ALGARVE: PARA ZÉ PATACO E ARMINDO JESUS
TERMINOU MAIS UMA ÉPOCA DA APANHA DA BOA
ALCAGOITA
O Algarve, território de mar e de sol meridionais é, igualmente, região rica em tradições e práticas relacionadas com a terra e a agricultura. Por agora terminou a época da apanha do amendoim, ou alcagoita como aqui é conhecido. Ficam as histórias de Zé Pataco e Armindo de Jesus do Vale Juncal, próximo a Rogil.
A cultura de quatro meses começa em maio, altura em que se semeia o amendoim debulhado e seco. Assim contam os irmãos José João, mais conhecido por Zé Pataco, e Armindo de Jesus do Vale Juncal, de 81 e 85 anos respetivamente. Estes ainda cultivam as suas terras com amendoim para consumo próprio e para venderem no mercado.
Ao passar o Rogil e virando para a praia da Barradinha, podemos ver um pedaço de terra onde as pequenas ramas florescem. Os amendoins não nascem em árvores, no entanto, ao longe as suas ramagens podem ser confundidas com a das plantações de ervilhas. Vingam em solos pobres e arrancam-se da terra como é feito com as cenouras, secando, de seguida, ao sol por cerca de uma semana.
Zé Pataco comenta que “antigamente só se começava a apanhar a 25 de setembro, entre a Feira de Aljezur e a de São Miguel” e que, mesmo atualmente, não é necessário que a rama seque para que a apanha comece. Aqui, respeitam-se as especificidades das terras onde são plantadas as alcagoitas: “as terras é que mandam. Reguei quase pouco demais…aqui fiz 12 dias de rega”.
Hoje em dia a colheita continua a ser feita manualmente. As manhãs e as tardes são passadas a separar cada planta da vagem e depois a dispor as alcagoitas no sítio de secagem.
Todavia, Armindo afirma que “à antiga utilizava-se uma canastra de vime com asas. Colocava-se um pau a atravessar as asas, punha-se uma saca nas pontas e ia-se batendo a rama para fazer cair as alcagoitas para a saca”. Ou seja, o método é ainda tradicional e não muito diferente dos primeiros tempos.
O amendoim é, por nós portugueses, muito apreciado a acompanhar uma cerveja, entre amigos. Não obstante é um produto natural que alia inúmeros benefícios para a saúde, sendo fonte de fibra e energia, ajuda na saciedade, e é rico em ómega-3 o que promove a diminuição da inflamação, protege o coração contra doenças cardíacas e auxilia no funcionamento regular do intestino.
No Algarve, no espaço Mar d´Estorias, em Lagos, vamos encontrar amendoins torrados e manteiga de amendoim de produção local. Produtos tradicionais com sabor e configuração com laivos de modernidade. Tudo pela mão da chefe de cozinha Megan que aproveita para incluir este ingrediente nas suas sobremesas, como é o caso da Alcagoita de Aljezur. Um pitéu que consiste em bombons de amendoim, chocolate e gelado de banana da Madeira.
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