O Governo anunciou que vai integrar a EMEF na CP, uma reivindicação de longa data dos
trabalhadores, que ressalvam ser «positiva» mas que peca por atraso.
Novas admissões só repõem uma pequena parte das saídas.
O ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, anunciou ontem um plano de investimento de 45 milhões de euros que, a ser concretizado, permitirá recuperar o «material circulante encostado» e contratar 187 trabalhadores para CP e a Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF).
O plano de recuperação do serviço ferroviário, aprovado na reunião do Conselho de Ministros, prevê também e reabertura da oficina de Guifões e a integração da EMEF na CP até ao fim deste ano, para «optimização dos recursos e melhor articulação». O objectivo é reparar as cerca de 70 unidades que estão actualmente paradas por falta de material e de trabalhadores para efectuar o trabalho.
Outras medidas previstas passam por assegurar a entrada em vigor do contrato de serviço público de transporte ferroviário de passageiro entre a CP e o Estado, o que permitirá à transportadora pública receber o financiamento necessário para a sua actividade, o qual estava apenas a ser pago aos operadores privados.
Medidas vão no bom sentido mas «não são a resolução de todos os problemas».
Em comunicado, a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN) reagiu ao anúncio das medidas afirmando que, «a serem concretizadas, serão medidas positivas, na inversão do que nos últimos anos tem sido feito de encerramentos, redução de postos de trabalho e destruição do sector [ferroviário], mas que não são a resolução de todos os problemas».
Reafirmando que a EMEF foi separada da CP com o intuito de fomentar uma lógica de privatizações, a Fectrans afirma que a reintegração era «há muito reclamada» por si e pelos trabalhadores, «fundamental para garantir o material circulante necessário e que as oficinas funcionem sob o interesse» de um serviço ferroviário público.
A Fectrans alerta ainda que a admissão de 120 trabalhadores para a CP e de 67 para a EMEF, sendo uma medida positiva, apenas repõe uma pequena parte dos que foram reduzidos neste últimos 15 anos – 1224 na CP e 522 na EMEF.
Nesse sentido, a federação frisa ser necessário continuar a dotar ambas as empresas com os meios adequados, reiterando que a mesma deve ser inserida numa «lógica da dotação da valência de construção, num projecto de dinamização da produção industrial nacional», evitando que o País tenha de recorrer a comboios estrangeiros.
PCP regista avanços mas lamenta anúncio só «em final de mandato»
Por sua vez, em nota de imprensa, os comunistas reagiram afirmando que o pacote anunciado é, no essencial, «medidas que o PCP há muito reclamava, e que, a serem concretizadas, vão em sentido contrário ao rumo que a política de direita tem imposto à ferrovia desde os anos 90».
«Valorizando essas medidas, o PCP não pode deixar de lamentar que o Governo tenha recusado a sua implementação durante os últimos três anos e meio e que, só agora, em final de mandato, em vésperas de eleições e pressionado pelas dificuldades na oferta que as suas opções implicaram, tenha decido dar resposta», lê-se no documento.
Frisando que «são medidas que devem começar a ser implementadas desde já», o PCP lamenta ainda que os 45 milhões de euros anunciados sejam «manifestamente insuficiente para concretizar o plano agora anunciado». Reclama ainda pelo início de um processo de recuperação do sector ferroviário nacional e que a abertura das oficinas não seja circunscrita a Guifões, mas alargada ao Barrreiro e à Amadora.
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