Troika – Hoje não há trocadilhos...
Aí temos, finalmente, o programa eleitoral de Pedro Passos Coelho e do seu PSD, já classificado - e bem! - como «mais do mesmo, para pior». O cenário está a ficar completo. Sobre os programas dos restantes membros do autoproclamado “arco da governabilidade” pouco há a dizer.
Sócrates diz não importa o quê, pois nunca tem a menor intenção de cumprir as promessas eleitorais; logo, pode voltar a prometer tudo o que já antes prometeu e não cumpriu, que mesmo assim, por absurdo que pareça, arrisca-se a voltar a ganhar as eleições, tal é a força da sua máquina de propaganda e embuste.
Paulo Portas tem apenas que agrafar na cara uma “pose de estado”, descer bastante o nível da voz de cana rachada, não agredir ninguém para além do "aceitável"... e mostrar-se disponível para governar com quem quer que lhe estenda a mão.
Voltando a Passos Coelho, para além da violentíssima agressão ao sector público, com aquela norma da entrada de apenas um novo trabalhador, por cada cinco que saírem, medida que a ser aplicada, bastam umas contas simples para descobrir em quanto tempo entrariam em ruptura muitos dos serviços públicos; para além da insistência nas privatizações de tudo o que possa dar algum lucro, mais as restantes cópias da cartilha dos seus neoliberais de serviço, aquilo que retive foi, afinal, que praticamente todas as propostas do PSD vão “de encontro” a alguma coisa, ou alguém. Segundo o orador, umas vão “de encontro” aos mais carenciados”, outras vão “de encontro” aos interesses do país... e nenhuma, que eu tivesse dado conta, vai ao encontro de qualquer ideal ou projecto em que me reveja. Se isto diz pouco sobre a natureza das propostas eleitorais do PDS, pelo menos deixa claro que não basta ser doutor para falar português corretamente. Adiante.
Terminado o trabalho da “troika” estrangeira, ficou cá a “troika” nacional, composta pelos verdadeiros manequins de alfaiate, dispostos a vestir qualquer roupa, a envergar qualquer casaca, a governar com o programa que lhes foi imposto.
Por mais que os elementos da “troika” nacional encenem divergências e apontem o dedo uns aos outros, a verdade é que já têm programa de governo. Mais exatamente, um programa de governo: o mesmo para todos.
Para não ficar de fora exibindo a sua irrelevância, Cavaco Silva veio juntar-se ao grupo, com os seus apelos à união, ao governo abrangente, ao fim das “quezílias” partidárias.
Atendendo a que “troika” é uma carruagem de origem russa, puxada por três alimárias lado a lado... a entrada de Cavaco Silva para o grupo obriga-me a mudar o nome para “quadriga”, que é exatamente a mesma coisa, mas inventada pelos romanos e puxada por quatro alimárias.
Agora poderia ficar aqui a tentar inventar uns trocadilhos novos, envolvendo “troikas”, “quadrigas”, alimárias e o possível futuro governo... mas não estou com disposição. Quanto mais não seja, porque o que lhes queria chamar, na verdade, é “quadrilha”... e isso, francamente, dão dá nenhuma vontade de brincar.
1 comentário:
Gostei!
Enviar um comentário