Anti-heróis, por Abril contra a submissão
No Público, com as suas conexões ao capital monopolista, à política de direita e ao anti-comunismo militante, João Miguel Tavares (JMT), sem renegar a génese de copista de enlatados ideológicos de serviço aos grandes interesses, é agora, no lugar de Pulido Valente e no «Governo Sombra» da TSF, um actor com novas tarefas na «guerra psicológica» total da direita retrógrada pela submissão do País.
Nestes dias, nas suas crónicas «o respeitinho é muito bonito» – um nome corrosivo e filo-fascistóide –, JMT escreveu dois textos de síntese do pensamento revanchista e da intervenção do PSD/CDS no novo quadro político.
Quinta-feira, JMT enaltecia os seus «heróis», os que em 4 de Outubro, de entre os «pelo menos 6 milhões» que «beneficiam de transferências directas do Estado» – trabalhadores, pensionistas, desempregados, beneficiários do RSI –, pelo menos 1,2 milhões «preferiram abster-se ou votar na direita», «contra o seu interesse próprio», «em nome do interesse do país».
Fica claro que a maioria de «parasitas do Estado» identifica os interesses dos trabalhadores e do povo com os interesses do País, em vez de, como faz JMT, identificar o interesse pátrio com a conta offshore dos senhores do capital supranacional e com o desígnio de concentrar riqueza e subjugar o País.
Uma questão de «valores». Porque raio os anti-heróis que «votam à esquerda», como diz JMT, não se resignam ao «sofrimento» e a preterir uma Pátria justa e desenvolvida para outra encarnação?
Terça-feira, JMT escreveu sobre as comemorações do 25 de Abril e a sua frustração, porque a democracia deveria ser apenas «apresentar uma alternativa política», sem conteúdo de «salvação de todo o sistema social e democrático».
E confessa «só não tem "uma postura anti-25 de Abril" quem continuar a fingir». JMT não finge, nem é «politicamente correcto», é como a direita sempre foi – reaccionário e revanchista, sempre à procura do ajuste de contas com o 25 de Abril.
Por isso, contra a direita e a política de direita, contra os ideólogos da exploração e da resignação, contra um presente e um futuro sem justiça nem soberania, é urgente lutar contra a submissão, pelos valores de Abril no futuro de Portugal.
Carlos Gonçalves
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