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terça-feira, 17 de maio de 2011

O secretário-geral do PS acusou hoje o PCP  de cometer erros de análise ao não diferenciar socialistas e PSD, enquanto  o líder comunista considerou que José Sócrates tem "uma forma estranha"  de defender o Estado social. 
 
 
O Estado social e as consequências da aplicação do programa da "troika"  em Portugal foram dois dos temas centrais do debate travado na SIC entre  Jerónimo de Sousa e José Sócrates, numa discussão sem quaisquer pontos de  convergência. 
Na parte inicial do debate, o secretário-geral do PS apontou dois "erros  de análise" ao PCP: em primeiro lugar, por ter contribuído para uma crise  política ao chumbar o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) na Assembleia  da República e assim, através desta "aliança com a direita", satisfazer  a "ânsia de poder" de PSD e CDS; em segundo lugar, por o PCP considerar  que PS e PSD são iguais, contrapondo que os governos socialistas têm defendido  o Estado social em setores como a educação e a saúde, ao contrário do PSD.
Sócrates atacou ainda Jerónimo de Sousa por este alegadamente defender  um programa de nacionalizações de 50 mil milhões de euros (perguntou-lhe  onde ia buscar esse dinheiro), por defender a saída de Portugal do euro  e a reestruturação da dívida externa -- "isso significa calote" e geraria  "falências, desemprego e miséria".
José Sócrates criticou ainda o líder comunista por apresentar um programa  para as eleições de 05 de junho igual ao de 2009, apenas com um aditamento.
"Desculpe, mas isso é uma falta de respeito pelos eleitores. No último  ano e meio aconteceram muitas coisas", disse o secretário-geral do PS.
Jerónimo de Sousa contrapôs que José Sócrates tem "uma forma esquisita"  e "estranha" de alegadamente defender o Estado social em Portugal, apontando  as consequências no plano social dos últimos governos PS, designadamente  as políticas de corte e congelamento de salários e de pensões, enquanto  a banca e o grandes grupos económicos escapam a qualquer austeridade.
Para o secretário-geral do PCP, PS, PSD e CDS têm um programa comum  "no essencial", que é aquele que foi agora "imposto" pela "troika" da Comissão  Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, estando  do mesmo lado nas políticas económica, financeira e nas privatizações.
Jerónimo de Sousa confrontou também o líder socialista com pontos  do programa de Governo de 2009 que não foram concretizados. "José Sócrates afirmava que cada criança que nascesse em Portugal receberia  200 euros, mas o que tivemos foram cortes nos abonos de família", declarou.
Jerónimo de Sousa também desvalorizou a promessa de José Sócrates de  que as pensões mais baixas serão aumentadas, contrapondo que as pensões  de "300 ou de 400 euros por mês vão ser congeladas nos próximos três anos"  e que, com os aumentos de impostos previstos, haverá claramente perda de  poder de compra da camada mais frágil da população portuguesa.
Ao longo do debate, registaram-se algumas interrupções e picardias  entre Jerónimo de Sousa e José Sócrates. 
Um desses momentos aconteceu quando o líder do PS recusou a ideia do  secretário-geral do PCP de tributar as distribuições de dividendos das grandes  empresas com participação estatal (como a PT) em 2010, considerando tratar-se  de uma medida retroativa e que no fundo era "pura demagogia". "Olha quem fala!", ripostou em tom irónico Jerónimo de Sousa.
Logo a seguir, Sócrates comentou que em 2009 o seu Governo deu garantias  aos bancos, o que levou Jerónimo de Sousa a fazer mais um comentário irónico:  "Não tem feito outra coisa".
Sócrates devolveu: "Sabe Jerónimo de Sousa, olhar para a nossa economia  com preconceitos contra os bancos, contra as grandes empresas e contra o  lucro, desculpe mas não posso ter essa perspetiva".
    
Lusa

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