- Manuel Rodrigues
Entrevistado pelo Público, António Saraiva, o «patrão dos patrões», afirma que o «novo PSD devia libertar o Governo da dependência que tem da esquerda». Consideraque o Governo tem estado prisioneiro da esquerda, em particular do PCP, e que isso põe em perigo «reformas estruturais».
Aconselha mesmo o PSD a apoiar mais o Governo para que ele se possa libertar dessa terrível dependência capaz de comprometer as finanças públicas, o empreendedorismo e a confiança dos patrões.
Não podia ser mais claro sobre a actual fase da vida política e sobre os verdadeiros incómodos que lhe causa o facto de, nesta correlação de forças, o PCP conseguir determinar avanços favoráveis aos trabalhadores, ao povo e ao País. E mais, que por causa do PCP não se avance tão depressa quanto queria nas «reformas estruturais» que a Paf (Coligação PSD/CDS) tinha prometido prosseguir e que, se tivesse tido a desejada maioria absoluta, há muito estariam em acelerado andamento.
Faltou-lhe reconhecer, em abono da verdade, que o que recomenda ao PSD é há muito a sua prática corrente: nas questões estruturais, sempre que estejam em causa orientações e ditames da União Europeia e do capital monopolista, o PS pode contar com o apoio do PSD e do CDS.
Talvez, então, a sua preocupação maior tenha a ver com a determinante intervenção do PCP que, com a luta dos trabalhadores e do povo, mesmo perante um Governo que não rompe com as suas opções de fundo, seja capaz de imprimir avanços na defesa, reposição e conquista de direitos obstaculizando as reformas que gostaria de ver feitas.
Não o afirma, é certo, mas deixa implícito um receio bem maior: que o PCP se reforce, que a luta cresça, que mais democratas e patriotas percebam que para resolver os verdadeiros problemas do País há uma ruptura que se mostra inadiável e uma alternativas que urge construir.
O «patrão dos patrões» manifesta-se preocupado com a acção do PCP. E, convenhamos, tem boas razões para isso.
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