Carlos Gonçalves, dirigente comunista avisa o PS que "é preciso uma política a prazo". O PCP demarca-se do BE: "As diferenças estão todos os dias à vista. É uma outra maneira de estar na política"
Ao iniciar o XX Congresso, o PCP tem, pela primeira vez em muitos anos, influência na governação "que é do PS", sublinha Carlos Gonçalves, membro da Comissão Política do partido.
Carlos Gonçalves deixa avisos ao PS
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Em entrevista à TSF, o dirigente comunista considera que tem havido pontos positivos mas deixa um claro aviso ao PS.
"Admito que haja gente no Partido Socialista que ache que isto é um problema de malabarismo e de finta curta. Mas isto não é futebol. Uma finta curta pode resolver uma determinada jogada num determinado momento mas não ganha o campeonato que precisamos de vencer. É evidente que é preciso uma política a prazo."
O dirigente do PCP diz que o fundamental é que o partido cresça
E caso o PS se deixe embalar pelas sondagens que parecem sugerir a possibilidade de uma maioria absoluta, o PCP deita "água na fervura".
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"O que está em causa do ponto de vista do PSD e do CDS é a quebra de convergência do PS e do PCP e a tentativa de retomar a iniciativa política de forma ou a participar num Governo ou de, pelo menos, fazer depender as decisões dos votos da direita. Foi sempre isso que aconteceu no passado".
Para Carlos Gonçalves as diferenças entre PCP e BE estão todos os dias à vista
Por isso, para o PCP o que é fundamental é que o partido cresça".
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O PCP não poupa críticas ao Bloco de Esquerda, apesar de Carlos Gonçalves sublinhar que não quer contribuir para "o capital de vitimização do BE".
"As coisas esclarecem-se por si próprias: estão à vista na Caixa Geral de Depósitos, nas posições sobre o salário mínimo. As diferenças estão todos os dias à vista. É uma outra maneira de estar na política", sublinha Carlos Gonçalves.
O dirigente comunista não deixa de reconhecer "que há contributos, também era melhor!", ironiza, e sublinha o "peso do PCP na vida social, a ligação profunda com as populações e a solidez das propostas".
"Não defendemos uma proposta de aumento para as pensões à segunda, outra à terça, outra à quarta, ao sabor do peso da influência mediática. Nós temos uma proposta".
No momento em que o XX Congresso do PCP se prepara para renovar o mandato da atual direção, liderada por Jerónimo de Sousa, está para já afastado o cenário de um secretário-geral adjunto, como ocorreu quando Álvaro Cunhal teve como adjunto Carlos Carvalhas que viria depois a tornar-se líder dos comunistas.
"O secretário-geral antes de 1992 era o camarada Álvaro Cunhal. Isso tinha o peso histórico que tinha e levou a direção a considerar soluções dessa forma. Hoje a situação é diferente, não se coloca a necessidade de transições ou de assegurar transições em relação ao futuro. Não é um problema que se esteja neste momento a colocar".
Questionado sobre se esta direção é para durar quatro anos, Carlos Gonçalves responde que "aquilo que o Comité Central (CC) decidir é para os próximos quatro anos. Mas o CC é soberano e pode ser preciso, por alguma razão, fazer alterações".
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