Familiares do militar suspeito de matar 11 pessoas em Cabo Verde disseram hoje à agência Lusa que na origem das mortes poderão estar alegados maus tratos de que o jovem seria alvo no quartel, no interior de Santiago.
Familiares do militar suspeito de matar 11 pessoas em Cabo Verde disseram hoje à agência Lusa que na origem das mortes poderão estar alegados maus tratos de que o jovem seria alvo no quartel, no interior de Santiago.
Em declarações à Lusa, um primo de Manuel António Silva Ribeiro, mais conhecido por Entany Silva, o principal suspeito das mortes, disse que este lhe confessou ter matado na segunda-feira os oito soldados e três civis, entre os quais dois cidadãos espanhóis, no posto militar de Monte Txota, concelho de São Domingos, no interior da ilha de Santiago.
Sem querer identificar-se, o familiar informou que, após o crime, Entany saiu do local e nessa noite dormiu em casa, no Palmarejo, onde lhe mostrou fotografias dos corpos, que tirou com o telemóvel.
A mesma fonte adiantou ainda à Lusa que Entany Silva lhe disse que disparou contra os militares por ser alvo de maus tratos dos colegas no destacamento em Monte Txota.
Quanto aos civis, o jovem militar confessou-lhe que os dois espanhóis e o cabo-verdiano, que iriam realizar operações de manutenção de equipamentos de telecomunicações, chegaram ao local com um carro e que Entany queria o veículo para abandonar o posto, mas estes terão resistido e foi nesse momento que atirou sobre eles também.
O primo de Entany falava à Lusa hoje na esquadra policial do bairro de Palmarejo, onde muitos outros familiares se encontravam desde a tarde de terça-feira, por motivos de segurança, mas também para colaborar com as autoridades.
Manuel António Silva Ribeiro, mais conhecido por Entany Silva, e cujos familiares são naturais da ilha do Fogo (São Filipe), nasceu a 09 de junho de 1993 no bairro praiense do Palmarejo, mas cresceu no Paiol do Coqueiro.
É que segundo contou à Lusa o padrasto, Albertino Pires, a mãe de Entany vive nos Estados Unidos há 16 anos e o pai morreu em 1998, tinha o filho cinco anos de idade.
Depois de terminar o 12.º ano, Albertino Pires recordou que tentou arranjar trabalho a Entany numa empresa de segurança, mas este queria era mesmo ir “para a tropa”, e foi como voluntário a 02 de maio do ano passado, estando a faltar pouco mais de dois meses para completar os 14 meses de serviço militar.
Albertino Pires, que mora no bairro da Bela Vista, contou ainda que Entany tinha o sonho de ir para os Estados Unidos, e já tinha todos os documentos necessários, estando apenas à espera de uma petição e de sair da tropa.
O familiar descreveu Entany como uma pessoa “calma”, que conversava pouco, a não ser com os amigos mais próximos.
“Ele tinha um comportamento normal, sem sinais de agressividade”, prosseguiu o padrasto, dizendo que às vezes visitava Entany na casa no Palmarejo, alugada por uma avó e onde vivia com uma irmã de 19 anos.
Manuel António Silva Ribeiro foi hoje detido pela polícia cabo-verdiana e deverá ser presente a Tribunal no prazo de 48 horas após a detenção para conhecer as medidas de coação.
observador.pt
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