os dados armazenados já em setembro de 2017 se o acordo não for renovado.
Google já se pronunciou
A Google, que detém a empresa parceira do sistema nacional de saúde, afirma que o acesso completo aos dados dos pacientes é necessária porque não existe uma base de dados específica só para doentes renais. O comunicado enviado pelo Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido ressalva também que “providencia a Deep Mind com dados dos pacientes do serviço nacional de saúde de acordo com regras governamentais muito apertadas e para aplicação apenas em cuidados clínicos”.
Agora que o conteúdo do documento foi tornado público, a empresa da Google e o serviço nacional de saúde britânico admitiu que também partilhavam informações sobre a localização dos doentes e sobre quem visitava esses pacientes enquanto permaneciam nos hospitais. O pessoal médico também vai partilhar os registos dos exames e das análises e indicar os resultados dos testes médicos.
A Royal Free, empresa que gere os três hospitais onde este caso foi detetado, ainda não prestou declarações.
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