Na Alemanha, o sistema financeiro nem pergunta de onde vem o dinheiro que lá é depositado. Pelo menos é o que é dito num já conhecido programa investigação no espectro televisivo alemão. Pena que o seu site não tenha as peças traduzidas em inglês. Mas apenas para vocês, e graças à ajuda de um amigo, posso transcrever a peça.
"Boa noite e bem-vindo ao Monitor. Wolfgang Schäuble tem se apresentado há bastante tempo como um lutador sem medo contra a evasão fiscal e os paraísos fiscais. E ainda mais com a divulgação dos chamados Papéis do Panamá. Mas não olhe para o Panamá. Na Alemanha, prevalecem normas semelhantes às do Caribe, pelo menos no que toca ao controlo da lavagem de dinheiro. E também graças ao ministro das Finanças alemão. A praia não está num paraíso fiscal, não está nas Ilhas Virgens ou no Panamá. A praia do paraíso fiscal é a Alemanha. A Alemanha, um estável, rico e forte país europeu. A Alemanha está no topo da lista das piores jurisdições sigilosas. Mesmo à frente das Bahamas e do Panamá. A Alemanha está no 8º lugar.
Markus Meinzer, Tax Justice Network: "A Alemanha desenrola um tapete vermelho aos criminosos, lavadores de dinheiro e cleptocratas de todo o mundo".
Os bancos alemães têm 3 milhões de milhões de euros (trillions) de dinheiro estrangeiro. Déspotas confiam ao país os seus milhares de milhões. Milhares de milhões que produzem fartos lucros aqui. "Alemanha um oásis fiscal - graças à falta de retenção na fonte". Muitos investidores estrangeiros não pagam impostos sobre os juros que obtêm aqui. E a Alemanha também não comunica estas receitas para os países de origem. Uma ajuda para a evasão fiscal?
Markus Meinzer, Tax Justice Network: "O investidor pode esconder estes rendimentos das autoridades do seu país de origem porque a Alemanha apenas reporta 1% dos casos para as autoridades fiscais".
Sven Giegold (B'90 / The Greens), MEP: "E por isso a Alemanha é um atraente paraíso para a riqueza, para pessoas corruptas de países terceiros". Os bancos alemães oferecem o melhor conselho porque oferece as melhores e mais limpas oportunidades para o dinheiro sujo.
Markus Meinzer, Tax Justice Network: "Os bancos alemães podem aceitar fundos vindos do crime, como a evasão fiscal e corrupção, sem os tornarem aqui puníveis". Ou seja, isto quer dizer que podem providenciar apoio quando os cleptocratas estrangeiros estão a roubar os seus países. "De onde vem o dinheiro, a quem pertence verdadeiramente, ninguém pergunta. Tudo graças à falta de controlo". A Alemanha, a terra das ilimitadas oportunidades de investimento. Propriedades, castelos, arte, hotéis. Tudo é perfeito para esconder capital e fazê-lo multiplicar-se sem risco. Porque a supervisão da lavagem de dinheiro não funciona na Alemanha: há poucas pessoas no controlo das leis.
Markus Meinzer, Tax Justice Network: "BaFin não desempenha efectivamente um controlo de lavagem de dinheiro. Isto pode ser visto a partir do facto de raramente serem passadas multas e quandas as passam são ridiculamente baixas". A melhor vantagem para quem quer fugir ao controlo e lavar dinheiro é o seu anonimato. Isto acontece igualmente graças ao governo federal. Porque no paraíso fiscal Alemanha não há transparência. O ministro das Finanças Schauble, o homem que se apresenta como defensor da transparência, manteve a regra em Bruxelas de que qualquer empresa continuará a não ter de tornar público quem está por detrás dela, mantendo-se em secreto os seus nomes.
Markus Meinzer, Tax Justice Network: "Portanto, eu posso actuar como se fosse um investidor num regime offshore porque continuo a não ter de revelar a minha identidade e fazer os meus negócios no sistema financeiro alemão".
O paraíso fiscal Alemanha. Para procurar mais longe quando o lucro pode ser encontrado tão perto?
ladroesdebicicletas.blogspot.pt
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